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Argentinos transformam Doha em Buenos Aires e empurram seleção para as oitavas de final

Argentinos transformam Doha em Buenos Aires e empurram seleção para as oitavas de final

Presença da torcida argentina no 974 Stadium foi providencial para a vitória da equipe. Com o resultado, a Argentina enfrenta a Austrália nas oitavas

Publicado em 30 de novembro de 2022 às 18:30

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Argentina se classificou após vitória de 2 a 0 sobre a Polônia
Argentina se classificou após vitória de 2 a 0 sobre a Polônia. (Twitter / @fifaworldcup)

Praticamente jogando em casa, a Argentina se classificou para as oitavas de final da Copa do Mundo. A vitória por 2 a 0 aconteceu em Doha, mas parecia Buenos Aires. Um mar de camisas alvicelestes tomou conta do Estádio 974.

Muitos vieram para a capital do Catar após o gol de Messi e o triunfo sobre o México no último sábado (26), o que causou preocupação na embaixada argentina. Torcedores circulavam na arena feita de contêineres, cartão postal do Mundial, em busca de entradas que não existiam.

O placar fez com que a Argentina ficasse com a primeira posição do Grupo C. Vai fazer as oitavas contra a Austrália, no sábado (3), às 16h (de Brasília).

A capacidade do 974 é de 44.089 pessoas. Quase a metade do palco onde a seleção ganhou dos mexicanos, o Lusail Stadium (80 mil). A torcida argentina, sem parar um segundo e volta e meia cantando a música "Muchachos", o hit da seleção no Catar, ofuscou até as atuações de Lionel Messi e Enzo Fernández, dois jogadores que controlaram o que aconteceu em campo.

A Argentina fez dois gols. Poderia ter anotado cinco. E quanto mais criava chances, cada vez que Messi puxava a marcação com arrancadas, sempre que Rodrigo De Paul fazia um desarme ou Enzo Fernández achava um companheiro em condições de finalizar, a massa argentina em Doha respondia.

Ela conseguiu transformar o ambiente indiferente e muitas vezes silencioso dos estádios do Mundial do Catar em uma partida em La Bombonera. Era um jogo da seleção, afinal, o estádio sacudia com saltos do público cada vez que se começava a cantar que "quem não salta é um inglês."

O clima já era elétrico antes de começar o jogo. O goleiro Emiliano Martínez enxugou as lágrimas com a luva na execução do hino. O domínio da Argentina no primeiro tempo foi total e qualquer estatística de posse de bola (foram 57%) não conta a história dessa superioridade. Com Messi recuando para buscar a bola, como fez no segundo tempo contra o México, os sul-americanos eram ameaça constante.

"Vamos Argentina, você sabe que eu te quero. Hoje tens de ganhar e ser primeira", pediam milhares de vozes. Primeiro Enzo Fernández, depois Cuti Romero vigiaram Lewandowski e ele foi pouco acionado porque a Polônia quase não foi ao ataque. Não à toa, seu destaque em campo foi o goleiro Wojciech Szczesny. Ele evitou gol olímpico de Di María, fez defesas em chutes de Álvarez e De Paul. Mas o mais importante aconteceu aos 38 minutos.

Ele espalmou o pênalti cobrado por Messi. Foi segunda vez nesta Copa. Já havia feito o mesmo diante da Arábia Saudita, na segunda rodada. Foi também o segundo Mundial consecutivo que o craque e capitão argentino desperdiça o lance. Havia ocorrido o mesmo na estreia de 2018, diante da Islândia. Foi o lance que marcou o início da sua derrocada no torneio, que terminou com eliminação nas oitavas de final diante da França.

Desta vez ele continuou aceso em campo e buscando o jogo. A torcida reagiu gritando seu nome e tentando empurrar a seleção ao gol, como fez desde o primeiro minuto. "Dê a mão a Leo Messi que todos a volta [olímpica] vamos dar", embalou.

Se os minutos passassem e o segundo tempo continuasse sem gols, o nervosismo poderia tomar conta. Isso acabou logo aos dois, em finalização do volante Alexis MacAllister em que a bola entrou devagar e ainda bateu na trave. Acabou aos 22 com o lance de centroavante de Julián Álvarez, que aproveitou passe de Enzo Fernández.

Três jogadores que entraram na equipe e a fizeram melhor. Um contraste com o que aconteceu há quatro anos, na Rússia, quando tudo o que Sampaoli tocava, dava errado.

"Esta é a banda mais louca que há", enlouquecia, como sugere a música, a torcida nas arquibancadas do estádio que será totalmente desmontado após a Copa.

A Argentina arrefeceu o ritmo em campo. A vitória estava assegurada de qualquer jeito. Mas sua torcida, não. "Quero ganhar a terceira [estrela], quero ser campeão mundial", encerrou a massa argentina.

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