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Entenda como a Igreja Maranata vive sem pedir dinheiro nos cultos

Entenda como a Igreja Maranata vive sem pedir dinheiro nos cultos

Igreja Cristã Maranata conta com mais de 4 mil pastores e milhares de membros voluntários que fizeram uma escolha pela fé e atuam voluntariamente. Não há recolhimento de ofertas durante os cultos, nem pedido de dinheiro aos membros

Publicado em 27 de fevereiro de 2024 às 19:00

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16ª Seminário Unidos em Família da Maranata
Programação da ICM para famílias. Preparação das lideranças é feita dentro da própria igreja, passando por diversas etapas e mantendo os estudos em seminários rotineiros. (Rodrigo Gavini)
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  • Igreja Cristã Maranata

Desde a sua fundação, há 55 anos, a Igreja Cristã Maranata (ICM) é movida por pastores que servem de forma voluntária. No início, surgiu como opção diante da escassez de recursos financeiros para pagar os pastores, mas o chamado Ministério Leigo, com a preparação de pastores dentro do convívio da igreja para disseminar a fé, tornou-se a base para que não se cobrar ofertas e não receber dinheiro durante os cultos.

A ICM conta com mais de 4 mil pastores e milhares de membros voluntários que fizeram uma escolha pela fé e atuam voluntariamente. Eles atuam em limpeza das igrejas, conservação de jardins e templos, trabalho de socorro de membros  da igreja que estejam precisando de suporte, além do trabalho com crianças feito por professoras e aulas de instrumentos musicais como teclado, bateria, violão e outros.

Esses voluntários exercem o Ministério Leigo, pois não é exigida a formação em Teologia, a qual costuma durar quatro anos. Isso não significa, no entanto, que para se tornar um pastor na Maranata o processo seja rápido. A preparação é feita dentro da própria igreja, ao longo de sua caminhada de fé, passando por diversas etapas e mantendo os estudos em seminários que ocorrem rotineiramente.

O presidente da ICM, pastor Gedelti Gueiros, ressalta que o entendimento da igreja é de que “o ministério não é profissão, mas sim um projeto de fé”, algo que ele considera uma evolução conceitual da remuneração pastoral. Com base nisso e no pensamento de que o dízimo é bíblico, não há recolhimento de ofertas durante os cultos, nem pedido de dinheiro aos membros da igreja.

“Eu sou dizimista porque eu entendi que é bíblico e que aquilo que eu tenho, uma coisa é o espiritual, outra coisa é o material, e não posso misturar uma coisa com a outra. Do lado material, eu fui muito abençoado. Então, o espiritual é tudo o que eu quero”, acrescenta o presidente da ICM e também um dos fundadores da igreja.

Doações do pastor Gedelti, que nunca usou recursos da Igreja

Inclusive, o pastor Gedelti, que nunca utilizou recursos da Igreja para si mesmo ou para viagens, doou a sede da igreja em Vila Velha no ano de 1975. O local era a residência de sua família. No ano seguinte, em 1976, ele fez uma nova doação: o Maanaim de Domingos Martins. O espaço era um sítio de sua propriedade, que posteriormente foi ampliado pela própria ICM.

Pastor Gedelti Gueiros, presidente da ICM, ressalta que o entendimento da igreja é de que “o ministério não é profissão, mas sim um projeto de fé”. (ICM/ Divulgação)

As contribuições feitas à ICM por seus membros que escolhem ser dizimistas de maneira individual são recolhidas a um caixa único e acompanhadas pelo tesoureiro de cada unidade e pelo conselho fiscal. A igreja não aceita contribuições de terceiros que não sejam membros praticantes e também costuma fazer uma avaliação criteriosa das ofertas em bens, como terrenos ou veículos, por exemplo. 

Aliás, o pastor Gedelti utilizava recursos próprios para suas viagens de assistência pelo Brasil e exterior como Estados Unidos, Europa e Rússia. 

Membro da ICM desde 1971 e pastor há 50 anos, o médico Amadeu Loureiro Lopes era ainda um estudante de Medicina quando passou a participar dos cultos. Ele acompanhou o processo de ascensão da igreja e atribuiu à criação do caixa único um dos motivos para a prosperidade da ICM. Para ele, a partir disso foi possível dar condições para que todas as unidades se mantivessem de forma equivalente, com templos muito similares, sem distinção do bairro ou comunidade onde estão localizados.

Mesmo dando ênfase ao sucesso do caixa único para a manutenção das despesas da igreja, o pastor Amadeu, que também é conselheiro da ICM, acredita que “o grande segredo” para a expansão da ICM foi o ministério voluntário, bem como as ações voluntárias nas atividades do templo de maneira geral.

Para o pastor Amadeu, o ministério voluntário contribuiu para a expansão da ICM
Para o pastor Amadeu, o ministério voluntário contribuiu para a expansão da ICM. (Igreja Cristã Maranata/Divulgação)

“No início, isso (Ministério voluntário) foi importante porque nós não tínhamos recursos, nós tivemos no nosso meio pastores que gostaram da igreja, adaptaram-se e se identificaram. Quando nós começamos, não tínhamos recurso e entramos com nosso voluntariado. Quer dizer, esse pessoal nosso todo foi gerado dentro da própria igreja, o nosso aprendizado do ministério foi no dia a dia do trabalho com a igreja”, explica o pastor Amadeu.

Membro do Conselho e pastor, o engenheiro civil Antonio Carlos Oliveira está na ICM há 44 anos e sempre fez trabalhos voluntários. Ele detalha seu entendimento para a atuação como pastor há quatro décadas e como funciona o dízimo.

“Por orientação que veio do Senhor para nós, o ministério não é profissional. Cada um tem a sua profissão, não vivemos da igreja. O nome pastor, para nós, não é título, é função, porque o pastor também vai à igreja para servir a Deus na mesma condição que os demais, só com a função diferente das ovelhas. Dentro da doutrina bíblica, o dízimo é uma oferta que se dá a Deus por fé. Por isso, não tem pedido de dinheiro, não se passa sacolinha nos cultos”, pontua.

Pastor Antonio Carlos Oliveira é engenheiro civil e está na ICM há 44 anos como voluntário
Pastor Antonio Carlos Oliveira é engenheiro civil e está na ICM há 44 anos como voluntário. (ICM/ Divulgação)

O pastor Antonio Carlos acrescenta que aqueles que entendem que o dízimo é bíblico, assim como ele, tornam-se dizimistas procurando o tesoureiro da igreja. Ele comenta que os maiores dizimistas são os pastores e diáconos e, em seu caso, entende que “tudo que eu tenho vem de Deus para mim”.

“Se um visitante quiser fazer uma oferta, não vamos receber. A doação é feita por fé. A oferta está no contexto doutrinário”, enfatiza Antonio Carlos.

Para o pastor Adaiso Fernandes Almeida, que está na ICM há 35 anos e há quase três décadas concilia a atividade de auditor da Receita Estadual com a de pastor, o cerne da questão está em “servir por gratidão”, tanto em relação ao voluntariado como a respeito da contribuição do dízimo.

Pastor Adaiso Fernandes Almeida está na ICM há 35 anos e há quase três décadas concilia as atividades de advogado, contador e auditor da Receita Estadual com as de pastor
Pastor Adaiso Fernandes Almeida está na ICM há 35 anos e concilia a atividade de auditor da Receita Estadual com a de pastor. (ICM/ Divulgação)

“Imagine o seguinte: você tem uma experiência e uma transformação da sua vida. No seu coração, então, servir nessa obra é servir com gratidão. Cada um de nós tem uma história, e quando chegamos diante de um impasse e houve uma transformação, a história foi mudada. Nós atribuímos essa mudança de história a uma operação do Senhor nas nossas vidas e a nossa retribuição é servir ao Senhor, e servir de forma voluntária”, complementa o pastor Adaiso.

Padrão é seguido no Brasil e no exterior

Assim como nos templos localizados em todo o Brasil, a ausência de recolhimento de ofertas durante os cultos também é mantida nos templos estrangeiros. Pastor da ICM na Flórida, nos Estados Unidos, Ronildo Scherrer frisa que o padrão seguido naquele país é o mesmo adotado pela Igreja Maranata no Brasil, sendo lá frequentada por nativos, imigrantes brasileiros e filhos dos imigrantes. 

Pastor Ronildo Scherrer, da Igreja Cristã Maranata na Flórida:  "O dízimo é uma questão de fé, à medida que você conhece o Senhor.". (ICM/ Divulgação)

“O dízimo é uma questão de fé, à medida que você conhece o Senhor. Não fazemos menção nos cultos, mas temos essa prática daquele irmão que entende o momento dele de começar a dizimar, se ele tem a condição de fazer isso, damos a oportunidade de ofertar a Deus, e é assim que a igreja se mantém”, destaca Scherrer.

De acordo com ele, todas as doações recebidas nos Estados Unidos são feitas via banco e a contabilidade do Presbitério da Igreja no país norte-americano.

Todos os pastores da ICM não recebem remuneração e fazem questão de destacar que cada denominação segue a sua própria doutrina e, com isso, não têm intenção de tecer críticas a outras igrejas que fazem arrecadação durante os cultos. O presidente da ICM ainda acrescenta que todas as doações recebidas são feitas via banco e a contabilidade do presbitério fica à disposição dos membros da ICM.

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