DOHA, CATAR - A Arábia Saudita foi uma pedra no sapato da Argentina na estreia da Copa do Mundo de 2022. Também de Lionel Messi. Um histórico tropeço por 2 a 1, de virada, levantou dúvidas sobre o grupo liderado por Lionel Scaloni e, especialmente, a situação clínica do craque.
Tendo todo um processo de gestão física por trás, numa estratégia que teve início nas semanas anteriores no PSG, o camisa 10 argentino desembarcou no Catar com o tornozelo direito inchado. Uma imagem assustadora que percorreu o mundo.
Autor do gol solitário (de pênalti) diante dos sauditas, Messi passou por cima do problema — e da desconfiança — em pouquíssimo tempo. Encarnou a alma do ídolo Diego Maradona em campo. Jogou e fez jogar. Batalhou. Se entregou e peitou os adversários.
A "transformação" começou logo no duelo seguinte. Foi mais participativo e, acima de tudo, decisivo contra o México, na vitória por 2 a 0, com uma (exigente) atuação de gala: um gol e uma assistência. De quebra, recebeu o prêmio de melhor em campo.
Respondeu a si mesmo na tentativa de buscar a repetição do feito individual de 2014, no Brasil, quando, mesmo derrotado (por 1 a 0) pela Alemanha na final, foi coroado como o craque da competição. Um troféu individual, inclusive, que o próprio praticamente ignorou.
"Não tem importância ser o melhor jogador sem ganhar a Copa. Não queria o prêmio pessoal, queria o título. Merecíamos mais, mas não tivemos sorte. Foi amargo", desabafou, na ocasião.
No confronto de vida ou morte com a Polônia, o camisa 10 não marcou. Mas novamente carregou a equipe, que conseguiu um triunfo por 2 a 0 e, consequentemente, garantiu a primeira colocação no grupo. Dever mínimo cumprido.
Na fase eliminatória, Messi passou a ser ainda mais técnico, tático e também emocional. Marcou contra Austrália (oitavas), Holanda (quartas) e Croácia (semifinal), anotou duas assistências e fez a "tripleta": ficou com o título de maior destaque nas três partidas.
"Você não se cansa de demonstrar que é o melhor do mundo. Que o mundo todo pare para aplaudir tudo o que este rapaz dá ao futebol. É impressionante", elogiou o amigo uruguaio Luis Suárez, com quem jogou durante várias temporadas no Barcelona.
"Messi está mostrando a essência do futebol. Está mais conectado do que nunca com as pessoas. Está Maradoneado. Sou fã de Messi desde o dia que o vi. Há 20 anos que Messi é um gênio. Quem não ama Messi, não ama o futebol", reforçou o ídolo argentino Jorge Valdano.
Diante dos holandeses, o veterano atacante, de 35 anos, resolveu mostrar uma faceta quase nunca vista antes. Provocou e foi provocado. Dentro e fora das quatro linhas. Festejou na cara do treinador rival, o polêmico Louis van Gaal, e depois da partida, já na zona mista, não gostou de ser encarado pelo atacante Wout Werghorst.
"Que mirá, bobo? Que mirá, bobo? [O que está olhando, estúpido?]", ofendeu na direção do jogador do Besiktas, que, na verdade, apenas estava à espera de tentar uma troca de camisa. Uma cena que viralizou rapidamente nas redes sociais.
Ao todo, Messi já leva quatro títulos de melhor em campo no Qatar. É o recordista nesta edição da competição. Ao marcar frente aos croatas, a terceira vez de pênalti, atingiu o posto de artilheiro, com cinco gols, ao lado do francês e agora também finalista Kylian Mbappé.
"Estou curtindo muito, me sinto bem, me sinto forte para enfrentar cada partida. Pessoalmente, estou feliz na Copa toda e por sorte posso ajudar o grupo para que as coisas saiam bem", destacou, momentos depois de garantir a Argentina na decisão.
Independentemente do resultado diante da França, domingo (18), no Lusail, o Lionel Messi de 2022 já superou em números o de 2014, então com 27 anos e que deixou o Maracanã em lágrimas. Tem mais gols (5 x 4), assistências (3 x 1) e prêmios de melhor em campo (4 x 3). Falta agora o "detalhe" para fechar com chave de ouro a quinta e última participações em Copas: o tão sonhado título mundial.
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