É comum se ouvir que a alfabetização é desafiadora, que o terceiro ano do ensino fundamental é difícil, que o sexto traz mudanças significativas e que o ensino médio é determinante para as disputas que envolvem a sonhada vaga na graduação. Todas essas são percepções não necessariamente equivocadas, mas que guardam limitações quando se enxerga a educação básica como um projeto de vida de longo prazo.
De acordo com o diretor pedagógico do Centro Educacional Leonardo Da Vinci, Mário Broetto, os ciclos anuais que envolvem a educação infantil e os ensinos fundamental e médio são apenas divisões que ajudam na organização das escolas, mas que se interpenetram, de acordo com a proposta pedagógica da instituição.
"Os rótulos mudam anualmente, mas uma série é dependente da outra, pois há uma fluidez na construção do conhecimento. Essa evolução, à medida que a criança já tem condição cognitiva, é importante para fazê-la avançar, perdendo, por exemplo, o referencial único de professora do ensino fundamental I, pois a vida adulta não é assim", afirma.
Diante disso, o diretor acredita que não existe um segmento ou um ano mais importante que o outro. O ano seguinte é a continuação do anterior, e a preparação para o que virá depois. O ensino precisa de tempo de maturação para a aprendizagem se efetivar, por isso a educação básica é extensa. Sendo assim, a escolha da escola é também uma decisão que precisa ser tomada com uma visão de longo prazo. Fragmentar esse processo no meio do caminho, às vezes é até necessário, mas, em muitos casos, traz sofrimentos para o aluno de imediato, como uma tristeza ou desmotivação, ou a médio ou longo prazo, com resultados insuficientes de aprovações em testes que as trajetórias estudantil e profissional contemplam, comenta.
Mário ressalta ainda que, enquanto projeto de vida, a parceria escola e família foi e sempre será essencial. Os primeiros educadores são os pais, e isso nunca deve deixar de ser. Contudo, a partir de uma determinada idade da criança, a família encontra limitações para trabalhar todos os campos de conhecimento que existem. Então, há um momento em que em casa não é possível oferecer uma diversidade de aprendizados. O papel da escola é mobilizar recursos para que o aluno realize seu projeto de vida com protagonismo e autonomia, identificando afinidades e trabalhando potencialidades com uma visão ampla de mundo, afirma.
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