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Igreja Cristã Maranata
Vinte quatro horas por dia e sete dias por semana parecem pouco para conciliar vida pessoal e profissional hoje em dia, com tantas demandas e compromissos dos tempos atuais. Imagine, então, como é a jornada de um pastor. Na Igreja Cristã Maranata (ICM), por exemplo, esse trabalho é desempenhado de maneira voluntária. Ou seja, os pastores encontram tempo para manter a dupla ocupação: a vida profissional, na qual exercem uma função "comum"; e a religiosa, cuja atividade é servir o templo de Deus.
Atualmente, a ICM conta com quase 5 mil pastores que trabalham no Ministério de forma voluntária. “É um trabalho intenso que não tem folga. Por isso, o chamamos de vocacional. Nos sentimos gratificados e não queremos nos aposentar como pastor”, conta o pastor Alexandre Brasil.
Outra singularidade é que os pastores não precisam de formação teológica para exercerem a função. É o que os membros chamam de “Ministério Leigo”. Ou seja, o fiel da Maranata pode levar anos para se preparar e, mesmo não sendo formado em Teologia, ainda assim ser convidado para ser pastor.
“A vocação para o Ministério Pastoral vai sendo construída e percebida durante a vida do membro. À medida que a pessoa vai amadurecendo, o rebanho vai percebendo nele as evidências do chamado para o pastoreio”, explica o pastor Diniz Cypreste.
Diniz frequenta a ICM desde 1968, ainda no começo dos trabalhos da Maranata. Ele conta que a mãe se converteu e, por influência familiar, foi praticamente criado em meio a participações ativas nas atividades da igreja. Ao longo dos anos, ele encontrou sua vocação e vontade de servir, atuando como obreiro e diácono até alcançar a posição de pastor, onde está há pelo menos 33 anos.
Hoje, aos 62 anos de idade, é tabelião em Santa Teresa, mas mora e lidera um templo em Vila Velha, uma das maiores matrizes atualmente, com mais de 400 fiéis e três pastores.
“Além do desejo de ter um Ministério, é preciso, acima de tudo, ter vocação. Não é uma profissão, e sim uma verdadeira dedicação da nossa vida de servidão à glória de Deus. E isso não nos faz melhor ou pior do que alguém, somos apenas mais um servo do Senhor”, afirma.
Mesmo sendo um trabalho voluntário e que não exige dedicação integral, não significa que é uma ocupação descompromissada. Os pastores estão presentes na igreja todos os dias e, sob suas gestões, a ICM conta com a responsabilidade e o compromisso de diversos outros voluntários.
A responsabilidade da ICM, dessa forma, é manter a igreja em funcionamento e todas as ações que são feitas em prol social. Mas uma curiosidade da Maranata é que nos cultos não há a pregação do dízimo. Isso porque as contribuições podem ser feitas de maneira voluntária, de acordo com a disponibilidade de cada fiel.
“Isso costuma ser a primeira coisa que as pessoas notam quando vão ao culto. Nós não pregamos dízimo, ainda que entendemos que ele é previsto na Bíblia. O membro que for movido pela fé procura o tesoureiro ou busca informação da conta bancária para fazer depósitos”, salienta.
A ICM costuma investir essas doações em construção de templos em todo o país ou destina verbas para a comunicação, ações evangelísticas, projetos ambientais, socorro aos mais necessitados e vítimas de catástrofes naturais.
De acordo com o pastor Amadeu Loureiro, por ser uma organização sem fins lucrativos, os projetos sociais da ICM têm caráter religioso e social, como educação ecológica com crianças, assistência social, visitas a grupos vulneráveis, como presidiários e enfermos, sempre acompanhada de ações de evangelização.
“Nós atendemos às famílias carentes da Igreja, mas a grande parte do trabalho prestado pela ICM é desenvolvida na Amazônia. Oferecemos vários tipos de atendimentos médicos e distribuímos remédios nas chamadas regiões ribeirinhas”, destaca.
Por outro lado, a Maranata também não critica nem se posiciona contra as outras denominações que adotam outros modelos de financiamento, e os pastores afirmam que os frequentadores que não oferecem dízimos não são coagidos a doar. “Só aceitamos contribuição quando a pessoa já está no meio e teve experiência com Deus na comunidade”, garante ainda o pastor Alexandre.
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