Durante muitos anos, o mundo sustentou suas atividades em um modelo econômico baseado na extração, transformação, consumo e descarte, chamado de economia linear. Mas essa forma de produzir terá que ser repensada. Além de gerar desequilíbrios ambiental, social e econômico, nosso planeta já ultrapassou a capacidade de carga. Portanto, a população mundial vive no vermelho e provoca um déficit ambiental que cresce a cada ano.
A busca por uma solução mais amiga do planeta fez com que surgisse a economia circular, um modelo regenerativo e restaurativo cujo objetivo é produzir, usar, reutilizar, reaproveitar e reciclar produtos, componentes e materiais. Ela funciona como um contraponto à economia linear, em que os resíduos servem como insumos para a produção de novos produtos.
A economia circular está baseada em 4 pilares:
Por meio do Parque de Ecoindústrias de Reciclagem localizado na Rodovia do Contorno, em Cariacica, a Marca Ambiental, maior empresa do Estado no segmento de tratamento de resíduos com 25 anos de mercado, atua em parceria com setores da cadeia produtiva para reciclar resíduos orgânicos e da construção civil, pneus, papéis, óleo vegetal, vidro e escória de siderurgia e óleo mineral para produzir massa asfáltica, triagem de resíduos, e ainda gera energia a partir do biogás captado da decomposição de resíduos dispostos em células de aterro sanitário.
Com esse trabalho, a Marca Ambiental contribui para que estes resíduos retornem ao seu ciclo produtivo, fortalecendo a economia circular.
“Ao criar o Parque de Ecoindústrias focado na reciclagem e valorização de resíduos, a Marca Ambiental desenvolve um modelo de negócio totalmente diferenciado, em que busca trazer resíduos distintos a um novo ciclo de vida e, assim, destiná-los de forma mais nobre. O interessante desse processo é que várias tipologias de resíduo são transformadas em um único local, na CTR Marca”, afirma Mirela Chiapani Souto, gestora de Comunicação da Marca Ambiental.
Ela ainda completa: “A Marca se dedica na busca por fontes alternativas, economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis para que a valorização dos resíduos seja uma possibilidade, garantindo uma utilização mais nobre e promovendo a logística reversa. A inovação está no DNA da nossa empresa e a busca para transformar os resíduos traduz o nosso propósito pela sustentabilidade”.
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 2019 aponta que 76,5% das indústrias desenvolvem iniciativas de economia circular, sendo a otimização de processos (56,5%), o uso de insumos circulares ou provenientes de reparos (37,1%) e a recuperação de recursos (24,1%), como troca de resíduos entre as empresas, as principais práticas.
A adoção do modelo circular em indústrias do Espírito Santo é assunto de interesse do Fórum Capixaba de Economia Circular desde 2019, pois otimiza processos, reduz o desperdício e a quantidade de resíduo produzido e cria novas fontes de receita, através da reinserção de materiais nos processos produtivos.
“A utilização de resíduos, além de ser algo que traz uma pauta positiva para as empresas, abre oportunidades e permite que elas se atentem aos impactos que os seus produtos impõem no planeta, fechando mercados que poderiam estar abertos para elas”, diz Luiz Alberto.
No processo de análise de ciclo de vida de um produto, se ele for extraído diretamente da natureza, até que ele passe por todos os processos de transformação, o consumo energético e os impactos ambientais serão altos. Mas se a matéria-prima utilizada for reciclada, o consumo de energia cai e os danos ao meio ambiente são reduzidos. “Se trouxermos isso para a emissão de CO2 (dióxido de carbono), vamos emitir muito menos”, explica.
Luiz Alberto cita uma proposta que envolve o conceito de economia circular sugerida pelo Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais Cal e Calcários do Estado do Espírito Santo (Sindirochas) que visa a reciclagem do fibro, que são rejeitos de beneficiamento de rochas ornamentais.
O tema vem sendo discutido na Findes em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), Ufes, Ifes e com o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do governo federal para desenvolver uma aplicação que permita que o fibro possa se transformar em matéria-prima e ser reciclado na fabricação de artefato cimentício, cerâmica vermelha, entre outros.
A economia circular é um modelo que serve não apenas para a indústria, mas para outras áreas. Um exemplo é o trabalho que vem sendo realizado pelo Núcleo Camaleão, uma startup capixaba que atua no segmento de Negócios de Impacto Socioambiental, conhecido como o setor 2.5.
Segundo ele, a filosofia da startup é inspirar as pessoas a desenvolver a consciência ambiental e a empreender com sustentabilidade financeira, social e ambiental. “Além disso, oferecemos soluções para empresas, academias e instituições públicas que desejam gerar impacto socioambiental”, completa.
Bruno Navarro já trabalhou na Biomarca, ecoindústria de reciclagem de óleo vegetal que funciona dentro da Marca Ambiental, e disse que o trabalho desenvolvido lá serviu de inspiração para o desenvolvimento da ideia e do negócio em si.
“A Marca Ambiental é uma grande parceira desde quando iniciamos a construção do nosso projeto. Ela atua como nossa mantenedora e também é parceira nas nossas ações de mutirões e campanhas educativas. A partir deste ano, desejamos fomentar novos negócios de impacto socioambiental que fortaleçam o segmento de resíduos”, destaca Bruno Navarro.
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