Influenciado pelo que foi moda durante as últimas décadas, em especial entre 1920 e 1990, o estilo decorativo retrô permanece em alta. A versatilidade e a elegância dessa estética nostálgica vem ganhando o coração de arquitetos e decoradores e os novos projetos arquitetônicos continuam seguindo essa tendência.
A arquiteta Rosana Berger observa que o estilo retrô perpassa em todos os lugares e continua influenciando da arquitetura até o mundo da moda. “Trata-se de um estilo versátil e capaz de agradar diferentes grupos", sinaliza.
"Algumas pessoas podem confundir o vintage com o retrô. Enquanto o primeiro refere-se a peças com, no mínimo, duas décadas de idade; o segundo é uma releitura ou inspiração de um estilo antigo. Apesar dessa diferença, ambas têm o propósito de terem uma pegada moderna, mas mantendo uma ideia do passado”, explica ainda.
Já a arquiteta Camila Marinho, do Studio M&A Arquitetura, vê que essa tendência está em alta há, pelo menos, cinco anos na decoração. “O período de pandemia da Covid-19 mexeu com o comportamento das pessoas, até mesmo com o emocional. Agora, é importante estar em um lugar que faça você se sentir bem, e o estilo retrô remete a essas memórias afetivas e às histórias do passado que trazem lembranças boas para os dias de hoje”, aponta.
Segundo o arquiteto e sócio-fundador do Studio Híbrido Arquitetura, Victor Brandão, é possível entrar um pouco nesse conceito sempre que são utilizados materiais que não são apenas os que o mercado atual dita como o melhor ou o mais conectado às tendências.
"A nossa inclinação é nos aproximarmos das materialidades que expressam identidades, que contam histórias e que revisitam sentimentos e memórias de tempos mais simples e felizes", analisa.
O arquiteto Elton Barbosa acrescenta, ainda, que é possível ter uma decoração com essa com muita personalidade e estilo sem ser cafona. "Em geral, o estilo retrô é um delicioso e diferenciado jeito de decorar, que passa por nossos sentimentos, nossa história e se refaz de acordo com nossas necessidades atuais. Basta ter cautela para combinar as cores e dispor peças. Assim, você terá um lar tão aconchegante como a casa de nossos pais e avós", defende.
Tons vibrantes e saturados dão uma aura nostálgica e personalizada ao ambiente, como a arquiteta Carina Dal Fabbro utilizou no projeto acima. Aplique-as em molduras, boiserie (molduras de diversos formatos na parede), paredes isoladas e em fechamentos de mobiliário.
Os ladrilhos e as cerâmicas, populares das décadas de 1950 a 1970, voltaram com força. Esse material vem sendo muito usado em ambientes como cozinhas e banheiros, em especial aqueles com estampas que criam superfícies geométricas. O Studio Híbrido Arquitetura projetou uma cozinha com piso de revestimentos de formato hexagonal, na "Casa Afeto", fotografada por Lucas Ceregati (foto).
O mobiliário com pés de palito de madeira é o item mais lembrado quando se fala em retrô, mas as peças feitas com essa matéria e que rementem às décadas de 50 e 60 são consideradas apostas sem riscos. “Móveis de madeira são uma excelente opção atemporal e, o melhor de tudo, é que não costuma ser uma peça descartável”, aponta a arquiteta capixaba Rosana Berger. O projeto do quarto acima é de Carina Dal Fabbro.
Grandes ou pequenas, de vidro, cerâmica ou adesivo, esses itens são muito populares em áreas internas como externas e marcaram presença na história de muitas famílias brasileiras. Os ladrilhos podem ser inseridos à frente da cuba, criando uma espécie de painel para abraçar o espelho. Já as pastilhas ficam perfeitas em boxes. O ladrilho hidráulico azul foi usado na parede da cozinha do "Apê Melodia" do Studio Híbrido (foto).
Outra tendência dos anos 60 e 70 que retornou nos últimos anos, como mostra o projeto acima de Carina Dal Fabbro, é a aplicação de tons pastel e e outras tonalidades suaves nas paredes, no piso e no mobiliário, inspirado nas cores de balas e chicletes – daí o nome dessa estética, que é traduzida livremente como "cores de doces".
Elegante e atemporal, esse elemento é lembrado pelos inúmeros filmes ambientados em lanchonetes norte-americanas, e continuam inspirando a decoração de cozinhas. As imagens são da Cerâmica Atlas (divulgação).
Para complementar a vibe retrô, invista em luz amareladas e quentes. Para ficar melhor ainda, instale mais de um ponto de iluminação com luminárias espalhadas pela casa. Um exemplo é o projeto da "Casa Afeto", feito pelo Studio Híbrido Arquitetura. A fotografia é de Lucas Ceregati.
Para quem tem receio de apostar com tudo nessa decoração, é possível ousar com peças individuais que seguem esse estilo, como tapetes, almofadas, cortinas e mantas, como a arquiteta Carina Dal Fabbro fez no quarto acima.
Dependendo do cômodo, é possível optar também por móveis retrô, como sofás de couro, cadeiras com telinhas sextavadas, fogões industriais e camas de madeira (como no projeto de Carina acima).
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