Os principais organismos que representam jogadores e ligas nacionais da Europa apresentaram nesta segunda-feira (14) uma denúncia à Comissão Europeia, acusando a Fifa (Federação Internacional de Futebol) de abusar de sua posição dominante sobre as mudanças no calendário de partidas internacionais e a contínua ampliação dos torneios.
A filial europeia do FIFPro (Federação Internacional das Associações de Jogadores de Futebol Profissionais), as ligas europeias reunidas e a liga espanhola (LaLiga) disseram, em evento em Bruxelas, que a entidade reguladora do futebol mundial "abusa de um evidente conflito de interesses" ao ser "órgão regulador e, ao mesmo tempo, organizador de competições", em violação do direito europeu.
FIFPro é o sindicato mundial de jogadores, e as ligas europeias reúnem mais de mil clubes de 33 países.
Segundo esses organismos, as regras e o comportamento da Fifa "prejudicam os interesses econômicos das ligas nacionais, assim como a saúde e a segurança dos jogadores do futebol europeu".
"Torna-se necessária uma ação judicial perante a Comissão Europeia para salvaguardar o setor do futebol europeu", acrescentaram.
A Fifa é acusada especialmente de não ter realizado consultas sobre as recentes mudanças efetuadas no calendário, como a introdução de uma Copa do Mundo de Clubes com 32 equipes no final da temporada.
A entidade mundial do futebol nega isso, aludindo a, pelo menos, uma reunião de que participou seu presidente Gianni Infantino com os dirigentes do FIFPro e os da PFA (Associação de Jogadores Profissionais), o sindicato de jogadores na Inglaterra e País de Gales, que ocorreu em Manchester em 2022.
A primeira edição da Copa do Mundo de Clubes ampliada terá lugar nos Estados Unidos, em junho e julho do próximo ano, com 12 clubes europeus.
Assim, numerosos jogadores serão obrigados a atuar durante uma época em que poderiam estar de férias, um ano antes do Mundial de seleções ampliado para 48 equipes, que será disputado no México, nos Estados Unidos e no Canadá.
Um recente relatório do FIFPro acusou as entidades reguladoras do futebol mundial de colocar em perigo a saúde dos jogadores, enquanto alguns jogadores de destaque evocaram a possibilidade de fazer greve para protestar contra as crescentes exigências a que estão submetidos.
Os representantes das ligas nacionais, por sua vez, temem que suas competições sejam afetadas, porque os melhores jogadores perderão partidas domésticas para descansar.
Antes dessa denúncia, a Fifa havia apontado em julho a "hipocrisia" das ligas, "que aparentemente preferem um calendário repleto de turnês de verão, que implicam frequentemente em numerosas viagens por todo o mundo".
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