Citada 46 vezes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) conjunto de orientações para reelaboração dos currículos das escolas do Brasil , o termo aluno protagonista explica muitas das principais mudanças que começarão a ser implantadas já a partir de 2021 no chamado novo ensino médio.
Na avaliação do diretor-pedagógico do Centro Educacional Leonardo Da Vinci, Mário Broetto, o aluno será trazido para o centro da educação.
Na prática, o currículo do novo ensino médio será dividido em duas partes: uma formação geral básica igual para qualquer escola do Brasil, que terá conteúdos menores em quantidade e profundidade; e os itinerários formativos, que se organizam em quatro eixos estruturantes: Investigação Científica, Processos Criativos, Mediação e Intervenção Sociocultural, e Empreendedorismo.
Ainda de acordo com ele, é nesse ponto que os principais questionamentos podem surgir. São mudanças radicais. Todos nós fomos formados no modelo antigo que priorizava os conteúdos. Éramos obrigados a saber todas as capitais do mundo, por exemplo. Por isso, num primeiro momento, pode até haver a percepção de que a escola está mais fácil. Entendidos os objetivos, as mudanças de paradigmas serão positivas, apesar de desafiadoras, observa.
O primeiro desafio para muitas instituições é o aumento da carga horária, que passa de 800 para mil horas anuais, sendo 60% de formação básica e 40% de itinerários formativos até o final do ensino médio.
Com a missão de organização da carga horária vencida, outras surgem, como o fim da listagem de conteúdos obrigatórios. O principal cuidado, para o diretor, será no sentido de não trabalhar de forma fragmentada. No novo ensino médio, não existem as disciplinas de química, física e biologia, mas de ciências da natureza. Isso pressupõe que elas se entrelacem. Podemos até permanecer com os nomes das matérias originais, mas temos que garantir que elas se comuniquem, que uma enxergue na outra interdisciplinaridade. Não temos no Brasil professores de ciências da natureza, temos de química, física e biologia. Isso exigirá um intenso processo de formação para capacitá-los a aglutinar em prol da integralidade do processo, derrubando qualquer barreira de que uma matéria é mais importante que a outra, comenta.
Fundamentais no processo de educação, os materiais didáticos também vão passar por alterações. Para trabalhar nessa nova perspectiva, adotaremos já em 2021, na 1ª série, apostilas do sistema de ensino que integramos, as do PH. Elas já estão sendo escritas este ano seguindo a lógica do novo ensino médio, aglutinando de forma harmoniosa as ciências, detalha.
Todas essas mudanças culminam com a alteração em 2023 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mário explica que no Da Vinci, em 2021, as turmas da 1ª série serão o primeiro grupo a aderir ao novo ensino médio. Em 2022, também serão contempladas as turmas da 2ª série, e em 2023, todas, já que o Enem 2023 contemplará as mudanças e será dividido em dois para contemplar as duas áreas do novo currículo
Otimista, o diretor vê como positivas as mudanças, mas ressalta que a mobilização é grande e imediata.
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