Ao completar cruzamento para o gol aos 4 minutos do segundo tempo, Breel Embolo não comemorou. Os jogadores do banco suíço explodiram com o lance que dava vantagem à equipe na estreia na Copa do Mundo. Os companheiros correram para abraçá-lo. Mas o artilheiro de 25 anos permaneceu imóvel.
Foi o lance que definiu a vitória da Suíça por 1 a 0 sobre Camarões nesta quinta-feira (25), no estádio Al Janoub, em Al Wakrah. Era a estreia das duas seleções no Catar. Principal nome do futebol suíço, Embolo nasceu em Yaoundé, capital camaronesa. Depois da separação dos seus pais, ele se mudou com a mãe para a França quando tinha cinco anos. Foi morar na Suíça no ano seguinte e recebeu a cidadania do país em 2014.
A Suíça costuma levar seleções multiculturais para a Copa do Mundo. Isso pode causar polêmica. O atacante Xherdan Shaqiri é de Kosovo, mesma ascendência do meia Granit Xhaka, que também tem sangue albanês. A dupla causou confusão em 2018 ao comemorar gol contra a Sérvia. Os dois fizeram gesto que lembrava uma águia de duas cabeças, símbolo que está na bandeira da Albânia.
Kosovo declarou independência da Sérvia em 2008 e a disputa ainda inflama tensões na região. Acabaram multados pela Fifa. Suíça e Sérvia estão no Grupo G do Mundial deste ano e voltam a se enfrentar na última rodada, no próximo dia 2.
Suíços costumam formar uma seleção pouco usual no torneio. Em 2018 pararam o Brasil no empate em 1 a 1 (e as seleções medem forças na segunda-feira, 28) e passou com moral para as oitavas de final. Foram eliminados por uma Suécia que parecia longe do seu melhor futebol. Em 2006, caíram de novo nas oitavas sem sofrer nenhum gol durante toda a Copa do Mundo.
Nos Estados Unidos, em 1994, fizeram 4 a 1 na Romênia, que seria sensação do torneio, mas não viram a cor da bola contra a Espanha, de novo nas oitavas de final.
Camarões teve um desempenho em campo melhor do que se poderia esperar. Era a seleção africana mais desacreditada. Pressionou a Suíça em diferentes momentos da partida e teve chances para marcar. Trata-se da seleção que se classificou de maneira inesperada ao fazer gol contra a Argélia, fora de casa, no último lance da prorrogação nas eliminatórias do continente. A Suíça tem a mesma base que eliminou a campeã mundial França, nas oitavas de final da Eurocopa do ano passado.
O gol de Embolo foi o um dos raros momentos em que o Al Janoub foi barulhento no início da tarde desta quinta-feira (no horário do Qatar, a partida começou às 13h). Com capacidade para 40 mil pessoas, o estádio tinha vários locais com cadeiras vazias e parecia ter recebido apenas metade da sua ocupação. Apesar disso, o público divulgado foi quase total: 39 mil pessoas.
Havia pouco clima de Mundial. Apenas dois setores, um ocupado por camaroneses e outro por suíços, tentaram animar o público na primeira arena finalizada para receber o evento. Construção que causou controvérsia também, por um motivo inusitado. Desenhado pela arquiteta iraquiana Zara Hadid, a inspiração para o formato do teto foi de um veleiro típico da região. Mas, quando começaram comparações nas redes sociais com a genitália feminina, houve constrangimento nas autoridades cataris.
Se a Suíça tem como próximo adversário o Brasil, Camarões precisará obter um bom resultado diante da Sérvia, também na próxima segunda-feira, para continuar com chances de classificação.
Nos minutos finais, os africanos não conseguiram sequer empurrar a seleção ao empate. Apenas quando foram anunciados os seis minutos de acréscimo, os suíços começaram a cantar. Durou 30 segundos.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta