Dois dos três torcedores do Boca Juniors (ARG) presos na terça-feira (28) durante jogo contra o Corinthians, em Itaquera, pela Copa Libertadores, foram soltos nesta quarta (29) após o pagamento de fiança, fixada no valor de R$ 20 mil para cada um.
Sebastián Palazzo, acusado de injúria racial por ter imitado um macaco para os corintianos, e Federico Ruta, que foi autuado pelo crime de racismo por ter feito uma saudação nazista, vão responder aos processos em liberdade e poderão retornar à Argentina.
José Lisa Raga, também preso por injúria racial, ainda permanece no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros. Ele é residente no Brasil e, até a publicação deste texto, não conseguiu dinheiro para a fiança.
Roberto Bacal, promotor de Justiça do Juizado Especial Criminal, disse à reportagem que Sebastían Palazzo "fez referência [em seu depoimento] a ser empresário e ser ou ter sido dirigente do Boca".
Palazzo e José são representados pelo advogado Rogério Damasceno. Em contato com a reportagem, ele confirmou a expedição do alvará de soltura dos dois, mas não quis fazer comentários sobre a defesa nem confirmar a ligação institucional de Palazzo com o Boca.
No site do clube argentino, na página que mostra o corpo diretivo do clube, o nome dele consta na lista de conselheiros da Mesa de Representantes. Procurado pela reportagem, o time argentino não se manifestou sobre o caso.
Em suas redes sociais, o Boca também não fez nenhuma menção à prisão dos torcedores. Em abril, outro torcedor da equipe argentina, Leonardo Ponzo, foi preso por injúria racial por ter imitado um macaco durante o confronto com o Corinthians válido pela fase de grupos, em Itaquera.
Naquela ocasião, o Boca usou o Twitter para se desculpar com o Corinthians - Ponzo pagou fiança de R$ 3 mil e foi liberado para responder em liberdade.
Segundo o delegado Cesar Saad, da DRADE (Delegacia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva), o aumento no valor da fiança para os casos mais recentes se deve justamente à reincidência.
"Decidimos aumentar a fiança porque esta Copa Libertadores se tornou um cenário de calúnia racial como há muito não se via", afirmou Saad.
Em nota, o Corinthians lamentou o ocorrido. "O Sport Club Corinthians Paulista repudia veementemente os atos racistas que envolveram torcedores argentinos na Neo Química Arena", informou o clube em nota.
"O Corinthians procederá novamente às queixas cabíveis - o que faremos sempre, até que não seja mais necessário", acrescentou o texto.
Procurada, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) disse por meio de sua assessoria que "tem uma postura contra o racismo e contra a discriminação", porém não emitiu nenhum comunicado especificamente sobre o caso.
Em maio, quando as equipes se enfrentaram na Argentina ainda pela primeira fase, torcedores do time da casa também fizeram gestos racistas contra os corintianos. Devido ao ocorrido, o Tribunal de Disciplina da Conmebol multou a equipe argentina em US$ 100 mil (R$ 518 mil).
De acordo com o artigo 17 do Código de Disciplina da entidade, atos de racismo podem resultar em multas de no mínimo US$ 100 mil e a possibilidade de o clube atuar com o estádio fechado total ou parcialmente.
Depois do empate por 0 a 0 na Neo Química Arena, as duas equipes voltarão a se enfrentar pelas oitavas de final da Libertadores na próxima terça-feira (5), na Argentina.
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