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Vale
A redução da quantidade de dióxido de carbono (CO 2e) passa também pela mudança da matriz energética. Segundo a International Energy Agency (IEA), instituição ligada à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), petróleo e derivados correspondem a 31,5% da matriz energética do mundo, seguido do carvão mineral (26,9%).
O que ambos têm em comum é que são matrizes energéticas não renováveis e que contribuem para o aumento do CO2 na camada de ozônio, promovendo, assim, o efeito estufa e as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. Por isso, é imprescindível que o poder público e empresas busquem alternativas, adotando energia limpa e renovável, para reduzir as emissões e, dessa forma, evitar que a temperatura mundial continue aumentando.
Para a engenheira de Telecomunicações e diretora da Associação Brasileira de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei), Aline Santos, a adoção de novas matrizes energéticas passa, principalmente, pelo exemplo dado por empresas de grande porte. “Elas têm impulsionado a população em geral, com propagação dessas novas tecnologias pela mídia, até que se tornem acessíveis a todos. Empresas que adotam energias limpas influenciam positivamente a sociedade”, observa.
No âmbito dessa corrida pela sustentabilidade, a Vale vem realizando medidas de impacto, tanto na preservação e recuperação de florestas, importantes para o equilíbrio da emissão dos gases prejudiciais para o meio ambiente, quanto na adoção de novas tecnologias que permitam o uso de matrizes energéticas de fontes limpas e renováveis, como a eletricidade e o vento. No ano passado, a empresa anunciou que pretende se tornar carbono neutra até 2050.
Atualmente, a Vale possui, em fase de testes, a primeira locomotiva elétrica a bateria da mineração brasileira, que começou a operar em 2020, na Unidade Tubarão, em Vitória. Ela faz parte do programa PowerShift, criado pela empresa, que visa substituir sua matriz energética por fontes limpas. Além de cortar as emissões de gases de efeito estufa pela substituição de diesel por eletricidade, o equipamento também diminuirá ruídos.
Outra ação em curso, também na Unidade Tubarão, é o projeto piloto com dois ônibus 100% elétricos no transporte de empregados. Com autonomia para percorrer 300 km e um tempo de recarga de quatro horas, os dois veículos vão passar por avaliação de performance e viabilidade durante o ano.
A empresa também realizou a troca da gasolina por etanol em toda a sua frota de veículos leves. Hoje, cerca de 2,5 mil automóveis flex atendem às operações da mineradora no país. Ao priorizar etanol, um combustível renovável, a empresa estima que poderá reduzir em até 99% suas emissões de CO 2e com essa frota.
O etanol tem suas emissões neutralizadas quase na sua totalidade ainda no plantio da cana-de-açúcar. Até o fim desta década, a mineradora vai investir até US$ 6 bilhões em projetos como esses para reduzir suas emissões.
As ações para que a Vale se torne carbono neutra não se resumem apenas à terra. No mar também tem novidade, como o primeiro mineraleiro do mundo equipado com velas rotativas que passa a integrar a frota de navios da Vale. O Very Large Ore Carrier (VLOC) é um Guaibamax, de 325 mil toneladas de capacidade.
São cinco velas instaladas ao longo da embarcação que permitirão um ganho de eficiência de até 8%, afirma a empresa, e, por sua vez, uma redução de até 3,4 mil toneladas de CO2 equivalente por navio por ano. Caso o piloto se mostre eficiente, estima-se que pelo menos 40% da frota esteja apta a usar a tecnologia, o que impactaria em uma redução de quase 1,5% das emissões anuais do transporte marítimo de minério de ferro da Vale.
As velas rotativas são rotores cilíndricos, com quatro metros de diâmetro e 24 metros de altura - equivalente a um prédio de sete andares. Durante a operação, os rotores giram em diferentes velocidades, dependendo de condições ambientais e operacionais do navio, para criar uma diferença de pressão de forma a mover o navio para a frente, a partir de um fenômeno conhecido como efeito Magnus.
“Nossa equipe de engenharia naval tem estudos sobre o uso da tecnologia de propulsão a vento para nosso negócio desde 2016. Com o programa Ecoshipping desenvolvemos diversas parcerias de cooperação com o ITV (Instituto Tecnológico Vale), universidades e laboratórios no Brasil e Europa. Para este projeto, o objetivo era avaliar as melhores condições de operação das velas rotativas em nossa frota contratada, e também validar os ganhos dessa tecnologia em termos de redução do consumo de combustível e emissão de CO2”, explica o gerente de engenharia naval da Vale, Rodrigo Bermelho.
As velas reclinam para permitir a operação do carregador de navio, fazendo com que, dessa forma, não haja qualquer interferência no carregamento. A tecnologia existe desde o século XIX, mas foi retomada com maior eficiência a partir da década de 1980. Entretanto, só nos últimos anos passou a ser usada em navios de grande porte, como os de passageiros, cargueiros e petroleiros.
O navio escolhido estava na fila para ser construído e o tempo entre projeto detalhado até a fabricação e instalação do equipamento foi de um ano. Além dos testes em laboratório e análises numéricas, os técnicos estudaram a incidência de ventos na rota Brasil-China. “Percebemos que temos uma vantagem competitiva em relação aos nossos concorrentes: a rota Brasil-Ásia tem em média mais vento que a da Austrália-Ásia”, completa Bermelho.
No ano passado, a Vale anunciou um investimento de até US$ 6 bilhões para reduzir em 33% suas emissões de escopos 1 e 2 até 2030. Anunciou ainda que irá reduzir em 15% as emissões de escopo 3 até 2035, relativas à cadeia de valor.
O programa Ecoshipping foi criado pela área de navegação da Vale para atender ao desafio da empresa de reduzir suas emissões de carbono, em linha com o que vem sendo discutido no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês).
A Vale terá em funcionamento o primeiro navio Guiabamax com air lubrication instalado. A tecnologia cria um carpete de bolhas de ar na parte de baixo do navio, permitindo reduzir o atrito da água com o casco. Expectativas conservadoras apontam para uma redução de combustível em torno de 5 a 8%, com potencial de redução de 4,4% das emissões anuais do transporte marítimo de minério de ferro da Vale.
A Vale vem se preparando para a adoção de combustíveis alternativos. Dezenas de VLOCs de segunda geração já em operação foram projetados para futura instalação de sistema de gás natural liquefeito (GNL), incluindo um compartimento sob o convés para receber um tanque com capacidade para toda a viagem. O programa Ecoshipping está desenvolvendo um tanque multi-combustível, capaz de armazenar e consumir também metanol e amônia. Com isso, a redução de emissões pode variar entre 40% a 80% quando movidas a metanol e amônia, ou em até 23% no caso do GNL.
Desde 2018, a empresa opera com Valemaxes de segunda geração e, desde 2019, com os Guaibamaxes, com capacidades de 400 mil toneladas e 325 mil toneladas, respectivamente. Essas embarcações estão entre as mais eficientes do mundo e conseguem reduzir em até 41% as emissões de CO 2e equivalente se comparadas com as de um navio capesize, de 180 mil toneladas, construído em 2011.
Recentemente, a Vale anunciou o primeiro mineraleiro do mundo equipado com velas rotativas (rotor sails). São cinco velas distribuídas ao longo da embarcação que permitem um ganho de eficiência de até 8% e uma consequente redução de até 3,4 mil toneladas de CO2e equivalente por navio por ano. Caso o piloto mostre-se eficiente, estima-se que pelo menos 40% da frota esteja apta a usar a tecnologia, o que impactaria em uma redução de quase 1,5% das emissões anuais do transporte marítimo de minério de ferro da Vale.
O programa PowerShift tem como propósito viabilizar a transformação da Vale como mineradora líder em carbono neutra. Dentre as principais iniciativas do programa se destaca a primeira locomotiva elétrica a bateria do setor no Brasil, que começou a operar em 2020, na Unidade Tubarão, em Vitória.
A vale também iniciou o projeto piloto com dois ônibus 100% elétricos no transporte de empregados. Cada ônibus tem autonomia de 300 km e um tempo de recarga de quatro horas.
A empresa também realizou a troca da gasolina por etanol em toda a sua frota de veículos leves. Hoje, cerca de 2,5 mil automóveis flex atendem às operações da mineradora no país. Ao priorizar etanol, um combustível renovável, a empresa estima que poderá reduzir em até 99% suas emissões de CO2e com essa frota.
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