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Paixão de família, viagem de 2 mil km e tudo pelo time em Grêmio e Botafogo

Paixão de família, viagem de 2 mil km e tudo pelo time em Grêmio e Botafogo

De torcedores que enfrentaram mais de 2 mil km em um Ford Ka 1.0 para ver o time do coração a famílias que mantêm a tradição de torcer pelo mesmo time, prevalece a emoção que só o futebol pode proporcionar nas arquibancadas do Kleber Andrade

Publicado em 17 de junho de 2024 às 10:20

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Vitor Antunes
Reporter / [email protected]

Há um tempo no passado, houve quem dissesse que o futebol é drama. Talvez até seja, já que qualquer confronto entre times traz, especialmente, o conflito. Porém, aqui no Espírito Santo, o que vimos na partida entre Grêmio e Botafogo ganhou outros contornos: Foi uma saga. Não só pelos times que se enfrentaram -  e no qual um foi levado à zona de rebaixamento e outro para liderança, por conta da vitória do Bota por 2x1, mas pelas histórias que levaram os torcedores aos estádios.

Uma delas, envolvendo gremistas, é inacreditável: um grupo de cinco amigos decidiu vir da Região das Missões - conglomerado de 46 municípios do noroeste gaúcho - para Cariacica, de carro e demoraram três dias. Todos num Ford Ka 1.0. O Grêmio perdeu, mas quem se importa? O próprio hino sugere que os gremistas vão até a pé, para o que der e vier. Já do lado botafoguense, a tradição que os define: muitas famílias presentes, e em muitos dos casos, um patriarca contava que manteve a tradição de família. Um deles, o engenheiro Pedro Augusto, citou: "Vem de mim a raiz que fez minha família alvinegra". Já diz o canto botafoguense que, tradições aos milhões, o clube tem também. Tudo igual, mas tudo novo, com o verniz capixaba, emoldurado no Kleber Andrade.

AFamília alvinegra, mas com um tricolor
A família alvinegra, mas com um tricolor - são-paulino - "infiltrado". (Vítor Antunes/A Gazeta)

Alvinegros: Honra e tradição

A família Gasperazzo veio de Santa Maria de Jetibá especialmente para ver o Alvinegro Carioca. O mais veterano, Lindolfo,  chegou a batizar o filho como Waguinho - sim, como Waguinho - por conta de um jogador do Botafogo. E ele mobilizou toda a família para que fossem para Cariacica. "O Botafogo é uma paixão. Botafogo é tudo. Botafogo é um time de futebol que não é para qualquer um, é para quem foi escolhido". 

Outro patriarca, Pedro Augusto, estava com o neto. "A paixão pelo Botafogo primeiro, ela começa por mim, pela raiz. Somos muitos botafoguenses". Pedro salienta que não esperava uma vitória por goleada, por um motivo curioso. "Espero que não façam muitos gols não para não gastar o estoque todo". E sua expectativa para o Campeonato Brasileiro é elevada. "Acredito que a gente tem para este ano um time razoavelmente melhor do que o do ano passado, mais organizado, mais preparado para chegar a uma situação, mais firme". Guilherme, seu neto, estava com a camisa da última vitória alvinegra do Brasileirão, de 1995, ano que ele não era nascido. O menino nunca viu o Bota ser campeão, mas sonha. "Minha vontade é de ver o Botafogo campeão nesse ano", disse.

Pedro Augusto e o neto Guilherme: Tradição
Pedro Augusto e o neto Guilherme: Tradição. (Vítor Antunes/A Gazeta)

Outro caso curioso foi de um são-paulino, Joaquim Pereira, professor, que foi para a torcida do Botafogo para torcer junto dos filhos Kaleb e Gabriel e da esposa, Priscila, alvinegros. Mas ainda assim ele não abriu mão de ir para a torcida botafoguense como manto do tricolor... paulista. Apenas ela acreditava numa vitória do Bota, e estava certa. Os outros foram mais cautelosos e apostavam num empate.

Com o Grêmio onde o Grêmio estiver

Entre os gaúchos-capixabas, estava Marcelo Alves Perez, empresário, que estava trazendo o filho a primeira vez no estádio para ver o time do coração de ambos. E eles chegaram à moda gaúcha, com traje típico - bombacha e chapéu campeiro. "Moro aqui no Espírito Santo e sou muito grato ao Estado. É muito bonito rever meu time", disse ele, que é nascido em Santa Maria, distante em 290 km da capital, Porto Alegre. E Perez relembrou a importância da tragédia recente das enchentes do Sul no rendimento do clube. "O Grêmio vem de uma dificuldade, em não estar treinando no seu campo".

Outro a estar no Klebão era Gustavo Matschinski, piloto de aviões, que estava de passagem pelo Espírito Santo e na segunda-feira seguinte ao jogo estaria de volta à sua cidade de residência, Curitiba. Gaúcho de Pelotas, ele diz que aproveitará para ver os outros jogos no Couto Pereira, casa do Coritiba e que será a do Grêmio enquanto o estádio gaúcho se recupera da inundação.

Gustavo Matchinski, piloto de aviões, estava d epassagem mas parou para torcer pelo Grêmio
Gustavo Matchinski, piloto de aviões, estava d epassagem mas parou para torcer pelo Grêmio. (Vítor Antunes/A Gazeta)

Os amigos que atravessaram o Brasil tiveram como representante, o apaixonado Junior, de 28 anos, bancário. Ele conta que junto aos outros amigos optaram por vir numa longa jornada para ver o Grêmio de perto. "Fizemos três dias de viagem. Saímos no carro do nosso amigo Vítor, lá na região das missões do Rio Grande do Sul, num Ford Ka que não aguentava subir ladeira, de motor 1.0". Mas eles chegaram. "A gente acredita no Grêmio e torce por ele desde que nascemos. Ele é o nosso amor maior", diz Junior. E amor, convenhamos, não se discute. Se aceita e admira, pois revela-se por si e em si, por ser amor. 

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