DOHA, CATAR - Richarlison, 25 anos, tem várias tatuagens pelo corpo. Uma das que mais gosta é de um coração com a bandeira do Brasil, desenhada em seu peito. Simboliza o orgulho que ele tem por defender seu país.
Ele também não é do tipo que esconde suas emoções. Pelo contrário. Fica com os olhos marejados, por exemplo, durante a execução do hino nacional brasileiro antes de cada jogo na Copa do Mundo.
Ele é um dos destaques do time que enfrentará a Croácia nesta sexta-feira (9), às 12h (de Brasília), no estádio Cidade da Educação. Trata-se da realização de um sonho para o jogador. O duelo é válido pelas quartas de final.
Quem convive com Richarlison conta que ele passou dia e noite se tratando de uma lesão para voltar a tempo de disputar o Mundial em alto nível. Com três gols, ele é o artilheiro da equipe na competição.
"Graças a Deus, foi uma lesão leve e ele tinha tanta vontade de participar dessa Copa que ele se recuperou muito rápido", diz o pai dele, Antônio Marcos de Andrade, 46 anos.
A Seleção tem um peso muito grande na vida de Richarlison, assim como o próprio futebol. Com a bola nos pés, ele realiza o sonho que também era de seu pai. "Não deu certo para mim, mas deu certo para o meu filho", orgulha-se Antônio, que tentou ser jogador.
Para Antônio, a imagem do filho emocionado na hora do hino é um retrato fiel do que ele é no dia a dia e de como ele leva a vida. E revela, ainda, a capacidade de concentração que o atleta tem, pois seu semblante muda em instantes, quando a partida está para começar.
"Ele é um cara de grupo, que conquista as pessoas com esse jeito alegre e humildade. Desde a base, ele sempre foi assim, se destacava por essa determinação, essa raça que ele tem", afirma o pai dele.
Foi assim que ele conquistou não só a confiança de Tite, como também a admiração dos torcedores do Tottenham, clube que ele defende na Inglaterra.
Lá, ele viveu um dos momentos mais emocionantes de sua vida antes da Copa. Em setembro, o atacante estreou na Liga dos Campeões e marcou dois gols na vitória sobre o Olympique, por 2 a 0.
Além da grande atuação, viralizou nas redes sociais um momento após a partida, quando ele foi até uma das arquibancadas e abraçou o pai.
"Essa oportunidade de encontrar ele no estádio foi mais um sonho realizado dele. Foi muito importante estarmos presentes. Estávamos sempre presentes, mas a distância, no pensamento, no coração. E naquele dia eu estava lá na Inglaterra junto com ele", lembra Antônio.
Os dois choraram juntos. "A gente se emocionou porque é um sonho que ele realizou. Uma estreia, com dois gols, foi muito gratificante. Só tenho que agradecer a Deus pelas bênçãos na vida do meu filho", acrescenta.
O próprio jogador diz que a fama "não mudou nada" para ele em relação a sua vida pessoal, pois se mantém preso à frase que, embora seja um clichê, também um mantra importante para ele: "sempre mantenho os pés no chão".
Em campo, porém, ele "descumpriu" essa promessa. Mas foi por um bom motivo. Na estreia do Brasil na Copa, contra a Sérvia, ele marcou de voleio o segundo gol da vitória por 2 a 0 — ele também havia aberto o placar.
Foi quando caiu de vez nas graças da torcida, que agora espera mais uma grande atuação dele diante da Croácia, em busca da vaga na semifinal.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta