Era para ser uma temporada de diversão durante as férias no Espírito Santo, mas a viagem da pequena Lara Thayte Ribeiro de Oliveira, de 9 anos, terminou em tragédia. Ela morreu após um acidente na Rodovia das Paneleiras, em Vitória, apenas dois dias após chegar ao Estado para visitar o pai e a família paterna. O motorista envolvido na batida foi liberado pela polícia.
Conforme boletim de ocorrência recebido pela mãe de Lara, a universitária e analista de rede Patrícia Cássia Ribeiro dos Santos, 37 anos, pai e a filha seguiam de moto no sentido Vitória-Serra, quando foram atingidos por um Onix branco, conduzido por um motorista de 33 anos. No asfalto, uma marca de freada de 52 metros entre a faixa do meio e a da direita, na qual estava jogada a motocicleta.
No local, o motorista foi submetido ao teste do bafômetro, que deu negativo e, então, liberado. O pai foi levado para o Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, e Lara para o Hospital Infantil de Vitória, ao qual a menina já chegou em estado grave e não resistiu.
Numa conversa entrecortada por choro e declarações de amor, Patrícia refaz em mente tudo o que aconteceu nos dias que antecederam a viagem. As duas moravam em Fortaleza, no Ceará, desde que a analista se separou. Lara havia pedido para a mãe levá-la para visitar o pai nas férias. Ela juntou dinheiro e comprou as passagens aéreas, com previsão de retorno para casa apenas no dia 28 de julho.
Mãe e filha desembarcaram em Vitória no domingo (7) pela manhã. Foram recebidas pelo pai de Lara e levadas para a casa da família, em Cariacica. Eles almoçaram por lá e Patricia ficou apenas até o início da tarde porque iria embarcar, desta vez de ônibus, para São Paulo, onde fica a sede da empresa em que trabalha. Ela voltaria para Vitória no final do mês para buscar a filha e retornarem juntas a Fortaleza.
"Quando me deixaram na rodoviária, eu falei: 'Se cuida e se comporta'. E ela me respondeu: 'Relaxa, mãe, que eu estou bem'. E vi ela indo embora com o pai", recorda. Naquele domingo à noite, Lara, que é de família evangélica, foi à igreja e cantou com outras crianças.
Patrícia, que se diz 'pegajosa', havia prometido a filha não ficar mandando mensagem ou ligando para deixá-la à vontade na temporada no Espírito Santo. Assim, na segunda-feira (8), as duas não chegaram a conversar. Ao longo do dia, a menina passeou com o pai. Poucas horas antes do acidente, foram ao cinema e Lara escolheu o próprio lanche em um totem do shopping. Foi de lá que saíram e foram atingidos pelo carro. O documento sobre o acidente marca que a colisão ocorreu às 23h54.
No início da madrugada da terça (9), já dormindo, Patricia recebeu uma ligação informando sobre o acidente. "Quando o telefone tocou, já levantei desesperada e fiquei perguntando: 'O que aconteceu com a Lara, o que aconteceu com minha filha?' Naquele momento, disseram só que ela estava no hospital".
A mãe conseguiu pegar um voo ainda na madrugada e chegou em Vitória pela manhã. No aeroporto, recebeu a notícia da morte da Lara.
Não bastasse a dor da perda, Patrícia precisou cuidar de toda a burocracia para liberação do corpo da filha porque o ex-companheiro permanecia no hospital, do qual só recebeu alta na quarta (10), segundo ela, para o sepultamento de Lara, realizado em um cemitério de Cariacica.
Indignada com as circunstâncias do acidente, Patrícia espera que a justiça seja feita por sua filha. Pelas informações que recebeu de testemunhas do acidente, o motorista do carro dirigia em alta velocidade e "costurando" na rodovia, o que teria levado à colisão.
"Eu só quero justiça! Ela era tão doce, tão amável. Era tudo o que eu tinha! Sei que nada vai trazer minha filha de volta, mas esse motorista não pode ficar impune depois de matar a minha filha. Estamos todos devastados", desabafa Patrícia.
A Polícia Militar foi procurada para mais informações sobre o caso, mas não retornou até a publicação da reportagem. Já a Polícia Civil informa que o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (DDT) e não há detalhes que possam ser repassados, no momento. O nome do motorista envolvido no acidente fatal não foi divulgado.
O pai também foi procurado, mas, em resposta à mensagem se tinha condições de falar sobre o assunto, disse "não". Por essa razão, a reportagem optou por não identificá-lo no texto.
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