Estúdio Gazeta
VLI
Aumentar a produção agrícola, reduzir custos logísticos e ampliar a competitividade do agronegócio. Três grandes desafios que são apontados como urgentes para acelerar o desenvolvimento econômico do país e que Espírito Santo e Minas Gerais começam a enfrentar juntos numa conexão que deve impulsionar a economia dos dois Estados.
O assunto foi discutido no evento "Espírito Santo e Minas Gerais: conexão para o agronegócio", realizado na última semana em Vitória pela VLI, em parceria com A Gazeta e ES em Ação, para debater melhorias e o fortalecimento da parceria entre os dois estados para avanços na logística e no agro.
Para os debatedores e especialistas, enfrentar essa agenda de forma conjunta, com empresas e poder público participando em ambos os Estados, é um jogo de “ganha-ganha”, uma vez que a ampliação da produção agrícola se traduz em mais cargas na ferrovia e nos portos capixabas, gerando empregos, negócios e investimentos.
Hoje, a produção de grãos nas regiões Noroeste, Central e do Triângulo de Minas, e também no Leste de Goiás, é escoada em sua maior parte pelo Espírito Santo através do Corredor Centro-Leste, que conecta Goiás, Minas e Espírito Santo pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), operada pela VLI, e que chega aos portos capixabas através da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).
De acordo com Diego Zanella, diretor de Operações Corredor Centro-Leste da VLI, com a infraestrutura já existente para escoamento, há um potencial gigantesco para a região, o que torna importante discutir oportunidades e desafios com os stakeholders interessados na melhoria da infraestrutura.
“A conexão entre o Espírito Santo e Minas é uma realidade. Não é algo novo. É uma parceria sólida e muito promissora, seja sobre o aspecto da necessidade, com o mercado internacional cada vez mais demandando o Brasil, seja pelo lado da oferta, já que essa região do entorno do Espírito Santo, principalmente Minas e o Leste de Goiás, tem uma produção relevante e com potencial enorme de expansão”, disse.
É de olho nessa nova fronteira que a VLI tem investido e contribuído para ampliar a produção na região. “Temos desenvolvido o LabCerrado junto à Embrapa Cerrados, que tem sinergia com outra iniciativa do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, para acelerar e induzir esse potencial de áreas degradadas nesse território para que possa se converter em produção”, comenta Zanella, que complementa:
No evento, Diego Zanella destacou ainda que 46% do volume total transportado pela empresa, hoje, passa pelo corredor, para onde a empresa prevê investimentos a partir da renovação da concessão da FCA, que está tramitando junto ao governo federal.
Um deles é o estudo de viabilidade de um ramal ferroviário ligando as cidades mineiras de Unaí e Pirapora, região de forte produção agrícola em Minas. A nova ligação ferroviária representará mais cargas na ferrovia e portos capixabas.
O subsecretário de Política e Economia Agropecuária de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, destacou a importância do investimento para a região explicando que, ao ligar os campos produtivos a um sistema de escoamento eficiente com ferrovia e porto, isso contribui para os produtores rurais continuarem gerando riquezas e impulsionando a economia do país.
“Nós estamos firmando um compromisso para ajudar no que for possível nessas obras. É uma região com viabilidade econômica, com potencial agrícola comprovado, e nós temos que colocar o trem no trilho para levar essa grande oportunidade aos produtores”, comentou.
Presente no evento, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, destacou que o fortalecimento do agronegócio em Minas vai trazer várias oportunidades para o Estado. Para ele, é preciso buscar alternativas que façam com que essa produção chegue cada vez mais aos portos capixabas.
“A gente quer que Minas e o Brasil todo avancem, e não queremos ficar para trás. Nossa preocupação com a malha ferroviária é essa, não ficarmos desconectados da malha nacional. Há 30 anos a gente fala do contorno da Serra do Tigre, que não cabe na renovação antecipada da FCA pelo custo. Mas é preciso pensar em alternativas. E esse ramal de Unaí a Pirapora pode ser essa alternativa para trazer mais cargas para os nossos portos, por ser uma região que começa a se desenvolver e ser incentivada pela VLI e Embrapa”, comentou.
Fábio Meirelles, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Minas Gerais (Aprosoja/MG), destacou a importância desses investimentos para os produtores reduzirem os custos e assim conseguirem destinar mais recursos para melhorias no plantio.
“O custo de produção nos afeta muito. Nós precisamos de inovação, de tecnologia e de logística. Já temos capacidade de produzir com qualidade e em grande quantidade, fazendo isso com todos os cuidados ambientais. E temos uma condição, principalmente em Minas, de mudar a configuração dos números que estão aí para muito mais, onde temos uma área muito grande de pastagem que podemos usar para plantar, ou seja, sem desmatar nada.”
O professor Ramon Victor Cesar, da Fundação Dom Cabral (FDC), concordou em sua fala que o grande desafio da produção, tanto agrícola como industrial, se chama custo logístico. Isso porque, segundo ele, o escoamento por caminhões em rotas longas é menos eficiente.
“É preciso que o custo de produção seja reduzido para fazer frente à concorrência internacional. E o custo é alto no Brasil, da porteira para a fora, por causa do transporte, que ainda é majoritariamente feito por caminhão. É um veículo ótimo por entrar dentro da fazenda e da fábrica, mas a economia do transporte mostra que não faz sentido algum usar caminhão para transportar carga pesada, de baixo valor agregado, por longas distâncias, como acontece hoje”, frisou.
O professor ressaltou que o anseio do setor produtivo é “uma revolução nas ferrovias brasileiras”, que, ele destaca, já vem acontecendo graças a investimentos privados nos ramais e deve se intensificar, mas também nos portos, que em sua maioria ainda são muito restritos, sendo necessário reduzir essas limitações.
No Espírito Santo, segundo Luiz Wagner Chieppe, presidente do Conselho Deliberativo do ES em Ação, esse trabalho já vem sendo feito. Ele destacou que o Estado tem portos estratégicos para atender essa demanda e que estão se modernizando, como o Porto de Vitória, agora privatizado e administrado pela Vports; Portocel, que está diversificando as cargas; e o novo Porto da Imetame, já em obras.
“Nós já estamos avançando na questão portuária e com isso bem encaminhado hoje graças a um planejamento que fizemos no início dos anos 2000. E no campo das ferrovias isso começa a se encaminhar também, com a VLI e a possibilidade de abrir novas fronteiras em Minas Gerais, o que mostra que esse planejamento que fizemos lá atrás fazia todo o sentido”, destacou.
Chieppe salientou que tanto no âmbito institucional, político e empresarial, o Espírito Santo está pronto para atender a essa demanda e quer contribuir para que essa agenda avance em Minas Gerais. “Nós estamos totalmente ajustados a isso, prontos para atender essa demanda e contribuir para esse debate olhando para a frente”, finalizou.
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