Estúdio Gazeta
Prefeitura da Serra
ano de 2021 trouxe vários desafios para os gestores na área da saúde pública. Ao passo que as vacinas contra a Covid-19 representam uma esperança de que estamos mais perto do fim da pandemia, o “novo normal” exigiu estratégias diferenciadas para a adesão da população à campanha de imunização.
E com a maior flexibilização das interações sociais, colocar a saúde em dia - fazendo exames e voltando à rotina de consultas médicas - também exigiu maior planejamento e, principalmente, investimento por parte das prefeituras.
É o que vem sendo feito no município da Serra ao longo do ano. Com recursos próprios, além de verbas do Estado e do governo federal, foram investidos R$ 380 milhões somente na área da saúde.
O aporte de recursos visa garantir o retorno das agendas dos médicos, dentistas, psicólogos e nutricionistas, além da manutenção dos serviços que não pararam nem nos momentos mais críticos da pandemia.
De janeiro a 24 de novembro deste ano, 650.218 consultas foram realizadas na rede básica de saúde da Serra frente aos 471.157 atendimentos durante todo o ano de 2020, o que representa um aumento de 38%.
“A grande missão do sistema de saúde é prestar um atendimento de qualidade e equânime. Por isso, a ampliação do serviço básico é tão importante. O investimento é para que isso chegue de forma mais rápida até o morador”, ressalta a secretária municipal de Saúde, Bernadete Coelho.
Não são poucos os serviços prestados pela atenção primária na Serra. Estamos falando de acompanhando de gestantes, o que inclui atendimento odontológico e realização de teste HIV e sífilis; preventivos em mulheres de idade entre 25 a 64 anos; cobertura vacinal de poliomielite e pentavalente (meningite, tétano, difteria, coqueluche e hepatite B); aferição de pressão arterial na população hipertensa; realização de hemoglobina glicada nos pacientes diabéticos, entre outros.
São 2.429 servidores, 38 unidades de saúde, 66 equipes da saúde da família e 53 equipes de atenção primária.
Tanto esforço para garantir um serviço público de qualidade não passou despercebido. Entre os municípios que compõem a Região Metropolitana da Grande Vitória, a Serra conquistou a melhor média no Programa Previne Brasil, do Ministério da Saúde.
Sete indicadores foram avaliados, com notas que variavam de zero a 10. O município atingiu a média de 5,04, superando, inclusive, a marca anterior. No primeiro quadrimestre de 2021, a Serra havia alcançado 4,92.
A boa avaliação vai garantir a manutenção dos repasses do governo federal para a Serra. “O nosso trabalho não para e o município quer avançar nas estratégias da saúde da família, na atenção primária. Vamos também investir nos servidores, em concursos e plano de carreira. É preciso ter uma equipe mais robusta para atender a essas demandas”, observa Bernadete.
Com os investimentos realizados na saúde em 2021, as filas para cirurgias eletivas andaram bem mais rápido. Para alguns procedimentos médicos, a espera acabou.
Um exemplo é a extinção da fila para cirurgia de vasectomia que, no início deste ano, contava com 670 pacientes aguardando, sendo 272 deles desde 2018.
A Secretaria de Saúde da Serra aponta que foi feita uma reorganização dos serviços prestados no Ambulatório Municipal de Especialidades (Ames), que fica em Jardim Limoeiro. Houve um aumento de 400% na oferta da cirurgia e a fila de espera foi zerada em junho.
Também houve aumento na realização de cirurgias ortopédicas pela prefeitura, proporcionando alívio para muitos moradores. É o caso da faxineira Márcia Paulo Revel, 54 anos, que sofreu por quase dois anos devido a um nódulo no joelho direito.
Márcia chegou a ser encaminhada para cirurgia em um hospital filantrópico, mas, por conta da pandemia, a data nunca era marcada. Enquanto esperava, não deixou de trabalhar. “Em casa, sou eu e meu filho de 14 anos, apenas. Mesmo sofrendo, com muita dor, não consegui parar. Eu vivia à base de remédios para aguentar.”
A situação mudou em outubro, quando a prefeitura entrou em contato para agendar a cirurgia, realizada no dia 5 de novembro no Ames. “Foi tudo muito rápido, cheguei de manhã e no final da tarde já tinha recebido alta. Fui muito bem atendida. Já retirei os pontos e tenho minha vida normal de volta. É muito bom não precisar mais de remédios, fazer as coisas sem sofrer”, comemora.
A prefeitura também identificou uma grande demanda para cirurgias ginecológicas, pediátricas e vasculares. Para garantir esses serviços, houve um diálogo do município com o Estado.
Ao longo do ano, moradores foram encaminhados para cirurgias no Hospital Dório Silva, na Serra; no Hospital Materno Infantil Francisco de Assis, em Guarapari; e no Hospital Concórdia, em Santa Maria de Jetibá.
Nesses casos, o município da Serra ficou responsável por realizar todo o pré-operatório dos pacientes, além de acompanhamento após a cirurgia.
As mudanças no gerenciamento do Ames não tiveram impacto apenas nas demandas por cirurgias. Para se ter uma ideia, em janeiro deste ano, o município acumulava 125 mil pedidos por consultas e exames com especialistas.
Com o envolvimento direto dos médicos, houve uma otimização das práticas de atendimento no Ames, evitando, por exemplo, que consultas fossem perdidas ou marcadas de maneira errada.
Agora, os especialistas têm acesso ao prontuário eletrônico de cada paciente encaminhado pelas unidades de saúde e contam com autonomia para solicitar exames complementares e agendar as consultas, inclusive os retornos. Em poucos meses, a fila de espera caiu para 53.234.
Outro importante avanço está relacionado à saúde da mulher. Com o novo Centro de Ultrassonografia, que funciona anexo à Maternidade de Carapina, em Jardim Limoeiro, a capacidade para realização do exame de imagem no município passou de 600, no início do ano, para 5 mil por mês.
A prefeitura também fez um convênio com uma clínica especializada para garantir que as demandas das pacientes não ficassem em espera.
Os moradores da Serra mostraram um alto engajamento com as ações da prefeitura para conter a pandemia: 85% da população já recebeu pelo menos a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e 72% estão com o esquema vacinal completo.
Os números, publicados no site Vacina e Confia, são referentes ao dia 27 de novembro. Foram mais de 545 mil doses aplicadas ao longo do ano no município.
E o ritmo de vacinação deve seguir forte nos próximos meses. Atualmente, 30 mil moradores da Serra estão aptos a receber a segunda dose ou a de reforço.
“Ter o esquema vacinal completo é a garantia de que a pessoa vai estar mais protegida do agravamento da doença e da possibilidade de internação, principalmente diante das variantes mais transmissíveis”, explica Ethel Maciel, pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
De acordo com Ethel, a vacinação é a mais efetiva estratégia de saúde pública contra a pandemia e uma cobertura completa alta - de no mínimo 85% da população - é o que vai garantir proteção efetiva para os moradores. “Quanto maior a proteção individual com as duas doses, menos o vírus circula e infecta as pessoas.”
Com a necessidade de uma dose de reforço para toda a população maior de 18 anos, é como se uma nova campanha se iniciasse, o que vai demandar dos municípios mais ações para conscientizar os moradores da importância de não interromper o ciclo de imunização.
“Cada município vai precisar analisar onde se encontra a sua maior dificuldade para a vacinação. Qual público, qual faixa etária, quais bairros estão menos cobertos. A partir daí, adotar estratégias mais direcionadas para ir atrás dessas pessoas. Exemplo: se a dificuldade for em imunizar os jovens, será preciso investir mais em campanhas nas escolas, levando, inclusive, a vacinação para dentro das unidades escolares em vez de fazer o estudante ir até um posto de saúde”, orienta Ethel.
Na Serra, a campanha de imunização, que começou através do agendamento on-line no site da prefeitura, passou por diversas mudanças para alcançar mais moradores.
“Nosso maior desafio hoje, e acredito que seja de todos os municípios, é que as pessoas completem o esquema vacinal. O agendamento on-line, apesar de organizar o sistema, cria certa dificuldade para uma parcela da população. Não é todo mundo que tem smartphone ou acesso à internet”, constata a secretária municipal de Saúde, Bernadete Coelho.
Ações pontuais de vacinação sem agendamento já ocorreram nos terminais rodoviários de Laranjeiras e Jacaraípe, no Parque da Cidade e em outros locais de grande circulação de pessoas. Com isso, cerca de 40 mil moradores foram imunizados.
Atualmente, é possível ser vacinado na Serra, sem agendamento, no Shopping Laranjeiras, em Laranjeiras; no Shopping Montserrat, em Colina de Laranjeiras; além das unidades de saúde.
Atuando na linha de frente na campanha de vacinação contra a Covid-19, os servidores das unidades de saúde são fundamentais na busca pela cobertura vacinal completa. “Fazemos um trabalho sério, intenso, engajado e de muito acolhimento aos moradores, especialmente os idosos e pessoas que não têm acesso à internet”, conta a técnica de enfermagem Adriana Nascimento de Sousa.
Há 15 anos trabalhando na unidade de saúde do bairro de Feu Rosa, a servidora afirma que ter uma relação de cumplicidade com a comunidade é importante nesse processo.
“Fazemos busca ativa pelos moradores, ajudamos quem tem dificuldade com os agendamentos. Quando houve atraso da segunda dose da Coronavac por falta do imunizante, fizemos uma lista com os dados das pessoas que precisavam e incluímos nos agendamentos que eram abertos no site”, recorda-se Adriana.
A técnica de enfermagem é testemunha do quanto os moradores da Serra esperavam ansiosos por essas doses de esperança, e a alegria expressa quando a campanha finalmente começou, em janeiro deste ano. E para quem ainda não se vacinou, Adriana deixa um recado.
“Tantas vidas foram perdidas, tantas pessoas quiseram ser vacinadas e não tiveram a oportunidade. É preciso se vacinar! Quando você se vacina, você protege a si mesmo e todos que estão ao seu redor”, frisa.
Se muita coisa na saúde mudou para melhor em 2021, realizações ainda maiores são esperadas no próximo ano. E a grande expectativa gira em torno do Hospital Materno Infantil, investimento milionário localizado no bairro Colina de Laranjeiras que deve ser aberto ao público logo no início de 2022.
Além de oferecer 164 leitos, o novo complexo hospitalar vai abrigar, em parceria com o Estado, uma maternidade de alto risco. “A Serra tem cerca de sete mil gestantes todos os anos e a atual maternidade em Carapina não comporta este número. Muitas pacientes acabam tendo o filho em outras cidades. Com o novo espaço, esperamos atender todas as grávidas do município”, afirmou Bernadete Coelho.
A secretária diz ainda que a nova maternidade vai realizar cirurgias ginecológicas e pediátricas, além de contar com um ambulatório 24 horas para atender vítimas de violência sexual. A gestão da unidade ficará a cargo de uma instituição, ainda a ser definida pela prefeitura.
Já pensou ter a possibilidade de agendar uma consulta médica enquanto está na sua casa, no ônibus ou durante o descanso do trabalho, tudo em questão de minutos e pelo celular? Pois essa facilidade é outra grande aposta em 2022 para a área da saúde na Serra.
O agendamento on-line, recurso tão utilizado pelo morador da Serra para conseguir se vacinar contra a Covid-19, é uma estratégia que chegou para ficar. Só para ter uma ideia, de junho a novembro de 2021, foram registrados 682 mil novos usuários no site da prefeitura.
Com o “boom” de visitantes virtuais em busca de informações e serviços, a ferramenta de agendamento passou por reformulações.
“Atualmente, fazemos o agendamento de exames de imagem via on-line. Em breve, vamos começar o agendamento das consultas”, conta Bernadete Coelho.
Em um primeiro momento, serão ofertados agendamentos on-line para serviços simples da rede básica: atendimento pré-natal e consultas com clínico-geral, pediatra e ginecologista. Mais para frente, quando o novo modelo for assimilado pela população, consultas com médicos especialistas também serão ofertadas, inclusive na área da saúde mental.
O investimento no digital não significa, entretanto, que esses serviços deixarão de acontecer presencialmente nas unidades de saúde. “Não podemos perder de vista que não é toda a população que tem acesso ao sistema on-line ou que consegue usá-lo Vamos sempre manter um percentual das consultas disponíveis para aquelas pessoas que procuram. Não vamos excluir o morador”, assegura a secretária.
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