O Rio Branco-ES é um dos clubes mais tradicionais do Espírito Santo. Com 121 anos de fundação, o Capa-Preta não partilhou do mesmo nome e cores durante toda sua história. Outra mudança nos anos do Brancão, foi o símbolo de um amor centenário: o escudo.
Criado em 1913, por jovens que não tinham espaço para jogar futebol em clubes de elite, surge o Juventude e Vigôr. O nome de fundação, considerado diferente para os dias atuais, é explicado por meio da idade e ímpeto dos então adolescentes, que tinham de 14 a 17 anos, e escolheram as cores verde e amarela, em homenagem ao Brasil, para representar o novo clube do bairro.
O jornalista Oscar Gomes Filho, autor do livro Rio Branco Atlético Clube: História e Conquistas, teve acesso a um documento raro e de suma importância para o passado e identidade do clube. Em uma das passagens escritas na obra, foi evidenciada uma foto da antiga bandeira do Juventude e Vigôr, que serviu de inspiração para o trabalho de três ex-estudantes de Publicidade e Propaganda da Ufes: Gabriel Vogas, Lucas Albani e Vinicius Massini.
"Sugerimos essa (re)criação do escudo do Juventude e Vigôr para uso em materiais comemorativos. Ela foi feita com base na foto da bandeira original do clube que consta no livro “Rio Branco Atlético Clube: Histórias e Conquistas”. Tentamos ser o mais fiel a essa bandeira, só adicionando o formato circular e o fio em volta do desenho para melhor aplicação em camisas. Até onde levantamos, o Juventude e Vigôr só tem a bandeira como símbolo conhecido. Não conseguimos identificar nenhum escudo na pesquisa", contou Gabriel Vogas ao ge.globo.
O pavilhão do clube era a bandeira verde e amarela, que constava uma bola de futebol e uma bomba de ar. Baseado na imagem do livro, que o autor cedeu aos três estudantes, foi feita a recriação da antiga bandeira, além da adaptação histórica, que resultou na elaboração de um escudo, que não possui qualquer prova de existência. Sendo assim, o Rio Branco-ES adotou oficialmente a monografia para a evolução dos escudos do clube.
A consolidação do Rio Branco-ES no futebol capixaba passa por meio da grande mudança de identidade feita um ano após a criação, iniciada a partir do nome. Em 1914, o Juventude passa a ser Brancão, apesar de manter cor, uniforme e símbolo. Apenas em 1917, segundo o jornalista Oscar Gomes Filho, é que mudam os outros elementos da identidade capa-preta.
Com o nome de Rio Branco, em homenagem ao Chanceler José Maria da Silva Paranhos Júnior, conhecido como o Barão de Rio Branco, o clube adotou um modelo semelhante ao utilizado na atualidade, sendo o autor desconhecido até os dias de hoje. À época, o escudo tinha o branco como a cor predominante no escudo, enquanto a parte central, que abriga as siglas, era preto e tinha escrito "RBFC" (antes Rio Branco Football Club).
Neste novo modelo de símbolo, a primeira mudança veio justamente na parte central, que mudaria para "RBAC", devido à atualização para Atlético Clube, além da inclusão do branco, na parte em que predominava a cor negra. A segunda alteração significativa na imagem alvinegra viria com o preto se tornando a cor primária no emblema, que também teria a saída das siglas, para a introdução do nome "Rio Branco".
No entanto, a ideia não durou muito. Com o mesmo escudo, voltaria o eterno acrônimo RBAC. A última alteração no principal símbolo capa-preta, seria sutil. O formato recebeu mais curvas e teve o círculo central reduzido. Assim se tornou o produto final, que estampa tatuagens na pele e pôsteres em paredes dos torcedores do Rio Branco-ES.
A monografia, feita em 2008, visando a temporada de 100 anos do clube, ganhou visibilidade da diretoria que presidia o Rio Branco-ES em 2013. O então funcionário da fornecedora de materiais esportivos Icone, César Franklin Costa, entrou em contato com os autores do estudo acadêmico, para pedir permissão para utilizar o trabalho no antigo site oficial alvinegro. Dessa forma, após o aceite do trio, foi introduzida a idealização do escudo do Juventude e Vigôr para o emblema que o Brancão carregaria no peito, durante o seu centenário.
"A logo usada no centenário do Rio Branco não foi feita por nós, mas tivemos participação direta no projeto. O autor desse emblema foi Cesar Costa Filho, que nos abordou para pedir autorização para uso da nossa criação para compor o projeto dele, que recebeu a nossa autorização", concluiu ao ge.globo. O trabalho realizado pelos ex-estudantes mudou a valorização do passado do Rio Branco. Desde o reconhecimento do projeto, feita durante o ano do centenário, o Rio Branco-ES produziu dois modelos de camisas que incluem diretamente o escudo do Juventude e Vigôr: 2013 e 2022. Essa conquista é motivo de orgulho para os autores do resgate histórico.
"Ficamos muito honrados de fazer parte da história do clube e do nosso trabalho ter sido abraçado para materiais promocionais, que remetam ao Juventude e Vigôr – como a camisa retrô listrada lançada no final de 2022, que é uma das peças que tenho maior apreço na minha coleção", disse Gabriel Vogas ao ge.globo. Em 2018, o Rio Branco Atlético Clube, por meio do então presidente César Franklin Costa, deu o devido crédito aos autores. Sendo assim, Gabriel Bourguignon Vogas, Lucas Albani Rosa e Vinicius Massini Freitas receberam, de forma individual, o Diploma de Honra ao Mérito do Rio Branco.
Reportagem feito por Tiago Taam, do GE Globo
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