Em de julho de 2010, o espanhol Andrés Iniesta estufou as redes da Holanda e deu para o seu país o primeiro título mundial da história. Mas aquela final de Copa do Mundo, disputada em Johanesburgo, na África do Sul, não foi notável apenas para os vencedores. O jogo marcou também a realização de um dos maiores sonhos de um colatinense. Consolidado com jornalista esportivo, Sandro Gama viveu ali o ápice da carreira. Depois de anos no Rio de Janeiro, o capixaba voltou à cidade natal para um desafio longe dos microfones.
Vivendo essa nova fase na vida profissional, o jornalista recebeu a reportagem de A Gazeta, no seu novo local de trabalho, e lembrou os principais momentos e coberturas da sua carreira como repórter esportivo e apresentador. Habituado com o papel de entrevistador, Sandro brincou logo no começo da conversa: “Eu estou falando, é mais fácil entrevistar do que ser entrevistado”. Apesar disso, o comunicador parece bem adaptado à nova função, já que não está nada longe do esporte. No começo de janeiro, ele assumiu o cargo de secretário municipal de Esportes de Colatina e cumpre expediente no complexo do Estádio Justiniano de Mello e Silva.
A volta ao principal palco do esporte de Colatina também é um reencontro com o passado de Sandro Gama e seu despertar para o sonho de trabalhar com o esporte. “Eu nasci no bairro Maria Ismênia e organizava até campeonato de futebol de botão por lá. Ainda jovem, eu vinha ao estádio e ao invés de ficar olhando o jogo eu observava o repórter de campo e as cabines, foi assim que decidi fazer jornalismo”, lembra.
Além das transmissões de futebol em Colatina, o jovem também acompanhava com muita atenção as partidas dos times do Rio de Janeiro. Para isso, Sandro contava com as ondas do rádio e, com elas, o desejo de trabalhar na capital carioca. “Aqui em Colatina a gente conseguia ouvir algumas rádios do Rio de Janeiro. A minha preferida era a Rádio Globo, então eu tinha o sonho de trabalhar lá, por isso fui estudar no Rio de Janeiro”, contou.
Determinado em trabalhar na rádio, Sandro Gama desenvolveu uma tática ousada para alcançar o objetivo. No Rio de Janeiro, trabalhava durante o dia, estudava no período noturno e às vezes tinha um terceiro turno. Ele se deslocava para a porta da Rádio Globo e abordava os comunicadores que escutava quando morava no Espírito Santo. Para eles, o pedido era uma oportunidade de fazer estágio na emissora, uma das maiores do país em cobertura esportiva.
“Algumas vezes eu passei a madrugada inteira na porta da rádio para pegar o pessoal que chegava de manhã. Isso durou cerca de cinco meses, ganhei eles no cansaço e consegui o estágio na rádio”, lembra com orgulho da empreitada.
A oportunidade de trabalhar em uma das principais emissoras de rádio do país foi agarrada por Sandro Gama. Na Rádio Globo ele se dedicou e foi efetivado para o quadro de repórteres da emissora. “Naquilo eu estava realizando um sonho. Até outro dia eu era só um ouvinte e rapidamente virei repórter. Era um sonho”, conta o jornalista.
No rádio foram quase seis anos. O bom trabalho levou Sandro para a televisão. Ele recebeu um convite e foi trabalhar na sede carioca da TV Bandeirantes, emissora que tem forte ligação com as coberturas esportivas.
Na Band, Sandro trabalhou por quase 20 anos e viveu bons momentos. Em 2015 passou a apresentar o programa "Os Donos da Bola Rio" e deixou sua marca com um estilo leve. “Vou ser muito sincero para você, foram anos de muita alegria e coberturas maravilhosas”, se orgulha o colatinense.
Entre todas as coberturas que participou, Gama destaca as duas Copas do Mundo que trabalhou: 2010 e 2014. O mundial que mais marcou o jornalista foi o disputado na África do Sul. De lá, ele voltou com muitas histórias e reflexões.
“Você tinha cobertura de coisas com muito dinheiro envolvido e, ao mesmo tempo, você ia até o bairro do Soweto (um dos mais pobres do país) fazer coberturas de cortar o coração. As famílias estavam empolgadas com a Copa do Mundo na terra delas, mas praticamente não tinham o que comer".
Ainda na África do Sul, Sandro Gama participou de uma ação promocional em que pôde bater pênaltis contra dois dos maiores goleiros do mundo: o tcheco Petr Čech e o argentino Sergio Goycochea.
O jornalista colatinense sempre foi marcado pela alegria e pela leveza nas matérias, mas em uma carreira em que habitualmente trabalha a alegria do esporte, Sandro lembra de dois momentos tristes da trajetória. O primeiro foi a cobertura do incêndio no alojamento do Flamengo, que matou 10 atletas e deixou 3 feridos, em fevereiro de 2019.
O outro, foi a tragédia com o avião que transportava a delegação da Chapecoense, mas nesse caso o jornalista não conseguiu trabalhar. Além dos atletas e dirigentes da equipe catarinense, alguns jornalistas também morreram na queda da aeronave. Entre eles, estava Victorino Chermont, um dos grandes amigos de Sandro Gama na profissão.
Em setembro de 2019, depois de uma trajetória de quase 20 anos, Sandro Gama deixou a TV Bandeirantes. O jornalista lembra que o desligamento da emissora veio no momento em que já pensava em deixar o Rio de Janeiro. “A violência da cidade já estava me preocupando, tinha problema até quando meus filhos estavam na escola”, afirma.
Mas quando pensava na possibilidade de deixar a cidade, Sandro Gama recebeu um convite inesperado. Ele foi convidado para integrar a Vasco TV, canal oficial do clube carioca na internet. O jornalista recebeu a missão de narrar para torcida vascaína as partidas do time.
Depois de deixar a comunicação do Vasco, Sandro Gama recebeu um outro convite, mas dessa vez fora do jornalismo. Em janeiro ele assumiu a função de Secretário de Esportes de Colatina. Nas primeiras semanas de trabalho ele afirma que já percorreu os quatro cantos da cidade do Noroeste do Estado.
“Eu estou gostando muito disso aqui e tenho ideias para desenvolver o Esporte da cidade”, contou. Depois da pandemia, Gama destacou que pretende trazer para o município competições e atletas de renome nacional para o município como forma de fomentar e desenvolver a prática esportiva na "Princesa do Norte".
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