Móveis, tapetes, espelhos, esculturas e até objetos artesanais estão presentes na composição de qualquer ambiente. A escolha de seus formatos, materiais e cores traduz a essência dos ocupantes daquele lugar, conferindo um toque personalizado para o espaço.
E quando a arquitetura e o design se unem, a criatividade possibilita, inclusive, o nascimento de peças exclusivas, feitas pelos profissionais responsáveis pelo projeto.
Um exemplo é o trabalho da arquiteta Carol Zamboni, que desenhou duas peças exclusivas para a Suíte do Casal, ambiente que faz parte da Casa Cor Espírito Santo 2022: o espelho Organic e o tapete Fluid. Por ser um projeto que valoriza as curvas naturais, as duas criações foram pensadas para seguir essa linha.
A ideia para o tapete era torná-lo um objeto comum nos ambientes, em algo mais intimista e singular. A arquiteta conta que o tapete foi idealizado para ser do tipo “passadeira”, ou seja, para ser usado em corredores e espaços de passagem. Já o espelho tem um formato que busca se aproximar das curvas femininas.
“Desenhei o espelho com formas curvas que se assemelham às curvas femininas. O grande desafio do espelho curvo são os recortes. Foi realizado um estudo dos ângulos para conseguirmos um espelho tão orgânico e luxuoso” conta.
Outra profissional que investiu na criatividade é a arquiteta Bruna Perim, que desenhou dois elementos do seu ambiente. A estrutura da adega foi criada por ela para armazenar os vinhos à temperatura do ambiente climatizado e desenvolvida pela DG Metalúrgica.
“A ideia era projetar algo inovador, criativo com a simplicidade e elegância que um ambiente charmoso precisa. Nisso, a adega foi pensada com materiais de fácil acesso e baixo custo, como chapas de metalon e vergalhões, sendo assim tivemos uma mistura entre o estilo rústico e industrial que deu aos vinhos um destaque especial e harmonizou com todo o ambiente”, explica.
Ela também assina o porta-rolhas, que foi desenhado para ser um elemento que não passasse despercebido na decoração do ambiente. “Em busca da leveza, fizemos apenas as bordas com MDF, o encaixe com uma placa de acrílico na parte da frente, com um furo para colocarmos as rolhas, e o fundo deixamos livre para que aparecesse os revestimentos. O resultado: leveza, delicadeza e muita elegância”, diz.
Um projeto de decoração ou mesmo de reforma de um ambiente pode envolver o desenho de um mobiliário exclusivo e que atenda às necessidades daquele espaço. Prova disso é a arquiteta Vivyan Modesto, especialista em ambientes infantis.
Ela conta que o potencial de criar as próprias peças surgiu com as necessidades vivenciadas na maternidade. A partir dos conceitos montessorianos, de que a criança é o usuário central dos objetos que manipula e do ambiente que vive, ela desenhou os móveis do Lounge Kids, presente na Casa Cor Espírito Santo.
Os móveis variam de acordo com o tamanho da criança, para que ela consiga usar e guardar seus objetos, dando mais personalização ao ambiente, independência e organização para seus pequenos ocupantes.
“Inspirado no imaginário infantil, o mobiliário foi desenhado por mim e feito sob medida para dar aos pequenos um ambiente funcional, com acessibilidade, segurança e que promova muita autonomia e diversão. As cores utilizadas, o verde, branco e amarelo, entre outras nuances, trazem estímulos visuais, como também, leveza ao ambiente”, destaca Vivyan.
Ela também assina outro ambiente, este mais adulto, o Beach Club, e criou uma escultura metálica instagramável que emoldura a praia, a baía de Vitória e a Terceira Ponte.
“Para construir a escultura pensei em uma obra de arte diferente de tudo já visto em lounge, com traçado de folhagens de costela de Adão, no tom de violeta Very Peri, eleita a Cor do Ano de 2022 pela Pantone, para dar destaque ao ambiente inspirado na modernidade dos Beach Clubs urbanos de Miami, nos EUA”, destaca a profissional.
Já a arquiteta Cris Locatelli fez o desenho da estante localizada na Sala de Leitura, especialmente para o projeto. Intitulada Coleção Pétala, a peça é bastante fluida, com curvas acolhedoras, apresentando materiais como o metalon e o MDF de forma leve e intimista.
“Eu queria dividir o ambiente, que é profundo, com um elemento que trouxesse aconchego e feminilidade. Vale lembrar que o feminino permeia todo o projeto. E as curvas da estante trazem tudo isso. A utilização do metalon e do MDF em uma estrutura tão fluida, mostra que é possível ter leveza com materiais conhecidamente rígidos. O objetivo final sempre foi oferecer um local de tranquilidade, equilíbrio e introspecção”, ressalta a arquiteta.
Com base em uma música de Frank Sinatra, as profissionais Roberta Toledo, Juliana Vervloet Amaral e Manu Delboni do escritório Arquitetura27 criaram a “Mesa de Memórias”. A peça ocupa uma posição da Sala de Música Natuzzi.
“Uma curiosidade é a mesa que foi criada a partir da música de Frank Sinatra,‘That's life (that's life), I tell you I can't deny it I thought of quitting, baby, but my heart just ain't gonna buy it’. Ela foi pensada para criar um encontro inesquecível entre música e imagens afetivas que são projetadas de dentro da mesa para o céu, no caso, o teto. As imagens ganham voz e a música fica ainda mais poderosa do que já é”, explica a arquiteta Juliana Vervloet.
Macramê, crochê, ponto e cruz, vasos, luminárias, entre outros artesanatos, fazem parte dos trabalhos manuais que a arquiteta Alessandra Cohen conta que gosta de fazer. Para ela, essa é uma forma de descansar a mente e fazer as mãos trabalharem.
Para o Restaurante da Casa Cor Espírito Santo ela produziu os porta-guardanapos de flores, que estão no espaço, também assinado por ela. “Quando você entende o que é exclusivo, único, o que traz experiências, você começa a entender que o artesanato está incluso em qualquer mundo, inclusive na arquitetura de luxo, na qual me especializei. E por mais que sejam feitas à mão, nenhuma peça é como a outra”, conta.
Além do processo criativo, existe também o de curadoria, e a arquiteta também escolheu peças artesanais que remetem às culturas paraenses e capixabas, com os suplás de palha e os porta-palitos de passarinho do Armazém Rosa, de Maceió (AL), que adquire o material feito por comunidades da região e revende para todo o Brasil
No ambiente ainda há artefatos feitos por pessoas de comunidades, como a artesã Chrisley Conceição Vieira da Silva, que oferece produtos que representam os símbolos do Estado do Espírito Santo e casacas feitas a partir da madeira extraída em Mangaraí, Santa Leopoldina.
Alessandra frisa sobre a importância de tais itens: “tem pessoas que não entendem que dá para usar o artesanato como decoração de alto luxo. O restaurante está aí para mostrar que podemos valorizar o artesão brasileiro e deixar o espaço aconchegante, muito agradável e, por que não, luxuoso? ”, observa.
As profissionais Cris Locatelli e Isabela Castello usaram objetos direto do Vale do Jequitinhonha, cujo artesanato em barro foi reconhecido, em 2018, como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais.
O artesanato é hoje uma das principais fontes de renda das famílias locais. As peças usadas no ambiente decorado pelas profissionais, inclusive, já viajaram pelo mundo e, mais recentemente, estiveram na Maison & Objet 2022, em Paris.
Já a designer Karla Giaretta ficou responsável pela composição do Armazém do Artesanato, em parceria com o Sebrae. O ambiente busca dar visibilidade ao conjunto de artesãos capixabas que mistura diversos materiais, arte e a cultura popular.
Um dos grupos representados é a Associação de Ceramistas do Espírito Santo (CERAMES), que trouxe cinco ceramistas para divulgar a arte cerâmica de maneira ampla e mostrando o trabalho de seus associados ao promover ações voltadas à formação, reciclagem e aperfeiçoamento técnico e profissional.
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