Atual campeão europeu e mundial, o Liverpool decidiu colocar de licença seus funcionários que não são jogadores profissionais. A agremiação vai usar programa do governo britânico que, para evitar demissões por causa da pandemia de coronavírus, paga 80% dos salários dos empregados de empresas privadas no limite R$ 16 mil libras por mês.
O clube vai quitar os outros 20%.
A decisão aumentou a polêmica sobre o comportamento dos times da Premier League, a primeira divisão inglesa, durante a crise. Antes do Liverpool outros quatro times já haviam decidido o mesmo: Tottenham Hotspur, Norwich, Bournemouth e Newcastle.
> CORONAVÍRUS | A cobertura completa
O Liverpool faturou no ano passado R$ 3,58 bilhões e teve lucro operacional de R$ 278,5 milhões. Apenas pelo título da Champions League, o clube recebeu cerca de R$ 650 milhões em toda a campanha. A equipe pertence ao americano Fenway Sports Group, avaliado em R$ 36 bilhões.
Dois dias antes de anunciar que colocaria os funcionários de licença, o Tottenham pagou bônus de R$ 45,3 milhões para seu presidente Daniel Levy. O time é uma subsidiária do ENIC Group, propriedade de Joe Lewis, empresário inglês que vive em Bahamas, na América Central, país considerado um paraíso fiscal. A fortuna de Lewis é estimada pelo diário londrino The Times em R$ 28,2 bilhões.
A Premier League é o campeonato nacional mais rico do planeta. Apenas nos contratos locais e internacionais de direitos de TV, de 2019 a 2022, os clubes vão faturar R$ 59,6 bilhões.
As atitudes dos clubes da elite do país despertaram críticas na opinião pública e entre políticos.
"Qualquer uso dos programas de apoio do governo sem uma necessidade financeira real acontece em detrimento de toda a sociedade. Quando os clubes têm recursos para pagar seus funcionários", disse na última quinta (2) o secretário de saúde do Reino Unido, Matt Hancock, que também criticou o fato de os jogadores não terem acertado uma redução salarial.
Um dia depois, os clubes da liga decidiram pedir aos jogadores que aceitem corte de 30% nos salários ou prorrogação de pagamentos pelo tempo que durar a pandemia. A proposta conta com apoio do sindicato dos atletas.
A última rodada do torneio aconteceu em 9 de março. O Liverpool lidera com 82 pontos e está perto de ser campeão inglês pela primeira vez desde 1990.
Diante das críticas, a Premier League decidiu distribuir R$ 810 milhões a equipes das divisões inferiores, profissionais, semiprofissionais e amadoras, para ajudar que continuem existindo. Também vão doar R$ 129,6 milhões para o NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido.
Os jogadores têm tomado decisões individuais ou conjuntas à parte dos clubes. Jordan Henderson, volante do Liverpool, montou um grupo no WhatsApp com os capitães dos outros 19 times do campeonato para coordenar doações dos elencos e ações de ajudas para entidades assistenciais e o NHS. Delle Alli, do Tottenham, e Marcus Rashford, do Manchester United, fizeram doações para ONGs que oferecem refeições para crianças em situação de pobreza.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta