Estúdio Gazeta
Marca Ambiental
Foi-se o tempo em que vidro era considerado lixo. Com a possibilidade de ser 100% reciclado, o produto está em alta e o Espírito Santo aparece na vanguarda, com a presença de uma Ecoindústria especializada em coleta e reciclagem desse material.
Uma parceria entre a Marca Ambiental e a Green Ambiental, a GreenVix, localizada em Cariacica, nasce com a capacidade de receber e processar até 1.500 toneladas de vidro por mês (o que equivale a mais de 4.3 milhões de garrafas de cerveja), além da expectativa de gerar ao menos 320 empregos diretos e indiretos.
O diretor da Marca Ambiental, Gustavo Ribeiro, destaca que a chegada da indústria de reciclagem de vidro se alinha ao planejamento da empresa, que tem como objetivo se tornar a mais completa central de tratamento de resíduos do país até 2023.
“Temos a intenção de ter em nosso Parque de Ecoindústrias o máximo de alternativas para o tratamento de resíduos, transformando ‘lixo’ em produto e retornando com ele para o mercado. A GreenVix vem para fortalecer o Parque de Ecoindústrias.”
Diretor da Green Ambiental, Roberto Bretas destaca que a indústria de reciclagem de vidro é uma demanda crescente da sociedade e uma oportunidade de se aproveitar um produto 100% reciclável.
“Antes, o vidro era considerado rejeito e agora já se sabe que pode ser muito valioso. Ele é o único produto 100% reciclável. Estamos em contato com cooperativas de todo o Espírito Santo. Queremos que todo o vidro descartado seja transformado em um novo produto, poupando, assim, a natureza e movimentando a economia de forma consciente.”
A GreenVix estabeleceu parceria com diversas cooperativas, que estão sendo incentivadas a separarem esse material totalmente reciclável. Na empresa, o resíduo é triturado para que possa ser comercializado em grandes volumes. “Em nossa fábrica, processamos o vidro e retiramos todas as partes metálicas das embalagens. Depois, trituramos e o vendemos para a Owes Illinois, maior fabricante de embalagens de vidro do mundo”, relata Bretas.
Para chegar até a GreenVix, o vidro também pode ser depositado em caixas inteligentes chamadas Green Box, que estarão espalhadas pelo Estado – algumas já estão presentes na Grande Vitória.
Com inteligência artificial, o contêiner possui um volumômetro que mede a quantidade de vidro depositada e avisa quando o box já pode ser esvaziado; GPS, que mostra onde ele está localizado; QR Code, para conteúdo multimídia, incluindo anunciantes; além de outros dispositivos.
“Com todas essas informações, a coleta se torna mais eficiente. Só retiremos o vidro quando todo o Green Box foi preenchido. Além disso, sendo um espaço fechado, reduz o risco de acidentes e impede a proliferação de insetos, como o mosquito da dengue, por não permitir o acúmulo de água”, destaca Roberto Bretas.
A areia, depois da água, é o recurso natural mais demandado por ser necessário para a fabricação de aparelhos eletrônicos, edificações e, especialmente, o vidro.
O rápido crescimento da população e o desenvolvimento massivo das cidades converteram esse material em um bem escasso e ao mesmo tempo em um negócio lucrativo, fazendo com que alguns países até mesmo importem a matéria-prima. Anualmente, segundo o relatório Estado do Mundo, cerca de 60 bilhões de toneladas de materiais são extraídos da natureza, sendo que 85% são areia.
“A reciclagem do vidro também é importante neste sentido. Ao reciclarmos, deixamos de utilizar indiscriminadamente uma matéria-prima finita. Além disso, para cada tonelada de vidro reciclado, deixa-se de retirar 1,2 toneladas de matéria-prima virgem da natureza e de se emitir 300 quilos de CO2 na atmosfera”, lembra Bretas.
No início deste ano, o Ministério do Meio Ambiente abriu consulta pública sobre o decreto que institui a Logística Reversa de Embalagens de Vidro. A iniciativa tem o objetivo de reduzir a produção de resíduos e a poluição, manter os materiais em ciclos de uso e regenerar sistemas naturais promovendo a destinação final ambientalmente adequada das embalagens de vidro.
"A logística reversa deve ser prioridade para a indústria, que precisa investir em formas de agregar os materiais e encaminhá-los à reciclagem. Já o governo deve regular e dar ferramentas para que as pessoas e empresas ajam e façam a sua parte”, destaca Rodrigo Sabatini, presidente do Instituto Lixo Zero Brasil, representante brasileira do Zero Waste International Alliance.
O acordo para implantação de sistema de logística reversa de embalagens em geral de diferentes composições (papel e papelão, plástico, entre outros) foi assinado em 2015, porém o vidro ainda está em um estágio menos avançado em boa parte do país, segundo o Ministério.
O decreto prevê a estruturação, implementação e operacionalização de sistema de logística reversa de embalagens de vidro colocadas no mercado interno que compõem a fração seca dos resíduos sólidos urbanos e dos equiparáveis.
Esse decreto abrangerá os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos vendidos em embalagens de vidro, que já possuem obrigação legal de implementar sistema de logística reversa.
O sistema de logística reversa prevê o estímulo à inserção produtiva e remuneração das cooperativas e associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, por meio da formalização de instrumento legal entre estas cooperativas e associações legalmente constituídas e habilitadas, além de permitir empresas ou entidades gestoras para prestação de serviços, na forma da legislação, observando a viabilidade técnica e econômica.
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