Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem chegado discretamente no mundo da arquitetura, revivendo debates que remontam de décadas atrás, quando a promessa de programas de computador eram soluções instantâneas com um simples toque de teclas.
O professor de Arquitetura e Urbanismo da UVV Alexandre Martins Alves comenta que os softwares usados no desenvolvimento de projetos arquitetônicos já possuem certos níveis de tecnologia. Segundo ele: “Nesses últimos três anos se popularizou ainda mais o uso da IA. Esse novo recurso tem auxiliando na representação dos projetos. Então a gente consegue gerar imagens realistas ou uma visão de um projeto a partir de uma descrição textual”.
Em complemento, o arquiteto e urbanista Heliomar Venâncio compartilha sua visão sobre a presença da IA na arquitetura: “Essa já é uma questão antiga. Uma dúvida que surgiu há 35 anos, quando os programas de computadores chegaram no mercado e se falava que com um simples aperto de botões no teclado teríamos o desenho pronto e resolvido. Não foi bem assim… Os computadores se tornaram uma grande ferramenta para os arquitetos, mas dependem muito, até hoje, da habilidade do operador para tirar o máximo dos programas.”
Ainda em estágio inicial, a IA na arquitetura é explorada mais por curiosidade do que por uma adoção sistematizada. Arquitetos movidos por uma oportunidade de diferenciação estão começando a perceber as inúmeras vantagens oferecidas pela ferramenta. Heliomar destaca como a IA pode amplificar a compreensão das necessidades dos clientes, traçar perfis detalhados e agilizar a coleta de informações essenciais.
Segundo os profissionais, as vantagens para quem sabe usar são inúmeras, como:
1- Traçar um perfil completo e necessidades do cliente e família pelas descrições na primeira entrevista. Dessa forma, é possível abastecer a máquina, o que ajudaria a compreender melhor as necessidades desse cliente.
2- Receber um um relatório completo de informações da carta solar, e inclusive legislações, fornecendo apenas o georeferenciamento do local onde o arquiteto irá desenvolver o projeto.
3 - Agilizar o planejamento das ações e fornecimento das primeiras imagens com a coleta de dados, servindo de briefing que orientará o projeto.
4 - Ajuda nas correções de projeto tendo como base o perfil do cliente e o local onde foram levantadas as informações.
Entre as utilidades práticas da IA, eles ainda destacam a capacidade de gerar relatórios completos sobre dados solares e legislações pertinentes, fornecendo uma base para o desenvolvimento de projetos. Além disso, a máquina pode transformar descrições verbais em imagens, permitindo que os arquitetos iniciem seus desenhos com base em representações visuais geradas pela IA.
Embora a tecnologia esteja totalmente imersa na esfera da curiosidade e seja pouco sistematizada, Heliomar fala sobre ser uma oportunidade única para os profissionais que souberem usar a tecnologia e inovação ao seu favor. “Hoje é muito acessível. Apesar de ainda estar no campo da curiosidade, eu enxergo uma grande oportunidade de diferencial entre os profissionais, principalmente pela tecnologia ainda não ter sido sistematizada por quase nenhum escritório no Estado.”
Neste cenário, a Arquitetura está em uma linha de inovação e transformação. A habilidade do arquiteto e o poder da IA oferecem novas possibilidades e diferenciais no setor. Quando se fala sobre a prática da nova tecnologia, Heliomar acrescenta como exemplo a descrição para a A de uma cena: "pessoa sentada em um sofá confortável vermelho com parede cinza ao fundo".
"A partir desse texto o computador irá gerar uma imagem similar, e com base nisso, o arquiteto irá iniciar o desenho, com uma simples troca de cores, ou do móvel, e claro, acrescentar mais elementos a agora sua criação, conforme a solicitação do cliente", complementa.
A acessibilidade das plataformas da IA englobam diferentes funcionalidades. O professor Alexandre Alves cita sobre algumas plataformas, como o Dall-E. "Ele gera imagens fantásticas! Além dele, temos visto outras plataformas on-line com muita diversidade. Acredito que a indústria como um todo está desenvolvendo essas inteligências para que sejam acessíveis”, diz.
Como exemplo, o professor traz o Museu Louvre em Abu Dhabi. "Esse projeto foi gerado com o auxílio da Inteligência Artificial. É uma modelagem que vai se adequando a diversas possibilidades. Esse é um exemplo focado muito na questão estrutural de iluminação", comenta.
*Laísa Menezes é aluna do 26º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação e edição de Karine Nobre.
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