Neste domingo (3), ao girarem as catracas do Monumental de Nuñez, torcedores do River Plate (ARG) terão deixado para trás 582 dias de espera para voltar a pisar em um estádio e assistir in loco ao clube do coração. Não bastasse a ocasião já especial para os frequentadores da arquibancada, o time terá pela frente o seu maior rival.
A equipe do técnico Marcelo Gallardo receberá o Boca Juniors (ARG), pela 14ª rodada da Liga Profissional, às 17h, com transmissão da ESPN Brasil. O Superclássico é o carro-chefe do fim de semana que marca o retorno do público aos estádios argentinos após mais de um ano e meio de ausência em razão da pandemia do novo coronavírus.
Cada estádio poderá receber no máximo 50% de sua capacidade. Para que consigam o acesso, os torcedores maiores de 18 anos precisarão apresentar um registro de vacinação, que comprove o recebimento de ao menos uma dose de qualquer imunizante.
No último dia 9 de setembro, o governo e a AFA (Associação do Futebol Argentino) utilizaram o duelo da seleção argentina diante da Bolívia, pelas Eliminatórias, como evento-teste para avaliar a volta do torcedor às arquibancadas do país. Na ocasião, 30% do Monumental foi liberado para a presença da torcida, que assistiu à vitória por 3 a 0 sobre os bolivianos, com três gols de Lionel Messi.
Inicialmente, os clubes queriam a liberação da capacidade total dos estádios. Durante as conversas com as autoridades, aceitaram reduzir o limite para 70%. Contudo, a crise que se instalou no governo após a derrota nas primárias para as eleições legislativas manteve as negociações paralisadas por algumas semanas.
A administração do presidente Alberto Fernández enfrenta o seu momento de pior aceitação entre os argentinos, cenário exposto pelo apoio popular à coalizão de centro-direita Juntos no processo eleitoral que definiu as listas para o pleito legislativo de novembro.
Os episódios da "vacinação VIP", que beneficiou pessoas próximas do Ministério da Saúde e do governo federal e causou a renúncia do então ministro Ginés González García e, posteriormente, da festa de aniversário da primeira-dama na residência oficial de Olivos durante período de restrições à circulação da população, abalaram a popularidade de Fernández.
Coincidência ou não, a volta dos torcedores ocorre justamente após o duro golpe nas primárias. Na retomada das negociações pela liberação do público, os clubes e o governo chegaram a um acordo para a abertura de 50% dos estádios.
"Alguns pretendiam que a presença fosse maior, mas não é possível. A pandemia não acabou. É preciso seguir insistindo no cumprimento dos protocolos", disse Juan Manzur, chefe de gabinete.
Para o torcedor do River, que voltará a pisar no Monumental neste domingo (serão cerca de 36 mil), o intervalo de 500 dias para reencontrar o rival não é inédito, ainda que por circunstâncias distintas.
Em 2011, com o rebaixamento do clube à B Nacional, os riverplatenses só voltariam a enfrentar o Boca por competições oficiais mais de um ano depois.
No reencontro entre as equipes, em 27 de outubro de 2012, exatos 532 dias após o último clássico pelo Campeonato Argentino, os donos da casa receberam os visitantes com um grande porco inflável que vestia a camisa azul e amarela do Boca, colocado diante da arquibancada visitante.
No momento em que o porco foi erguido até alcançar o setor superior do Monumental, onde estavam os boquenses, a torcida do River cantou "Riqueeeelme, Riqueeeelme", em provocação ao ídolo rival.
Torcedores do Boca devolveram a provocação com cantos relacionados ao rebaixamento do River Plate, além da presença de "fantasmas da B", também alusivos à queda recente do clube de Nuñez.
Em campo, os mandantes abriram 2 a 0 no placar, com Leo Ponzio e Rodrigo Mora, o segundo já na etapa final. Mas o Boca reagiu com Santiago Silva e, aos 46 minutos do segundo tempo, Walter Erviti deixou tudo igual.
Além da troca de carinhos verbais nas arquibancadas, torcedores de River e Boca também compartilharam "presentes". Assentos plásticos do estádio foram retirados e arremessados de um lado a outro.
Com os visitantes proibidos na Argentina desde 2013, aquele empate por 2 a 2, em outubro do ano anterior, marcou a última vez que jogadores do Boca Juniors puderam receber o apoio de sua torcida na casa do grande rival. A espera -dos boquenses e de todos os argentinos- para voltar a esse lugar, o do setor destinado a quem vem de fora, já superou (e muito) os 500 dias.
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