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Tragédia em Petrópolis deixa duras recordações para ex-atletas que vivem na cidade

Tragédia em Petrópolis deixa duras recordações para ex-atletas que vivem na cidade

Inundação nas instalações do Serrano, perrengues para chegar em casa... LANCE! traz relatos de quem viu tempestade devastar cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro...

Publicado em 17 de fevereiro de 2022 às 06:25- Atualizado há 3 anos

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O temporal que deixou Petrópolis em estado de calamidade também abalou pessoas ligadas ao futebol que conviviam com a rotina local. Não faltam lembranças da destruição causada pelas inundações, enxurradas e pelos deslizamentos em diversos pontos na cidade localizada na Serra do Rio de Janeiro.

- As instalações foram inundadas por água e lama, só que, felizmente, não houve nada grave. Hoje (quarta-feira) foi só esperar e, amanhã (quinta-feira), vou avaliar e começar a limpeza - disse ao LANCE!.

O Leão informou nas redes sociais que, em respeito às vítimas da chuva, foram adiados dois eventos previstos para acontecerem nos próximos dias no Estádio Atílio Marotti. As seletivas, inicialmente marcadas para a sexta-feira (18), foram adiadas. O clássico entre Botafogo e Vasco, pela Copa do Brasil Legends, previsto para ocorrer no sábado (19), também terá nova data.

- Moro na Vila São Francisco. Daqui para lá, tivemos uma série de barreiras, vimos pessoas com alguns danos e cenas de terror. Desde ontem (terça-feira) estamos mobilizando o pessoal para dar um suporte, pois as horas de chuva deixaram um estrago grande - declarou.

Macedo contou desafios até para reencontrar sua esposa neste período.

- Eram umas 15h e, de repente, o tempo fechou, mas notamos que foi só aqui em Petrópolis. Foi uma chuva forte e, quando percebemos, tomou a proporção que tomou. Minha esposa estava no Centro e ela viu toda situação terrível de lá, com enxurrada, pessoas mortas... Só conseguimos nos falar com mais clareza às 23h. Passei pelas barreiras, fui ao encontro dela, enfrentando lama. Conseguimos voltar para casa de madrugada - disse.

O ex-jogador ainda falou sobre outros momentos difíceis pelos quais passou em Petrópolis.

- Sou nascido e criado aqui. Já tivemos experiências de fortes chuvas em 1988 (quando 134 pessoas morreram e hotéis e casas de luxo da região foram soterrados). Perdemos nossa própria casa... Então a gente fica com essas questões na cabeça, de ajudar o outro. Nessa (tempestade) de agora, felizmente, não perdemos nenhum ente querido nem nenhum material. Só que o estrago foi muito grande aqui na cidade, a dimensão foi muito maior do que o noticiado - constatou.

- Moro no Centro, que também foi bem atingido. Tive muitas dificuldades para chegar em casa. Tinha ido buscar meus filhos na escola, fiquei "preso" lá por mais de três horas. Depois para sair, foi caótico, porque vim passando por este trajeto e tinha ponte derrubada, carro revirado... Enfim, foram cenas de guerra! Ainda tive de "resgatar" minha irmã, cheguei de madrugada em casa e depois não saí mais. Estou direto aqui, porque há muita gente trabalhando nas ruas e eles vêm tentando dar mobilidade - e destacou:

- Há alguns bairros sem luz, sem água... Até um pedaço da Rua Teresa (polo de moda de Petrópolis) está com esses problemas - finalizou.

Campeão da Segunda Divisão do Carioca em 1999 (o equivalente à hoje Série A2) com o Leão, Paulo Cruzick também não escondeu a tristeza com a situação da cidade.

- É difícil... Moro aqui há 45 anos, vi cenas horríveis. Pessoas mortas, um carro em cima do outro. Diversos bairros atingidos - disse.

O ex-jogador contou uma situação pela qual um familiar passou.

- Meu irmão perdeu o carro para se salvar. Assim que notou que vinha a enxurrada "varrendo a rua", ele saiu correndo. Procurou abrigo em uma loja e só viu a água encobrir o veículo e ir para longe! Quando voltamos horas mais tarde para rebocar o carro, a gente via cenas absurdas. A gente tinha lembrança da tragédia de 2011, mas essa chuva que aconteceu ontem foi muito pesada - afirmou.

O ex-piloto de Stock Car Andrea Mattheis também se manifestou. Além de tranquilizar fãs sobre as estruturas das equipes A. Mattheis (Ipiranga) e A. Mattheis Vogel, localizadas em Itaipava, distrito de Petrópolis, Mattheis fez um apelo em relação à cidade serrana.

- A tragédia aqui em Petrópolis foi gravíssima, talvez das mais graves da história da cidade. Uma verdadeira calamidade. Nossos companheiros de trabalho não foram atingidos. Alguns tiveram perdas materiais, uns maiores e outros menores. Mas graças a Deus todos estão bem e com saúde. Agora é momento de arregaçarmos as mangas e nos ajudarmos, fazermos doações, arrecadarmos recursos para auxiliar na reconstrução das famílias. Muitas perderam tudo, casa e familiares. Uma situação muito triste. Da nossa parte, está todo mundo bem - disse Mattheis.

- Foi uma tempestade muito parecida com as chuvas de 2011 (quando houve 918 mortos devido às chuvas e deslizamentos de terras ocorridos em Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu e Areal) - disse.

Em seguida, explicou o que levou Petrópolis a sofrer com um temporal desta dimensão.

- Uma forte circulação que veio do interior do continente convergiu com o efeito de montanha. O valor desta convergência subiu rapidamente para o ar. Tendo umidade, nuvens foram formadas e imediatamente veio uma chuva de vários lugares para uma região só - disse.

Em 24 horas, o volume de chuva foi de 259,8 milímetros, segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia. Foi o maior número desde 20 de agosto de 1952. O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) ainda apontou que foram 230 milímetros apenas em três horas.

- O volume de chuva da terça-feira ultrapassou o que é previsto para todo o mês de fevereiro - constatou Joselia Pegorim, da Climatempo.

A meteorologista frisou que alguns fatores tornaram a cidade propícia a lidar com enxurradas.

- O acúmulo de água com as chuvas começa a ocorrer nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Além disto, na cidade petropolitana, há uma tendência dos rios subirem com facilidade, o que ajuda a causar enxurradas. A chuva da última terça-feira (15) caiu muito concentrada sobre locais que já são abarrotados de água com até mesmo em níveis normais - pontuou.

Joselia Pegorim destacou o que pesa para a Região Serrana ser tão castigada com chuvas.

- É um local onde são formadas ZCAS (Zonas de Convergência do Atlântico Sul). Esta faixa tem um histórico de umidade e, com isto, há mais facilidade para formar nuvens de chuva - destacou.

A meteorologista da Climatempo prevê que o tempo continuará instável em Petrópolis.

- Entre quinta e domingo, a previsão é que a chuva continue, e venha com mais força principalmente na parte da noite - disse.

O estado continuará a ser de alerta na cidade.

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(Enchentedeixoumaisdecemmortosatéomomento(Reprodução/RedesSociais)

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