Um levantamento da Polícia Civil do Espírito Santo, divulgado na tarde desta quinta-feira (23), apontou que dos 231 casos de pessoas que morreram em acidentes de trânsito, analisados no primeiro semestre deste ano por meio do Laboratório de Toxicologia Forense, 42% estavam sob efeito de álcool ou drogas como cocaína, anfetamina e/ou maconha — o que corresponde a 97 pessoas. O resultado do estudo foi apresentado na Semana Nacional de Trânsito 2021, que tem o objetivo de incentivar e promover junto à sociedade um trânsito mais seguro.
Os dados confirmam o que é óbvio: a combinação de álcool ou drogas e direção não funciona, levando muitas vezes a acidentes fatais. Já em 2020, dos 635 casos analisados pelo laboratório, quase 48% estavam sob efeito de pelo menos uma das substâncias citadas — o que corresponde a 304 pessoas. A polícia destacou, no entanto, que essas mortes não incluem somente motoristas, mas também caronas ou pessoas atropeladas. Ou seja, não é possível dizer que todas provocaram os acidentes.
A maior parte das vítimas estava alcoolizada. Em todo o ano passado, apenas 49 estavam sob efeito de drogas. Já neste ano, nos primeiros seis meses, foram constatadas seis pessoas sob efeito de entorpecentes.
A combinação entre álcool e drogas, segundo a Polícia Civil, foi responsável por 56 casos das mortes no trânsito em 2020 e 27 somente no primeiro semestre de 2021.
Segundo o delegado titular da Divisão Especializada de Delitos de Trânsito (DDT), Maurício Gonçalves, a legislação de trânsito surgiu em 1997 e trouxe mais rigidez ao tratamento dos crimes nessa esfera. "Naquele ano foi inaugurado o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Antes disso, os acidentes eram tratados pelo Código Penal. Se for avaliado desde então, houve um avanço, já que a pena de homicídio culposo do Código Penal tem uma pena menor do que a do CTB. Fazendo uma análise de todas as alterações, houve um endurecimento da lei, mesmo havendo ainda um caminho longo a ser traçado", afirmou.
Apesar de as penas serem maiores, o delegado afirmou que a grande questão é a educação das pessoas. "As pessoas têm plena consciência de que o uso de substância ilícita vai alterar o comportamento e ainda assim querem usar, em detrimento à segurança no trânsito e à vida. Podemos aumentar a pena, mas se as pessoas não tiverem consciência de que a integridade é mais importante que a satisfação momentânea, não adianta a pena", esclareceu.
De acordo com a perita toxicológica Mariana Peres, álcool, maconha, cocaína e anfetamina resultam em efeitos diferentes no organismo.
Para a especialista, a quantidade de álcool ou drogas ingeridas pelos condutores que morrem em acidentes é indiferente, já que, mesmo em pequenas porções, as substâncias podem causar efeitos que levam à perda do controle da direção.
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