Colatina chegou ao primeiro centenário com o frescor de uma cidade em ascensão. A cidade, que fica na Região Noroeste do Espírito Santo, possui características que a colocam na rota dos investimentos e em posição de vantagem em relação a outros municípios quando o assunto é desenvolvimento econômico e atração de grandes empresas. Mas a força do município também vem dos pequenos negócios, que fazem a economia girar e colocam Colatina entre as cidades mais empreendedoras do Estado.
O município é cortado pelo Rio Doce, pela BR 259 e pela Estrada de Ferro Vitória Minas (ambas fazem a ligação do Estado com Minas Gerais) e também está na área de abrangência da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). A iniciativa do governo federal estimula a instalação e a ampliação de empresas por meio da redução de impostos e da oferta de crédito com juros mais baixos por meio do Banco do Nordeste.
Em 100 anos de história, não faltam motivos para comemorar. Por isso, A Gazeta preparou uma série de reportagens especiais para recontar a trajetória que trouxe Colatina até aqui, sem perder o fôlego para continuar avançando na condição de uma das cidades capixabas mais prósperas.
Impulsionado pelos loteamentos, o setor da construção civil é um dos responsáveis pelo crescimento de Colatina, tanto em área urbana construída quanto em economia. De acordo com o Observatório da Indústria da Findes, o setor reúne mais de 200 empresas e serviços especializados e gera mais de mil postos de trabalho.
O empresário Caique Giles é dono de uma construtora e viu o mercado crescer mesmo durante a crise provocada pela pandemia da Covid-19. “Eu entrei no mercado pouco antes da crise e, quando iniciou a pandemia, teve um boom na construção civil, devido às taxas de juros menores. E as pessoas sentiram a necessidade de ter um espaço para ficar em casa. Então, teve uma procura enorme”, conta.
O construtor também acredita que o setor vai continuar crescendo e comemora: “hoje eu tenho 5 obras em andamento e outras cinco estão em fase de liberação de licenças municipais e de financiamentos”, explica.
O pedreiro Matheus Borba Kaizer também não tem do que reclamar. Ele é microempreendedor individual e deixou a cidade natal de Aimorés, em Minas Gerais, para trabalhar em Colatina. “Está faltando profissional para a área de instalação de porcelanato, então é onde eu entro. Tenho trabalho agendado até na metade do ano que vem”, comenta.
O setor também coloca Colatina na rota dos investimentos. De acordo com o levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o município vai concentrar a maior parte dos investimentos, de origem pública e privada, anunciados para os dez municípios do centro oeste capixaba até 2023. Ao todo, estão previstos 980 milhões de reais. “A cidade, por ser polo dessa microrregião, vai atrair e concentrar a maior parte desses investimentos, que serão direcionados para a área da construção civil, mercado imobiliário e também para empreendimentos no segmento comercial, de infraestrutura e de logística”, explica o diretor do IJSN, Pablo Lira.
O munícipio possui um arranjo de fatores que a colocam em posição de destaque em relação a outras cidades na captação de novos empreendimentos e que devem garantir um crescimento ainda maior na próxima década. “Colatina é atrativa economicamente para investimentos. Tem a importância logística BR 259, que liga o Espírito Santo ao leste de Minas Gerais e também se enquadra na área de influência da Sudene, o que significa benefícios fiscais e tributários e crédito a juros baixos por meio do Banco do Nordeste”, explica Pablo Lira.
Para este ano, a agência do Banco do Banco do Nordeste situada em Colatina prevê um orçamento de 100 milhões de reais, que serão disponibilizados em linhas de crédito para investimentos na região. Desse total, a estimativa é que 55 milhões fiquem em Colatina: 25 milhões para o agronegócio, 12 milhões para a indústria e o restante para os setores do comércio e da prestação de serviços.
“A Sudene reduz o imposto de renda das empresas que se instalam e das empresas locais que se expandem e isso resulta em emprego, na qualificação da mão de obra e da prestação de serviço local. Gera impostos e contribui para o fundo estadual de ICMS, melhora a posição da cidade no ranking estadual do ICMS”, explica José Antônio Bof Buffon, secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Mas a força econômica de Colatina também vem da capacidade da população de investir. De acordo com o Sebrae, Colatina é quarta cidade, fora da Grande Vitória, com o maior número de pequenos negócios. Ao todo, são 13.979 microempreendedores individuais, pequenas empresas e empresas de pequeno porte, que ajudam a movimentar a economia e geram receita para o município. Ao longo do ano passado, a prefeitura de Colatina recolheu mais de 17 milhões de reais em ICMS pelo Simples Nacional, quase nove por cento do total arrecadado em 2020. Neste ano, até maio, foram mais de 7 milhões de reais no imposto oriundos dos pequenos negócios, segundo a Secretaria de Estado da Fazenda.
Potencial que desperta a atenção da prefeitura: “Nós também temos que pensar nos talentos, nos recursos humanos. Cuidar para que as pessoas empreendedoras, talentosas fiquem no município e se desenvolvam aqui, gerem emprego e renda. Essa é uma característica muito forte aqui”, explica o prefeito de Colatina Guerino Balestrassi (PSC).
A empreendedora Eliani Gomes é um exemplo de colatinense que investe na cidade. Ela identificou um nicho de negócio ainda inexplorado no mercado e inovou com um salão de beleza voltado para as crianças. Hoje, ela conta com três espaços infantis e quatro funcionários.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta