Estúdio Gazeta
Instituto de Neurocirurgia Capixaba
Ao passar com o carro num buraco na via, pode ocorrer de formar uma bolha no pneu. Essa bolha não vai afetar o funcionamento do carro, não vai danificar a marcha ou o motor. Mas, futuramente, numa curva mais brusca, por exemplo, o pneu pode estourar e causar um acidente. Dá para usar essa mesma analogia com o aneurisma, um problema neurológico que atinge entre 2% e 3% da população.
Aneurisma é uma fragilidade na parede do vaso sanguíneo, no caso, nas artérias cerebrais. O que nem todo mundo sabe é que a grande maioria dos aneurismas não causa sintomas. E eles só serão descobertos quando romperem.
"A artéria é um vaso de alta pressão. O aneurisma é uma pequena bolha na parede da artéria. Quando ela rompe, sai sangue com alta pressão dentro do cérebro. E isso é uma emergência neurológica", explica o neurocirurgião Ulysses Caus Batista, do Instituto de Neurocirurgia Capixaba (INC).
Muita gente pode ter um aneurisma sem saber, portanto. Os muito pequenos, de um ou dois milímetros, dificilmente vão se romper. Porém, também não irão retroceder sozinhos até sumir. Dependendo da área onde estão localizados, diz Batista, podem exigir tratamento imediato ou não.
Já aqueles com tamanho maior, requerem uma intervenção. "Se a pessoa descobre um aneurisma cerebral, por meio de exames de imagem, é como se ganhasse na loteria, pois descobriu uma lesão que, um dia, teria grande chance de romper", aponta o médico.
Descoberto o aneurisma, é preciso que entre em ação o neurocirurgião ou um neurorradiologista intervencionista. Mas ter esse diagnóstico não significa ficar imóvel numa cama.
"A pessoa pode seguir sua vida normalmente, mas deve evitar atividades físicas de alto impacto e intensidade e procurar um especialista o quanto antes para definir a conduta", frisa Ulysses Batista.
Para casos de aneurismas bem pequenos, o especialista pode optar por apenas acompanhar. Há estudos que mostram que o Ácido Acetilssalicílico, o AAS, diminui a inflamação na parede do vaso, reduzindo, assim, a chance de a lesão se romper. Por isso, de acordo com o médico, esse pode ser um tratamento adotado, em princípio.
A boa notícia é que é possível tratar um aneurisma antes que haja uma ruptura. "E não necessariamente será preciso abrir a cabeça do paciente. O tratamento pode ser feito por meio de um cateter, que vai da perna até o cérebro. O paciente vai para casa em até dois dias, sem cicatriz, sem precisar raspar os cabelos", observa Batista.
De acordo com o médico, apenas os aneurismas muito grandes vão dar sinal. "Infelizmente, a grande maioria das pessoas que chegam ao hospital com aneurisma roto não sabiam que tinham essa lesão", afirma.
Pressão alta, diabetes e tabagismo são alguns dos fatores desencadeadores desse rompimento porque, segundo Batista, vão causar alterações inflamatórias na parede do aneurisma.
Aí, os sintomas vêm à tona. Dependendo do local onde ele ocorreu no cérebro e da quantidade de sangue, as sequelas serão praticamente as mesmas de um acidente vascular cerebral (AVC), como perda cognitiva, perda de movimento de braço ou até ficar em coma.
"Se a pessoa tem um aneurisma, ele tem chance de 2%, em média, de romper naquele ano. Quanto maior ele for, maior a chance de se romper. Aneurismas gigantes, com tamanho acima de 25 milímetros, têm 40% de chance de se romper em um ano."
A taxa de mortalidade de um aneurisma roto é bem alta. "Em média, em torno de 70% dos pacientes morrem nos primeiros 30 dias após a ruptura. Dos 30% que vão sobreviver, 15% ficarão com sequelas e os outros 15% não terão sequela nenhuma. Mas o tratamento endovascular dos aneurismas na urgência vem modificando esses números, e para melhor", destaca o neurocirurgião do INC.
O Instituto de Neurocirurgia Capixaba (INC) reúne, desde 2012, os melhores especialistas nas áreas de Neurologia, Neurocirurgia, Psiquiatria e Reumatologia, em 13 unidades, distribuídas em Vitória, Serra, Cariacica e Vila Velha. Mais informações e endereços: www.neurocirurgiacapixaba.com.br ou pelo telefone (27) 3014-8700.
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