Na rodada final do campeonato da Liga Super 10 Regional Leste, duas partidas, Gulf FC x Koquima Lebanon e Lumbebu United x Kahunla Rangers, decidiriam qual time continuaria na disputa para tentar subir de divisão.
O Gulf e o Kahunla estavam empatados em pontos e, caso ambos ganhassem seus confrontos, a definição sairia no saldo de gols. Os jogos aconteciam no mesmo horário e, no intervalo dos dois, o Gulf ganhava de 7 a 1 e o Kahunla, que atuava como visitante, por 2 a 0.
No segundo tempo das duas partidas, o que se viu foi um festival de gols das equipes que lutavam pelo acesso. O Gulf anotou 84 gols nos 45 minutos da segunda etapa, vencendo por 91 a 1, e o Kahunla fez mais ainda no mesmo período de tempo: 93 gols, ou mais de dois por minuto, para triunfar por 95 a 0.
Uma situação escandalosa, em duplicata, que não deixou alternativa à Associação de Futebol de Serra Leoa (SLFA, na sigla em inglês) a não ser iniciar uma apuração dos fatos.
O provável é que, no espaço entre o primeiro e o segundo tempo, dirigentes dos clubes interessados em vencer para colher um louro esportivo maior tenham oferecido gratificação financeira para que os adversários sucumbissem de forma vergonhosa.
Essa combinação, por óbvio, é ilegal no futebol - e em qualquer esporte -, mesmo que não envolvesse dinheiro. Com a fortíssima suspeita de manipulação de resultados, a SLFA determinou a anulação dos placares.
Em comunicado, a entidade informou que questionará em sua diligência as equipes de arbitragem envolvidas nos dois jogos e também os jogadores e dirigentes das quatro agremiações. "Todos os culpados serão tratados de acordo com as leis da SLFA e entregues à comissão anticorrupção do país", declarou à BBC Sport Africa o presidente da associação, Thomas Daddy Brima. "Não podemos deixar uma situação constrangedora como essa permanecer impune."
A reportagem da BBC disse ter feito contato com três dos clubes envolvidos, não tendo localizado representantes do Gulf.
O Kahunla, na figura do seu diretor executivo, Eric Kaitell, condenou o comportamento antidesportivo do próprio time e dos demais envolvidos.
O gerente-geral do Lumbebu, Mohamed Jan Saeid Jalloh, negou ter havido qualquer acerto manipulativo com o adversário e reclamou de que sua equipe foi prejudicada por ter tido três jogadores expulsos. Ele reconheceu que a equipe "levou muitos gols no segundo tempo" e que, "frustrado, nervoso e desconcentrado", perdeu a conta de quantas bolas estufaram as redes.
Já o presidente do Koquima, Mohamed Lanfia, apresentou uma explicação estapafúrdia. Segundo ele, o jogo em questão não era oficial, e sim uma partida festiva, um encontro entre "jogadores da comunidade", incluindo alguns do time dele, realizado "para entreter os fãs que compraram ingresso para ver a partida contra o Gulf".
Só que, com uma derrota acachapante de 91 a 1, os torcedores do Koquima certamente não chamaram o que viram de entretenimento, e sim de aborrecimento.
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