DOHA, CATAR - Cena 1: ex-jogadores argentinos como Sorín e Zanetti pulam na tribuna balançando suas camisas na torcida pelo time albiceleste. Cena 2: Ronaldo e outros ídolos do penta estão sentados na tribuna VIP da Fifa de terno assistindo à partida da Seleção Brasileira. O contraste entre as duas imagens não revela que, no final, os atletas consagrados desfrutam, todos, de mordomias da Fifa na Copa do Catar-2022.
Pouco depois de assumir a Fifa em 2016, o presidente Gianni Infantino criou um programa chamado Legends, para transformar os ex-jogadores numa espécie de embaixadores do Mundial. Nesta quinta-feira (15) eles formaram oito times para disputar um torneio em grama sintética, numa arena montada no Complexo Khalifa de Tênis e Squash, em Doha.
Mas, na maior parte do tempo, os ex-jogadores desfrutam de vida similar a dos cartolas da cúpula da Fifa. Ficam hospedados no Hotel Fairmont Doha, luxuoso e conhecido por sua construção em formato de ferradura, marcando o horizonte da cidade, chamado orgulhosamente pelos qataris de skyline.
É o hotel mais exclusivo da capital. Os atletas são vistos em seu lobby ou nas redondezas atendendo compromissos comerciais próprios. Na última visita ao local, a reportagem viu o alemão Lothar Mathäus gravando para uma marca de refrigerantes japonesa na calçada em frente.
Além da fachada icônica do hotel, há quartos de tamanho suntuoso na descrição de hóspedes já acostumados a este tipo de instalação. As diárias, fora do período da Copa do Mundo, são de US$ 1.200 (R$ 6,3 mil). Durante o Mundial, é impossível se hospedar no local, que está todo reservado pela Fifa.
Dentro do hotel, há o "Clube Fifa", no qual dirigentes e jogadores têm direito a consumo de comida e bebida (inclusive alcoólicas) liberadas. De lá, partem em transportes exclusivos para os jogos nos estádios.
O local onde Ronaldo e Robertos Carlos são filmados é a tribuna VVIP, onde ficam a cúpula da Fifa e chefes de Estado. Também há buffet liberado com bebidas disponíveis.
E por que os ex-atletas argentinos aparecem torcendo em outro setor? Zanetti, Sorín e companheiros têm acesso a uma tribuna similar a de Ronaldo. Mas há um costume deles e de dirigentes do país vizinho de saírem deste local para irem para outro mais próximo da arquibancada para torcerem juntos. Não há obrigação de permanecerem no setor originalmente oferecido a eles.
Até porque não se trata de um trabalho, segundo a versão da Fifa: os ex-jogadores não são remunerados. A intenção da entidade com o programa é aproximar os ex-atletas de dirigentes, trazendo sua influência para as decisões sobre o futebol. É também uma forma de a federação internacional melhorar a própria imagem ao se associar a atletas consagrados.
Não há um número certo de membros no Fifa Legends, há uma variação entre os que entram e saem. O torneio disputado em Doha contou com quase 100 ex-jogadores divididos pelos continentes, com dois times europeus e dois sul-americanos.
Na competição, a Fifa decidiu mudar a tabela para minimizar o tempo obrigatório dos ex-jogadores no estádio. Quem estava no grupo B, chegou, tirou foto e foi embora: voltou mais tarde para disputar seus jogos. Já aqueles times do grupo A jogariam e depois iriam descansar no hotel da Fifa.
Os brasileiros do penta jogaram junto com os argentinos, como Zanetti, Maxi Rodríguez e Zabaleta, além dos uruguaios Lugano e Forlán. Ronaldo não jogou.
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