A investigação policial que apura a morte da agricultora Thamires Lorençoni no último dia 30, em Vargem Alta, segue sem um desfecho. Na quinta-feira (12), Sula e Flávia Almeida, mãe e filha que estão presas por suspeita de envolvimento no caso, prestaram depoimento e confessaram ter contratado pistoleiros, mas apenas para "dar um susto" na agricultora. Flávia disse ainda que tinha um caso com o marido da vítima, Gedson Batista.
Para a reportagem de A Gazeta, porém, a sogra de Thamires, Rosa Batista, negou qualquer envolvimento do filho com a suspeita. Ela questionou ainda a versão apresentada por mãe e filha.
"Quem contrata pistoleiro para dar só susto?", questionou a mãe do marido da vítima, que continuou: "Essa história tá muito mal contada. Para a gente é conversa fiada, uma mentira, porque se contrataram pistoleiro queriam era matar ela mesmo".
A mãe refutou a versão de que apresentada por Flávia de que ela teria algum caso com Gedson. Segundo Rosa, trata-se de uma "calúnia" e uma "informação para disfarçar o crime".
Dona Rosa disse ainda que o filho está sofrendo muito desde a morte da esposa. "Ele está muito atordoado com tudo isso, não está dormindo, mal está comendo. Está muito arrasado".
Segundo o advogado de defesa de Sula e Flávia, José Carlos Silva, acompanhou o depoimento de mãe e filha prestado na quinta. Ele narrou para A Gazeta que Flávia havia confirmado ao delegado Rafael Amaral, que conduz as investigações, que tinha um relacionamento com o marido de Thamires mesmo ele estando casado.
Ela fala que ele queria que fosse escondido e que ele dava esperança de separar da Thamires e assumir o relacionamento com ela. Ela falou que ele a ameaçava e, na hora que ele quisesse, ela tinha que aparecer", diz o advogado.
Mãe e filha contaram que pagaram R$ 1.500,00 para que criminosos assustassem a Thamires. O objetivo, segundo o advogado, era que ela entendesse que estava gerando problemas, devido ao sofrimento da Flavia, que tinha um relacionamento escondido com o marido de Thamires.
No depoimento, elas disseram que em nenhum momento falaram em matar ninguém e que a ideia surgiu em função do sofrimento da Flavia, que vinha sendo ameaçada pela Thamires e pelo marido. A Flavia conta, inclusive, que ele, recentemente, fez ela passar uma vergonha, a desmoralizando na frente de todo mundo, em um bar em Vila Maria. Também falou que, por duas ou três vezes, a Thamires jogou a moto em cima dela, lá em Vila Maria, relatou o advogado.
Sula e Flávia estão detidas desde o dia 5 em um presídio em Cachoeiro de Itapemirim, mas em celas diferentes. Até sexta-feira (14), os psitoleiros ainda não tinham sido localizados pela polícia. A reportagem tentou contato com o delegado Rafael Amaral, mas não teve sucesso.
O crime aconteceu no último dia 30 de novembro. A vítima e o marido estavam em um caminhão, voltando para Santana, zona rural de Vargem Alta, onde moravam, quando um carro os interceptou na estrada.
Imagens da câmera de videomonitoramento de um estabelecimento às margens da rodovia ES 164, que liga Cachoeiro de Itapemirim a Vargem Alta, mostram um carro branco, em que estavam os executores, entrando, às 14h29min25s, na frente do caminhão que era dirigido pelo marido de Thamires.
A versão inicial era de que ela teria sido morta durante uma tentativa de assalto. No entanto, o caso passou a ser tratado como homicídio pela Polícia Civil. As imagens enfraquecem a versão de que Thamires teria sido morta por ter corrido ao ver os criminosos, já que os executores avançaram em direção a ela. O vídeo será anexado ao inquérito.
Nas imagens é possível ver quando o caminhão desce alguns metros na ladeira e um homem aparece correndo, sete segundos depois do início da ação, e vai direto no lado do carona, onde estava a vítima. O comparsa, que tinha ficado no carro, dá a volta e se direciona para a parte de trás do caminhão.
Em seguida, o marido da vítima sai do caminhão às 14h29min59s e corre na direção contrária dos criminosos. Ele volta 17 segundos depois, vai até o lado do carona e começa a sinalizar para outros motoristas que passavam pela rodovia, pedindo socorro. Thamires foi socorrida e levada para um hospital da região, mas não resistiu e morreu.
Procurada, a Polícia Civil informou que a investigação continua em andamento na Delegacia de Polícia de Vargem Alta. O prazo legal previsto para conclusão do inquérito policial é de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30 dias. "Este inquérito policial será concluído no prazo legal", garantiu. Inicialmente, o delegado havia afirmado o inquérito deveria ser concluído nesta semana.
Como diligências e oitivas estão em andamento, a Polícia disse não ser possível passar nenhum detalhe neste momento, pois qualquer divulgação precoce poderia interferir no andamento das investigações.
A Polícia ainda orientou: "O Disque-Denúncia 181 é a melhor forma da população auxiliar a polícia com informações que levem à prisão de criminosos ou pelo disquedenuncia181.es.gov.br, onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas. O anonimato é garantido e todas as informações são investigadas. "
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