Em meio à pandemia do novo coronavírus, a rotina dos fanáticos por futebol precisou ser alterada drasticamente do dia para noite. Os frequentadores de arquibancada não assistem a uma partida in loco há pelo menos dez meses, quando os clubes chegaram a interromper as atividades. Às vésperas da final da Libertadores, que será decidida neste sábado (30) entre Santos e Palmeiras, um morador de Vitória, no Espírito Santo, poderá voltar a um estádio e, quem sabe, comemorar o título mais importante da década para o clube.
O sortudo é o empresário santista Roberto Salomon, também conhecido como Betinho, que mora na Capital do Estado há quase 40 anos. Ele recebeu uma ligação do Santos nos últimos dias, que fez o convite para acompanhar a partida de sábado.
"Algumas pessoas do Santos ligaram pros sócios, inclusive jogadores, como Luan Peres. Quando fizeram contato comigo, pensei que fosse para falar sobre uma camisa que conquistei em uma promoção, não imaginava que seria sobre a final. Mas quando a funcionária do clube disse que era um ingresso para final, que eu tinha sido escolhido, fiquei super feliz. Nem imaginava isso, pensei que não chamariam ninguém. Foi muita surpresa", relata o torcedor.
Palmeiras e Santos receberam convites da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e resolveram convocar alguns torcedores. As poucas credenciais foram dividias entre familiares de jogadores e membros da comissão técnica, funcionários do clube, ídolos do passado e também os torcedores. Foram cerca de 40 fanáticos escolhidos pelos clubes.
Para torcedores de fora do Estado de São Paulo, o time de Pelé optou pelo critério pontuação. Aqueles que mais consomem produtos e frequentam jogos tiveram mais chances de receber o convite.
No sábado o Santos busca o tetracampeonato. O clube já figurou no lugar mais alto do pódio três vezes: em 1962, 1963 e 2011, no time que tinha Neymar e Paulo Henrique Ganso. Por outro lado, o Palmeiras luta pelo segundo título. O primeiro e único foi conquistado em 1999.
Nascido em Santos, ele conta que costumava ir aos principais estádios antes da pandemia para acompanhar o Santos Futebol Clube, como a Vila Belmiro, casa do Peixe. Agora será diferente.
"É um misto de emoções. Muito bom poder ter sido selecionado entre tantos torcedores, já que são poucas vagas. Mas não teremos torcida. Tenho costume de frequentar a Vila Belmiro, sempre com muita gente. Lá eu dividia a emoção com outros", relembra.
Se antes os portões e bilheterias dos estádios estavam livres para acesso uma ou duas vezes por semana, durante o período de restrições para conter o avanço do vírus só é possível acompanhar o time do coração pela televisão ou rádio.
Betinho já tinha planejado assistir à final sozinho, como gosta de fazer. Os amigos o acompanhariam por uma chamada de vídeo. A programação mudou para melhor com o convite. A organização da competição exige que todos façam um teste para confirmar a ausência do novo coronavírus no corpo. O santista, que se diz "quase capixaba", já fez o teste, que teve resultado negativo e rumou para o Rio de Janeiro.
"Tenho dormido muito pouco, cerca de quatro ou cinco horas, fico pensando no jogo. Queria acordar logo pela manhã e ler o jornal: 'Santos campeão da Libertadores'. No meu sonho, essa vitória viria com gol do Diego Pituca", diz.
Não é a primeira vez que Santos e Palmeiras duelam numa final de competição. O clássico paulista na decisão da Libertadores poderá colocar o nome dos atletas na história dos clubes.
Perguntado sobre um possível favoritismo na partida, Betinho prefere jogar a vantagem pro lado do Verdão.
"O Santos já é campeão. Nem falo isso pelo jogo de sábado, mas por tudo que fez durante a temporada. Com Covid, situação difícil no clube, Cuca chegando depois. Hoje temos um elenco arrumadinho e que está na final da Libertadores. Acho o elenco do Palmeiras melhor, com banco e mais opções. O Santos é aquilo ali, um time enxuto. A chance do time ser campeão é por ser uma final. Em um jogo único, acredito muito nisso, em um dia inspirado, podemos ser campeões, não tem como", opina.
Às 17h deste sábado, no Maracanã, a bola rola para Palmeiras e Santos, na final da Copa Libertadores da América. A decisão acontece em partida única, sem jogo de volta.
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