Apesar da pouca idade, o adolescente Noah de Paula Wagner, de 13 anos, já marcou a história do esporte capixaba: no dia 23 de outubro, quando foi comemorado o Dia do Aviador, ele se tornou o piloto de parapente mais novo do Espírito Santo, segundo a Federação Capixaba de Voo Livre. O voo solo aconteceu no município de Alfredo Chaves, na região Serrana, em uma rampa com cerca de 500 metros de altura.
Foram três meses de treinos intensos até o jovem ficar pronto para realizar o salto. Além de aulas sobre meteorologia e uma imersão no funcionamento dos equipamentos necessários para o feito, Noah fez 25 decolagens em morros menores, que normalmente possuem 30 metros. Os "ensaios" ocorreram em locais conhecidos pela prática do voo livre, como Piúma, na região Sul.
"Nas minhas férias (em julho deste ano), comecei a criar mais aptidão no esporte, de querer praticar e fazer de fato. Os amigos do meu pai, que também é piloto há mais de 20 anos, me incentivaram muito, dando várias dicas. O primeiro voo solo é especial para qualquer um, ainda mais na minha idade", destaca.
O adolescente, que mora em Vitória com a família, conta que só descobriu que faria o salto no dia. Embora já se preparasse há semanas, a data ainda não havia sido marcada e ele foi pego de surpresa. Apesar da ansiedade, Noah destaca o apoio que teve das pessoas que estavam no local, sobretudo de amigos e parentes.
"Depois do almoço, o instrutor passou a comentar com meu pai, a gente começou a separar o equipamento e daí eu me liguei que ia rolar. Fiquei com muita ansiedade e medo na hora. Muitas pessoas que estavam lá ficaram só para me ver voando. Teve gente que até se emocionou", relembra Noah.
Quem treinou o jovem foi o instrutor Rodolpho Cavalini, da TakeOFF Adventure Co., empresa especializada em formação de pilotos de parapente: "Para mim, é uma mistura de orgulho com responsabilidade. O Noah tem uma inteligência e maturidade fora dos padrões normais da idade dele. Em pouco tempo, ele desenvolveu as habilidades e dominou os fundamentos do voo".
"Também comecei no esporte muito jovem, com 18 para 19 anos. Não era comum pessoas com essa idade entrar no esporte devido aos custos para a prática da atividade na época. Nos tempos atuais, ter nossos filhos ao nosso lado praticando uma atividade que os tire do mundo das drogas e das coisas ruins do mundo é tudo que queremos", afirma.
A história de Noah de Paula com o parapente, no entanto, começou quando ele era (ainda) mais novo. Inspirado pelo pai, o empresário Beno Fernando Wagner, de 54 anos, que é praticante do esporte há mais de duas décadas, Noah costumava assistir vídeos sobre o assunto e até brincava com os equipamentos da família.
"Sempre senti essa vontade dentro de mim. Antes mesmo de saber escrever meu próprio nome, já sabia pesquisar vídeos de parapente na internet. E, agora, com 13 anos, comecei a treinar para ser voador. Por ser um esporte de risco, eu precisava estar mais maduro. Quando essa maturidade chegou, eu me desafiei", destaca.
De acordo com Beno Fernando, que se diz empolgado com a conquista do filho, a prática desse esporte é importante não apenas para o bem-estar de Noah, mas para a constituição da identidade dele.
"Em princípio, você pensa: 'Estou colocando a coisa mais importante da minha vida em risco'. Mas a satisfação de ver que ele está trilhando um caminho legal no voo livre é importante. Além da adrenalina, nós também aprendemos sobre conviver em comunidade. É um esporte individual em que cada um cuida do outro. Isso pode contribuir para a formação do caráter dele", finalizou, orgulhoso, o pai.
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