Marca Ambiental
Um componente presente no lixo está ajudando empresas do Espírito Santo a economizar um bom dinheiro na conta de luz. Trata-se do biogás, rico em metano, que é captado a partir da decomposição da fração orgânica dos resíduos descartados e transformado em energia limpa e renovável.
O projeto integra o Parque de Ecoindústrias de Reciclagem localizado na área da Marca Ambiental, maior empresa do Estado no segmento de tratamento de resíduos com 25 anos de mercado, e é desenvolvido em parceria com a Liberum Energia, por meio da Usina Termelétrica (UTE) a Biogás.
A usina é a primeira do tipo no Espírito Santo e funciona no aterro sanitário da Marca Ambiental, localizada na Rodovia do Contorno, em Cariacica.
Como funciona? A Marca Ambiental recebe o lixo proveniente dos municípios para disposição em células de aterro sanitário. Ao se decompor, esse resíduo gera o chorume, que é a parte líquida, e o biogás, que é a gasosa. Esse gás então é captado pela Liberum, por meio de uma rede de tubulação, e enviado para a planta industrial, onde passa por uma central de tratamento, em que são retiradas impurezas e umidade.
Após o tratamento, o biogás está pronto para ser enviado para os motores, onde a energia é gerada e injetada na rede da concessionária EDP.
Padarias, supermercados, postos de combustível e outros estabelecimentos comerciais já estão se beneficiando da energia limpa, que gera uma economia em torno de 15% na conta de luz. Para que isso seja possível, as empresas utilizam créditos de energia renovável.
Em Vitória, o primeiro prédio a utilizar esse tipo de energia fica no bairro Santa Helena. O feito rendeu uma economia de 13% na conta de energia, cerca de R$ 1 mil a menos na fatura mensal, conforme explica o empresário e síndico Humberto Martins.
Segundo ele, além dos benefícios ambientais, a ideia de economia na conta de luz foi uma das coisas que também o motivou a procurar pela energia limpa.
"É claro que só o fato de saber que estamos contribuindo para o meio ambiente com a utilização de uma energia nobre é algo sensacional. Mais incrível ainda é que isso está alinhado diretamente à economia, o que é algo muito bom para nossas finanças, pois esse dinheiro economizado pode ser direcionado para outros usos do edifício", afirma.
A usina entrou em operação em 2020 e conta com um total de cinco geradores, sendo que três deles estão em funcionamento, gerando energia suficiente para atender às necessidades de cerca de 30 mil pessoas (3 MW de geração de energia).
A capacidade instalada de produção energética estimada é de 5 MW, o que equivale ao abastecimento de uma cidade de 50 mil habitantes. “A usina já está preparada para que esses dois motores entrem em operação. O projeto de expansão está em andamento e deve ser realizado até o início de 2022”, disse Filipe Barone.
Para o diretor da Liberum Energia, o maior ganho da produção de energia a partir do biogás é o ambiental. “O grande lance da geração de energia em aterros sanitários é que o metano do biogás, antes lançado na atmosfera sem um controle rígido, passa a ser canalizado e queimado controladamente, gerando gás carbônico, cerca de 20 vezes menos nocivo ao efeito estufa”, disse.
Na avaliação de Gustavo Ribeiro, diretor da Marca Ambiental, a parceria da empresa com Liberum Energia é inovadora, pois a partir do resíduo é possível ver uma valorização de algo que não era reaproveitado e que hoje é transformado em energia e entregue novamente para o mercado.
“Ao mesmo tempo em que aumenta a carteira energética, essa parceria da Marca Ambiental com a Liberum Energia diversifica com uma fonte de energia limpa, a partir do biogás gerado da decomposição da matéria orgânica no aterro sanitário, contribuindo para o meio ambiente e agregando ao conceito de logística reversa. A usina é pioneira nessa solução no Estado e, tecnologicamente, é inovadora”, destaca.
O estímulo à produção de energia limpa e renovável também está nos planos do governo do Estado.
De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente e vice-presidente do Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas, Fabrício Machado, há um compromisso não apenas da entidade, mas também do governo estadual, no incentivo aos empreendimentos para que adotem tecnologias e estimulem a produção de energia limpa, de menor impacto climático, e que estejam intrinsecamente ligados às diretrizes da Política Estadual de Mudanças Climáticas.
“Em 2019, quando entregamos o Plano Estadual de Resíduos Sólidos, já apontávamos cenários em que o Estado deveria absorver oportunidades que gerassem energia limpa, seja ela baseada em tecnologia fotovoltaica ou de biomassa, e que estivessem ligadas à sustentabilidade ambiental e também comprometidas com o desenvolvimento econômico, de acordo com diversas diretrizes, apontadas no plano, como a utilização racional de energia, ao uso de recursos renováveis, e até reciclagem de materiais com objetivos socioambientais a fim de contribuir para amenizar os efeitos das mudanças climáticas”, destacou Fabrício Machado.
Para o diretor da Marca Ambiental, valorizar e beneficiar resíduos fazem parte do compromisso da empresa de buscar soluções sustentáveis e inovadoras que contribuam para uma cadeia produtiva mais amiga do planeta.
Ele ainda completa: “Em especial nesse caso do biogás, nos dá muita alegria por se tratar de algo inovador e pioneiro. É a primeira usina de geração de energia do gênero do Estado, que detém alta tecnologia e uma solução nobre que é a energia limpa, a partir do lixo que geramos em nossas casas”.
Os sistemas de captura e aproveitamento do biogás em aterros sanitários no Brasil ainda não são uma realidade em todos os Estados. Segundo a plataforma da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Clima, existem atualmente 49 projetos de recuperação de biogás registrados no país.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta