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Colatina 100 anos: cidade é uma das melhores para se viver no ES

Colatina 100 anos: cidade é uma das melhores para se viver no ES

Os serviços na área da saúde e da educação atraem profissionais de outras cidades e contribuem para o bem-estar no município, que também é marcado pelo povo acolhedor e pelo por do sol, considerado um dos mais bonitos do país

Publicado em 22 de agosto de 2021 às 14:16

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Prédios ao longo da avenida Beira Rio em Colatina
Prédios ao longo da avenida Beira Rio em Colatina . (Amarelo Nardotto)

Neste 22 de agosto, dia em que completa 100 anos, Colatina tem motivos de sobra para comemorar: é uma das cidades mais importantes do Espírito Santo e está entre os municípios que mais oferecem qualidade de vida para os moradores, além de fazer parte da rota de grandes investimentos, de origem pública e privada, anunciados para os próximos anos para a região Noroeste

Colatina também conhecida como a "capital capixaba da moda" por causa da tradição na indústria de confecções e ainda se destaca pelo comércio forte. A cidade é uma das mais empreendedoras do Espírito Santo, com quase 14 mil pequenos negócios.

Indústria em Colatina
Indústria em Colatina. (Heriklis Douglas)

O município foi o maior produtor de café do mundo durante a década de 1950, tornou-se a Princesa do Norte e o destino de muitos migrantes, que fizeram da cidade a mais populosa do Estado no período. Hoje, são os serviços na área da saúde e da educação que atraem profissionais de várias partes do Brasil.

A história revela a capacidade de Colatina de se adaptar às mudanças no cenário econômico e de aprender com as tragédias, como a lama de rejeitos da Samarco, que atingiu o Rio Doce em 2015 e afeta a vida dos moradores até hoje. Por isso, A Gazeta preparou uma série de reportagens especiais com o retrospecto dos fatos mais  marcantes ao longo desse  primeiro centenário.

Colatina chega ao primeiro centenário como uma das cidades capixabas mais importantes
Colatina chega ao primeiro centenário como uma das cidades capixabas mais importantes. (Heriklis Douglas )

SAÚDE E EDUCAÇÃO SÃO ATRATIVOS PARA NOVOS MORADORES 

As riquezas do café atraíram as pessoas para Colatina no passado, mas hoje são os serviços na área da saúde e da educação que abrem as portas do município. Os  números dos setores revelam uma potência: na educação, são 108 instituições de ensino, presenciais e à distância, públicas e privadas, que somam cerca de 35 mil alunos matriculados. Já na saúde, são 7 hospitais e mais de 600 leitos, públicos e particulares.

O médico Paulo Bernardes foi atraído por esse potencial. Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, ele concluiu a especialização em Cardiologia em São Paulo, mas foi em Colatina que construiu a carreira como médico e professor na faculdade de medicina. Ele  mora na cidade há 10 anos e conta que se sente acolhido. 

Aspas de citação

Quando a gente sai da cidade natal, fica procurando um colo. Eu já passei por várias cidades e eu achei esse colo, esse carinho aqui. Colatina é uma cidade cativante

Paulo Bernardes
Médico
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O médico também trouxe os pais para morar na cidade. “A adaptação deles foi tão boa quanto a minha. Eles moram no bairro Maria das Graças e não saem de lá de jeito nenhum porque fizeram uma família de amigos", contou.

E foi esse mesmo colo que recebeu a Tatiani Bellettini. Ela é doutora em Ciências da Saúde e deixou Santa Catarina, na região Sul do Brasil, para realizar o sonho de trabalhar como pesquisadora. “Eu descobri muito mais que esperava. Vim cheia de esperança e de gratidão. Não conhecia a cidade, mas já era grata, porque foi o lugar que me deu o meu lugar ao sol. Foi Colatina que me deu a oportunidade de realizar meu sonho", conta.

Tatiani Bellettini deixou Santa Catarina para trabalhar como pesquisadora em uma faculdade de Colatina
Tatiani Bellettini deixou Santa Catarina para trabalhar como pesquisadora em uma faculdade de Colatina. (Heriklis Douglas)

Em menos de dois anos na cidade, Tatiani já se casou e está grávida. “Colatina é a minha casa, não saio mais daqui. O Sul é só para visitar”, conta.

ORGULHO DE SER COLATINENSE 

A cidade também enche de orgulho os moradores mais antigos, como o radialista Carlos Pinto. Ele se mudou do Rio de Janeiro para Colatina há 21 anos e não pensa em sair por causa da qualidade de vida que o município oferece. “Eu vejo a cidade como a capital da região Noroeste porque tem tudo: vida noturna, faculdades, vários bancos e um sistema de saúde que funciona", explica.

O amor por Colatina é tão grande, que o radialista batizou a única filha como Karliane Colatina, inspirado na força do município e da mulher que deu origem ao nome da cidade. “Colatina é a cidade melhor para se viver”, afirma.

O radialista batizou a filha como Karliane Colatina em homenagem ao município
O radialista batizou a filha como Karliane Colatina em homenagem ao município. (Heriklis Douglas )

A qualidade de vida atestada pelos moradores também foi comprovada pelos especialistas. Os dados mais recentes do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, que avalia as condições de saúde, educação, renda e trabalho, colocam Colatina entre os quatro melhores municípios para viver no Espírito Santo, junto com Aracruz (1°), Vitória (2º) e Linhares (3°).

HISTÓRIA 

Colatina surgiu no final do século XIX, como um porto. O primeiro povoado se formou no entorno do barracão de Santa Maria, construído para abrigar os primeiros imigrantes, que chegavam por terra, seguindo o leito do Rio Santa Maria, e pelo Rio Doce.

Ponto de parada das embarcações e dos tropeiros, o povoado foi impulsionado pelas atividades comerciais e, sobretudo, pela exploração da madeira. Logo, recebeu outro nome: Vila de Colatina. Colatina Soares de Azevedo era a esposa do governador do Estado Muniz Freire, paulista e de uma família tradicional de São Paulo, também era considerada uma mulher de vanguarda pela vasta cultura.

Colatina Soares de Azevedo e o marido, Muniz Freire, Governador do ES
Colatina Soares de Azevedo e o marido, Muniz Freire, Governador do ES. (Divulgação)

A homenagem partiu do chefe da colonização da época e agradou o então desembargador Afonso Cláudio, que fez a profecia: “Esta homenagem à paulista, certamente, tornará próspera a futura cidade”.

A prosperidade chegou de trem, em 1906. A Estrada de Ferro Vitória Diamantina na época, trouxe progresso e fez de Colatina mais a vila mais importante de Linhares, tanto que tornou-se sede do município e a capital do Espírito Santo por 33 dias, durante a Revolta de Xandoca.

Colatina foi elevada a município em 30 de dezembro de 1921, mas manteve a tradição das comemorações em 22 de agosto, data da criação da vila de Linhares no ano de 1833.

Na década de 1950, ganhou destaque por ser o maior produtor de café do mundo e assumiu a dianteira da produção manufaturada do Estado. A prosperidade trazida pela cafeicultura atraiu migrantes e Colatina chegou a ser a cidade capixaba mais populosa.

O trem passando pelo Centro de Colatina(Afrânio Serapião de Souza )

A escalada de desenvolvimento foi interrompida pela crise do café, mas foi retomada pela industrialização, a partir da década de 1960. O setor da indústria é forte até hoje, com mais de 400 empresas e 9 mil trabalhadores. A tradição na fabricação de roupas deu ao município o título de capital capixaba da moda.

A força da economia também vem do comércio e do setor de serviços, sobretudo na saúde e na educação, que respondem por 48% do Produto Interno Bruto (PIB) do município.

Colatina chegou ao primeiro centenário com o frescor de uma cidade em acensão. De acordo com o levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves, a cidade vai concentrar a maior parte dos investimentos, de origem pública e privada, anunciados para os dez municípios do centro oeste capixaba até 2023. Ao todo, estão previstos 980 milhões de reais.

R$ 980 MILHÕES
INVESTIMENTOS PREVISTOS PARA A REGIÃO

O município está na rota dos grandes investimentos, mas também se destaca pelo empreendedorismo da população. Os 13.979 pequenos negócios geraram para o município, em 2020, mais de 17 milhões de reais em ICMS pelo Simples Nacional, quase nove por cento do total arrecadado no ano passado.

CICATRIZES

Mas a história de Colatina também é marcada por grandes tragédias. Em 1979, o Rio Doce transbordou e alagou a maior parte da cidade por mais de 10 dias e deixou 80% da população desabrigada. 34 anos depois, o município enfrentou outra grande enchente. Mas 2013 também foi marcado pelos deslizamentos de terra, que tiraram a vida de oito moradores.

Os bancos de areia no Rio Doce em Colatina
Os bancos de areia no Rio Doce em Colatina. (Heriklis Douglas)

Entre 2014 e 2017, Colatina sofreu os efeitos de uma seca sem precedentes, que levou o município à situação de emergência por causa das perdas no campo.

A cidade ainda sentia os impactos da falta de chuva quando recebeu outro duro golpe: a lama da Samarco, que atingiu o Rio Doce em novembro de 2015. Mesmo depois de quase 6 anos, a população ainda desconfia da qualidade da água, que é captada do rio para abastecer o município. E pelo menos mil pessoas recebem o auxílio financeiro mensal pago pela Fundação Renova, criada para reparar os danos provocados pela tragédia.

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