> >
Familiares protestam contra morte de jovem baleada em carro na Serra

Familiares protestam contra morte de jovem baleada em carro na Serra

Carolayne Nascimento Barcelos, de 25 anos, foi assassinada por não conseguir abaixar o vidro do carro em que estava, na madrugada de sábado (28)

Publicado em 30 de outubro de 2023 às 08:45- Atualizado há um ano

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Júlia Afonso
Repórter / [email protected]

Familiares e amigos de Carolayne Nascimento Barcelos, de 25 anos, organizaram um protesto na manhã desta segunda-feira (30) pedindo justiça pela morte da jovem. Eles fecharam a BR 101, na altura de Divinópolis, na Serra, e também a entrada do bairro por volta das 6h. O trânsito ficou complicado na região. A moça foi assassinada a tiros na madrugada de sábado (28), na frente da casa do pai, porque não teria conseguido abaixar o vidro do carro a mando de criminosos.

O repórter Diony Silva, da TV Gazeta, foi até o local para acompanhar o protesto. Os manifestantes estavam fechando a BR 101 e abrindo de cinco em cinco minutos, o que complicou o trânsito. O motorista já sentia o engarrafamento desde Serra Sede, no sentido Norte. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), às 7h50 o grupo liberou a BR 101, mas continuou concentrado às margens da rodovia. 

Já o acesso ao bairro Divinópolis continuava fechado, às 8h15, com pneus e uma corda. Ônibus não conseguiram entrar na região, por exemplo. 

A mãe de Carolayne conversou ao vivo com a TV Gazeta. Muito abalada, ela cobrou investigações do caso. "O protesto é por justiça por Carolayne, que foi assassinada brutalmente. Carolayne trabalhava no bairro há mais de dois anos, ela entrava e saía do bairro no mesmo carro, era conhecida. Colocaram na delegacia de feminicídio. Feminicídio por quê? Ou foi assassinato, crime de mando? O que aconteceu? Eu quero uma resposta da Justiça pela minha filha, quero investigação rigorosa desse caso.  Eu não vou deixar impune, vou correr atrás, vou buscar os meus direitos por ela, porque voltar ela não vai voltar nunca mais", declarou Josefa. 

Ela ainda falou sobre a falta de segurança em Divinópolis: "Eu quero resposta não só por mim, mas pela sociedade, de um bairro que não tem direito de colocar uma câmera, se botar monitoramento eles mandam arrancar e a polícia não faz nada? Cadê? Está entregue à bandidagem".

Em entrevista ao vivo no Bom Dia ES, Josefa afirmou que a filha tinha comentado que estava sendo ameaçada. "Não fui ouvida pela polícia, e minha filha estava sendo ameaçada pela própria irmã dela. A irmã dela foi no comércio com seis moças dentro do carro e ela foi com um cara que o próprio pai ficou vigiando. E ela disse para mim: 'mãe, se eu for assassinada, foi mandado, você pode ter certeza'. Não deu 15 dias ela morreu. Agora quero uma resposta, doa a quem doer", declarou.

A reportagem questionou a Polícia Civil se a hipótese de ameaça e crime de mando está sendo investigada, e se a mãe vai ser ouvida. Em nota, a corporação respondeu apenas que "o caso segue sob investigação da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM). É importante esclarecer que a Divisão de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM) é a unidade da Polícia Civil responsável por investigar todos os homicídios e tentativas de homicídios contra mulheres cometidos na Grande Vitória. Ou seja, investiga feminicídios e também homicídios com outras motivações".

A PC disse ainda que "o crime ocorreu na madrugada de sábado e, imediatamente, a equipe do plantão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP) iniciou as diligências, que hoje prosseguem em andamento na DHPM. Os detalhes não são divulgados nesta fase do procedimento pois é necessário preservar a investigação".

Sobre a insegurança no bairro, a Polícia Militar disse que "o bairro Divinópolis é atendido pela 4ª Companhia do 6º Batalhão. A região é atendida por viaturas que realizam o patrulhamento ostensivo 24h e equipes que fazem cercos táticos, visitas tranquilizadoras aos comércios e abordagens. A 4ª Cia do 6º BPM se coloca à disposição da comunidade para debater sobre segurança na região".

Já a Guarda Municipal informou que "realiza patrulhamento preventivo e rondas ostensivas diariamente, das 7 às 22h, em diversas regiões do município, além de dar apoio às demais forças de segurança. Essas ações preventivas são orientadas pelo mapa do crime, conforme os dados registrados em boletins de ocorrência.

A Secretaria de Defesa Social (Sedes) comunica que, na tarde desta segunda-feira (30), o secretário Joel Lyrio receberá a família da jovem para tratar sobre instalações de câmeras de videomonitoramento no bairro". 

Por fim, a Sedes reforçou a importância dos moradores registrarem boletins de ocorrência "para que seja efetivado um trabalho direcionado para a região e orienta que as informações podem ser ainda repassadas pelo telefone da Central de Videomonitoramento da GCM, pelo número (27) 3252-3711, e pelo canal de Disque Denúncia da Secretaria de Estado de Segurança Pública, o 181".

O crime

Carolayne Nascimento Barcelos, jovem morta a tiros na Serra
Carolayne Nascimento Barcelos, jovem morta a tiros na Serra. (Redes Sociais)

A repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, apurou com a família de Carolayne que ela havia ido a uma festa na região. Antes de seguir para casa, no bairro Macafé, região de Serra Sede, a jovem decidiu dar carona a um adolescente de 17 anos que morava nas proximidades.

Moradores relataram que, ao virar uma esquina, o carro foi cercado por criminosos armados, que mandaram a jovem abaixar os vidros. Segundo a família, os vidros elétricos do veículo já estavam com defeito e não funcionavam, o que pode ter dificultado Carolayne de cumprir a ordem dos bandidos. Ela foi baleada diversas vezes, principalmente no rosto. O adolescente não ficou ferido.

O crime aconteceu bem em frente à casa em que o pai e a madrasta de Carolayne moram, em Divinópolis. O carro teria perdido a direção após os disparos, prendendo a saída do portão do casal.

Jovem foi baleada dentro de carro por não conseguir abaixar vidro na Serra
Jovem foi baleada dentro de carro por não conseguir abaixar vidro na Serra. (Deyvison Reis)

Segundo a família, depois de vários minutos, o pai conseguiu sair, usando a porta de outro comércio do qual também é dono. Somente então se deu conta de que a vítima era a própria filha.

Ela foi socorrida de carro pelo pai e levada até a Unidade de Pronto Atendimento de Serra Sede, onde os médicos constataram o óbito. A Polícia Civil disse que o caso segue sob investigação da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM). "Até o momento, nenhum suspeito foi detido e detalhes da investigação não serão divulgados, por enquanto", completou a corporação.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais