Ser um jogador de futebol é o grande sonho de boa parte das crianças brasileiras. Quem se arrisca em seguir essa carreira, geralmente começa a jogar no seu Estado, depois chama a atenção de um clube grande do país, se destaca e aí recebe uma proposta da Europa, considerado o auge da carreira de um atleta de futebol. No entanto, alguns jogadores pulam algumas dessas etapas, como é o caso de Daniel dos Anjos.
O atacante de 28 anos, que atualmente está no Tondela, da segunda divisão portuguesa, é capixaba de Boa Esperança, região noroeste do Espírito Santo, e está há 7 anos atuando no futebol de Portugal. Ele é formado nas categorias de base do Flamengo, teve uma rápida passagem pelo Atlético-GO, mas logo foi vendido para o Benfica, um dos maiores clubes do país, onde atuou por quatro anos até ser vendido para o seu atual clube.
Na atual temporada, Daniel tem 28 partidas disputadas na segunda divisão de Portugal e marcou 9 gols. Ele tem tentado levar o Tondela, que atualmente ocupa a quinta colocação, de volta à primeira divisão. Em entrevista exclusiva para a reportagem de A Gazeta, o atacante contou um pouco sobre sua história, falou da vida na Europa, as principais diferenças para o futebol brasileiro e planos para o futuro. Confira a entrevista completa abaixo.
Minha infância era boa, gostava de fazer tudo aquilo que a garotada brincava né, pique-esconde, queimada e outras brincadeiras que a gente gostava de fazer. Na escola eu era um aluno bom, fui 'atentado' algumas vezes, mas nunca deixei de respeitar meu professor, sempre fui respeitoso com todos.
Meu primeiro contato com o futebol foi com 8 ou 9 anos de idade. Ganhei uma chuteira dos meus pais que começaram a me incentivar a jogar futebol, até então era somente para brincar, só que acabou extrapolando. Comecei a gostar mesmo, evoluir e ter paixão pelo futebol, a acompanhar o esporte. Depois eu decidi que seria uma coisa que eu correria atrás, que seria um sonho, não só meu, mas do meu pai e do meu avô também e eu queria realizar esse sonho para eles.
Nunca tive oportunidade em nenhum clube capixaba, apenas em escolinhas de Boa Esperança, depois em Nova Venécia também e aí acabei indo fazer testes em alguns clubes de fora do Estado.
O que me motivou foi o que motiva muita gente. Quando se fala em jogar no futebol europeu, os nossos olhos brilham, né? Sem desprezar o Campeonato Brasileiro ou o futebol no Brasil, mas é o sonho de todo jogador, de buscar uma oportunidade, de disputar uma Liga dos Campeões, e como eu era novo foi uma boa oportunidade. Outra coisa que me motivou também foi o Benfica, ter uma oportunidade de ir para um grande clube português, e junto do meu empresário não pensei duas vezes e acabamos vindo para cá.
A adaptação em Portugal foi tranquila. Era tudo novo, mas por a língua ser a mesma ajudou na adaptação, em conhecer a cultura e culinária de Portugal. A culinária é uma das coisas que eu mais gosto, hoje posso falar que aqui é o meu lar, até porque os meus filhos nasceram aqui, já estou aqui há 7 anos, me sinto bem no país e já tenho o título de cidadão português pelo tempo que estou jogando aqui.
A principal diferença é que aqui o futebol é mais compacto. Acho que no Brasil, como eles falam aqui, às vezes o jogo ‘parte’ muito, e aqui é mais compacto, o bloco fica junto, mas a qualidade técnica no Brasil é muito acima da média. A diferença maior é na intensidade e na compactação.
Avalio minha passagem no Tondela como boa, tive altos e baixos, o que é normal na carreira de um jogador, mas é um clube que acolhe bem os jogadores, uma cidade muito acolhedora, a torcida apoia muito independente da situação. Sinceramente, ainda não conversei com o Tondela, mas a tendência é que eu procure outras oportunidades, mas sem desrespeitar o clube, ainda faltam seis jogos e neles eu vou dar o meu melhor, vou honrar essa camisa que me deu a oportunidade de jogar a Primeira Liga de Portugal e é um clube que eu tenho carinho e vou acompanhar sempre.
Pretendo voltar, quero poder jogar uma Série A ou Série B, não sei, tem muitos times bons nessas divisões, estou aberto a tudo e a gente não sabe o dia de amanhã. Sobre os clubes capixabas, o Rio Branco e a Desportiva se tornaram SAF agora, vão ter um grande investimento, a gente sempre acompanha por ser do Espírito Santo, torcemos para que possam crescer no futebol nacional, e como eu disse, nunca sabemos o dia de amanhã, o futebol gira muito rápido e o futuro a Deus pertence.
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