O canudo do curso de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo. Este foi um dos poucos objetos que restaram da casa da advogada Carla Magnago, 28 anos, após a destruição provocada pela chuva que atingiu o município de Alfredo Chaves, no dia 17 de janeiro. O imóvel foi tomado pela água barrenta, que quase ultrapassou a marca da porta.
Com o canudo em mãos, Carla postou uma foto nas redes sociais. No post, que viralizou, a advogada desabafou, em tom de revolta, sobre a dor de ver a cidade natal sendo destruída pela "maior enchente da história do município", fruto da ganância do homem.
"Em poucos anos a natureza que vem sendo pisoteada pelo nosso município levará a nossa cidade do mapa. A natureza cobra. Aí ficarão meia dúzia de herdeiros construindo prédios pra ninguém morar, porque até lá terão matado todo mundo. Comam dinheiro e bebam lama, vocês venceram", diz Carla na publicação. Confira o post completo abaixo:
Carla nasceu e cresceu em Alfredo Chaves, cidade onde os pais ainda moram. Atualmente, ela mora em Vitória, onde trabalha como advogada. Na hora da chuva ela era informada, por telefone, sobre o cenário de destruição. Uma cena que ela jamais imaginava encontrar quando chegou no município, no dia seguinte.
Para a advogada, destruições como as que aconteceram no Sul do Estado podem ser minimizadas se houver mais responsabilidade e fiscalização na ocupação de cidades.
"Eu sei que a força da natureza é incontrolável, mas a ação humana vem contribuindo para esta destruição. Dez anos atrás, isso não teria acontecido. Mas começaram a destruir a vegetação, a fazer aterros, loteamentos, construir prédio em cima de prédio e essa foi a consequência. A gente precisa pensar no futuro e o que fazer para minimizar esses efeitos, porque senão vai acontecer de novo", finalizou.
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