Endrick já tinha estreado três dias antes, passado rapidamente pela zona mista em Barranquilla, mas só neste domingo (19) sentou-se à mesa na Granja Comary diante dos jornalistas que cobrem a seleção brasileira.
Já se sabia na véspera que ele estaria ali. O mais jovem da convocação atual, o mais promissor da geração nascida em 2006 e a principal novidade entre os estreantes trazidos por Fernando Diniz.
Destaque no Palmeiras e já vendido ao Real Madrid, o garoto é bem treinado para se expressar. Coloca bem as palavras com a categoria como se tivesse dando uma cavadinha diante do goleiro Bento na vitória sobre o Athletico-PR, por exemplo. A fluência do pensamento nas respostas é proporcional ao que mostra em campo.
Mesmo no ambiente da seleção, que ele não está acostumado a frequentar, disse que estava "bem tranquilo" para a tarefa pré-treino de encarar a imprensa.
As perguntas, até pelo momento do jogador, valorizaram o que Endrick alcançou até agora na carreira e buscam tirar do jogador como ele tem encarado os holofotes e a expectativa sobre si.
O garoto de 17 anos abriu o coração. Revelou questões pessoais, como o sentimento de "ódio" quando jogava durante o primeiro semestre. O motivo? As críticas, até desproporcionais, pela instabilidade e perda de espaço no Palmeiras.
Endrick fez menções à vida fora de campo, entre outras questões que jogadores geralmente evitam abordar.
"Quando chegar nas férias, aí sim eu vou me divertir, sair, brincar, mas quando estiver em tempo de trabalho não vou fazer nada disso. Odeio sair, odeio fazer essas coisas, mas quando estiver de férias, de boa, também tenho vida, vocês tem que entender isso, e tenho também que me divertir, não posso ficar preso", disse ele.
Falar isso no contexto da seleção traz uma lembrança do estilo de vida do ausente Neymar, que está fora desse grupo por causa da lesão e vira e mexe é criticado por estar em festas.
Assertivo, Endrick disse que prefere Cristiano Ronaldo a Messi. Também mostrou um lado sensível e gaiato com a própria família.
"Ouvir que meu pai chorou pra mim é normal. É um cara que sempre está chorando, não sei por que, é emotivo", disse o atacante, durante uma resposta sobre a emoção de Douglas Ramos na véspera, depois do treino.
Quando a mãe, Cintia, virou assunto, veio outra tirada que arrancou risadas dos jornalistas: "Ninguém fala da minha mãe. Como ela fala, não nasci de um ovo. Ela é muito guerreira, sempre esteve comigo".
Para o rapaz que ainda não atingiu a maioridade, teve até uma pergunta sobre como evitar cair nas armadilhas amorosas com mulheres e outras tentações quando chegar ao Real Madrid.
"Sobre Madri, não estou ligando agora. Vivo um dia de cada vez".
O próximo dia para Endrick será no Maracanã. Ele vai começar no banco contra a Argentina. Mas provavelmente entrará durante a difícil partida pelas Eliminatórias. Mais história para contar, mesmo ainda com 17 anos.
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