O Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Justiça o aumento das penas do ex-presidente da Desportiva Ferroviária Edney José da Costa e de outros seis condenados a até nove anos e cinco meses de prisão por tráfico internacional de cocaína. Os réus foram presos em dezembro de 2017, em um galpão de Vila Velha, com um contêiner com sacas de milho e 253 quilos de cocaína que seria transportado ao Porto de Leixões, no norte de Portugal. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) julgará na próxima quarta-feira (04) os recursos do MPF e dos réus contra a sentença da 1ª Vara Federal Criminal em Vitória.
De acordo com o MPF na 2ª Região (RJ/ES), além de tráfico de entorpecentes (Lei 11.343/2006, art. 33), eles cometeram associação para o tráfico (art. 35), portanto, a sentença deveria reconhecer os dois crimes e a gravidade da conduta. As investigações revelaram que os réus receberam, guardaram e mantiveram em depósito grande volume de cocaína e a inseriram no contêiner após a violação de seu lacre, que foi substituído por um falsificado.
Ao contrário do que o julgador de 1º grau entendeu, os acusados vinham se dedicando à atividade criminosa de tráfico de entorpecentes, principalmente diante do complexo esquema montado, da enorme quantidade de droga escondida no contêiner a ser enviado para Portugal, do envolvimento de diversas pessoas na operacionalização da logística portuária e dos elevados custos da empreitada ilícita, disse o procurador regional da República Maurício Manso. Tais circunstâncias afastam a conclusão de que o evento criminoso tratado nos autos tenha sido um episódio único e indicam o envolvimento dos acusados em atividades ilícitas, completou.
Para o MPF, os vínculos entre os réus permitem comprovar a estabilidade, requisito da associação para o tráfico. Em seu recurso, o MPF-ES destacou ainda elementos como a quantidade de droga (mais de 250 kg), a logística complexa da operação de tráfico transnacional por duas vias, o conhecimento de rotas pretéritas para o tráfico, a preferência pelo transporte marítimo, a presença de financiador, a divisão de tarefas e a existência de recebedores da droga para distribuir na Europa.
O ex-presidente da Desportiva Ferroviária, Edney Costa, era uma das peças centrais de uma quadrilha especializada em tráfico de drogas. O grupo de sete pessoas foi preso em Vila Velha, em dezembro de 2017, com 253 quilos de cocaína. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Edney atuava como intermediário entre os donos da droga e funcionários do Porto de Vila Velha, organizando a logística do grupo.
O contêiner adulterado pela quadrilha saiu do Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex), no bairro Nossa Senhora da Penha, em Vila Velha, em direção ao Porto do mesmo município. Foi no meio desse trajeto que o grupo aproveitou para esconder a droga dentro de um contêiner. De acordo com a Polícia Federal, o grupo camuflou a droga junto com uma carga de milho, e como a quantidade era muito grande, a droga era misturada dentro dos sacos onde a carga era levada e, por isso, ficava imperceptível para o scanner. O grupo foi preso pela Polícia Federal assim que saiu do galpão.
Quando foi preso, Edney José da Costa havia sido eleito presidente da Desportiva Ferroviária e já falava em nome do clube, apesar de ainda não ter tomado posse no cargo.
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