Você sai para o trabalho e se depara com prédios, praças e diferentes elementos que compõem a cidade. Antes disso, você estava na sua casa, com diferentes cômodos, ambientes decorados e espaços estilizados de acordo com a própria personalidade. Ela esteve ali durante a noite e estará durante o seu dia: a arquitetura faz parte do nosso cotidiano, mesmo que às vezes o impacto não seja tão perceptível.
Afinal, a escolha dos móveis e a disposição da planta podem influenciar na ventilação do apartamento, as cores podem aumentar ou reduzir o estresse, assim como o jogo de luzes no cômodo.
Na cidade, a revitalização de monumentos pode reavivar regiões que perderam o dinamismo e movimento ao longo dos anos, da mesma forma que a criação de novas estruturas como praças, pontes e prédios, impactam diretamente o espaço urbano.
O profissional responsável por tudo isso é o arquiteto, e o dia 15 de dezembro foi a data escolhida para celebrar a profissão e relembrar o nascimento de Oscar Niemeyer, que elaborou importantes projetos no país.
Ou seja, da formulação da planta da casa até grandes monumentos, a influência do arquiteto impacta a vida de inúmeras pessoas e, principalmente, da cidade.
“Nós usamos o trabalho do arquiteto diariamente e, às vezes, não temos noção disso. Se você mora em um apartamento, com certeza esse prédio foi desenhado por um. Você circula por uma cidade que tem o desenho de um arquiteto. Então, para onde olhamos podemos ver a arquitetura, mesmo que não seja percebido”, afirma o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU-ES), Heliomar Venancio.
Mas mais do que isso, Heliomar ainda reforça que a atuação do arquiteto também tem a ver com saúde pública. “A intervenção desse profissional não é só estética e funcional, ela precisa ser saudável e construir ambientes sadios, já que se ele não for bem projetado pode causar mal para o indivíduo.”
Obras como a ciclovia da Terceira Ponte e a revitalização do Mercado da Capixaba são projetos que ele cita como monumentos importantes para o Estado, uma vez que além de cumprir o papel funcional dos projetos, são estruturas que impactaram socialmente as cidades onde estão localizadas.
O arquiteto responsável pelo projeto da ciclovia na Terceira Ponte, em Vila Velha, Sandro Pretti, conta que trabalhar para impactar o urbanismo da cidade é uma responsabilidade muito grande, mas de satisfação ainda maior.
Apesar de ser um projeto já existente, o profissional conta que participar de uma das Sete Maravilhas do Espírito Santo foi uma excelente oportunidade. Em especial porque isso garantiu mais rigidez, equilíbrio da ponte e uniformizou o espaço lateral da obra.
“Foi preciso respeitar o que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) estabeleceu como premissa, já que estamos falando de um monumento tombado, devido ao Convento da Penha. Então, o desenho da ciclovia precisava estar dentro do perfil visual da ponte para que não atrapalhasse a vista”, reforça.
Sandro afirma que, hoje, as pessoas ganharam um novo cartão postal e ponto turístico, já que a ciclovia permite visualizar o Convento a partir de um ângulo totalmente diferente.
Esse tipo de mudança na dinâmica da cidade também poderá ser sentido com a revitalização do Mercado da Capixaba, no Centro de Vitória. Uma das arquitetas responsáveis pelo projeto executivo Viviane Lima Pimentel, conta que a expectativa é de reinserir o monumento na dinâmica do cotidiano.
A partir disso, a especialista destaca que é esperado recuperar o movimento na região e, consequentemente, impactar os imóveis dos moradores vizinhos. Em especial, porque o projeto vai permitir a permanência das pessoas por mais tempo na área da Jerônimo Monteiro.
O trabalho do projeto executivo é feito com outros profissionais da equipe de Viviane. Isso porque o projeto executivo adapta o anteprojeto a partir das considerações do espaço físico. Esse último é da arquiteta Anna Karine e da equipe da Coordenação de Revitalização Urbana da Prefeitura Municipal de Vitória (CRU/PMV).
Viviane Lima ainda pontua que tudo isso é possível porque a própria arquitetura se dedica a estudar os impactos sociais que as obras terão na cidade, não apenas focando no cálculo exato das plantas e edificações.
“Estudamos não apenas a questão econômica, mas também como o ser humano se insere nas atividades que projetamos. Nosso foco está nos usuários que vão usufruir daquele lugar. Pensamos em uma cidade viva, privilegiando a área de circulação de pessoas, não apenas de veículos”, detalha.
O arquiteto Pedro Henrique Alves Negreiros assina embaixo e ainda acrescenta que o objetivo é pensar em qualidade de vida. Apesar de parecerem distantes, a arquitetura de interiores e o urbanismo da profissão se aproximam por pensarem em pessoas, mas em diferentes escalas. Enquanto a primeira se limita aos moradores da casa, a segunda se refere a um grupo de pessoas das mais variadas características que fazem parte da cidade.
Pedro Henrique, inclusive, é o responsável por um projeto que vai, de fato, impactar a vida na Capital. A nova Avenida Beira-Mar prevê a ampliação das calçadas para instalação de ciclovias, além da revitalização dos espaços para atrair a população e fornecer mais segurança na região.
O projeto foi feito a partir da divisão em três trechos. O primeiro vai do Porto de Vitória até a Curva do Saldanha, o segundo da Curva do Saldanha até o Álvares Cabral e o terceiro do Álvares Cabral até o supermercado Horto.
Dos três trechos, Pedro Henrique conta que o segundo é o que vai propor um maior paisagismo com equipamentos para a população que exploram os atrativos da região, já que esse é o pedaço com maior espaço para estruturação da orla.
“Um dos papéis do arquiteto é fazer a coordenação de diversas disciplinas em um projeto, olhar para o todo e ver como os sistemas conversam, para, de forma harmônica, chegar na melhor solução”, pontua.
Independentemente da área de atuação, o arquiteto é um profissional que tem impacto direto na vida de muitas pessoas, seja dentro de casa, seja fora dela, nos meios urbanos. A arquitetura está, sim, por toda parte.
Antes comemorado no dia 11 de dezembro, em referência ao dia em que os cursos de engenharia e arquitetura foram regulamentados no país, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), escolheu, a partir de 2011, a data de 15 de dezembro, por meio da 8ª resolução, alterar a data em homenagem ao nascimento do arquiteto Oscar Niemeyer, considerado um ícone da profissão. Entre os principais projetos de Niemeyer estão: o Parque Ibirapuera e o edifício Copan, ambos em São Paulo, além de ter participado da idealização da cidade planejada de Brasília.
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