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De revestimento a obras de arte: as novas tendências para rochas naturais

De revestimento a obras de arte: as novas tendências para rochas naturais

Peças que nasceram de reaproveitamento de rochas, possibilitadas pelas novas tecnologias, ganham espaço, conferindo exclusividade e personalização para os projetos, cada vez mais diferenciados

Publicado em 8 de fevereiro de 2023 às 15:52

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As borboletas foi o símbolo da coleção Cajugram assinado por Rômulo Pegoretti e Vivian Chiabay
Detalhe de parede de um dos estandes, com borboletas feitas a partir de rochas naturais. (Eduarda Moro)

O Espírito Santo é considerado uma das referências quando se fala em rochas naturais. E elas estão em evidência esta semana, com a realização da Vitoria Stone Fair 2023, que acontece, até a próxima sexta-feira (10), no Pavilhão de Carapina, Serra. O evento traz pedras raras como destaque e também as novas tendências, onde as rochas ornamentais vão ganhando cada vez mais destaque, inclusive, como obras de arte.

Prova disso é o artista italiano Federico Ferrarini, que desenvolveu duas peças de arte feitas a partir de rochas nacionais, que ficarão expostas, a partir de fevereiro, no palácio do governo da região do Vêneto, na Itália, até setembro. 

Federico, que bebe da arte contemporânea, também vê nas texturas da natureza uma verdadeira cosmologia. “A pedra é absoluta matéria do cosmo, um código antropológico da humanidade. Por isso, nosso objetivo com as rochas naturais é valorizar a extração da arte do que a natureza nos dá, e não encontrar arte na natureza”, garante.

Obras de arte, peças de banheiro e composições para ambientes estão entre os novos formatos e utilizações das rochas ornamentais(Karine Nobre)

O evento ainda conta com uma exposição de arte, com peças criadas por artistas, mostrando toda a versatilidade do material e também as diversas possibilidades que podem ser criadas, graças à introdução de novas tecnologias como o water jet, corte feito à base de água e insumos, que permite dar formatos mais orgânicos às peças, possibilitando desenhos diversos. 

Um dos exemplos, bastante fotografado durante o evento é um mural composto por peças de rochas ornamentais em formato de borboletas, desenvolvido em parceria com a artista Vivian Chiabay. O trabalho só foi possível ser feito por conta da utilização dessa tencologia, conforme explica o diretor da Cajugran, Valdecyr Viguini.

"O bloco de pedra sempre foi visto como matéria-prima para fazer pisos, lavatórios e bancadas. E temos buscado trabalhar  outros projetos, estimulando a consumir as pedras em outros ambientes, como painéis de TV com granito ou a entrada de lobby de um prédio. Já temos recebido pedidos para fazer trabalhos diferenciados", conta.

Infinitas utilizações

Stone Fair
Rochas expostas como verdadeiras obras de arte. (Karine Nobre)

Além disso, a aparência diferenciada de cada material em peças, como os veios e as tonalidades variadas, mostra uma infinidade de utilização em pisos, bancadas de cozinha, em projetos únicos, exclusivos e personalizados para o consumidor. É o que acredita o arquiteto e designer de interiores, Rômulo Pegoretti, responsável pelo desenvolvimento de alguns dos estandes na feira que utilizaram formatos diferenciados das rochas. 

“Sair do padrão, usar formas orgânicas e utilizar a peça da maneira mais bruta possível faz parte da chamada arquitetura vibracional, na qual as rochas são parte essencial da troca de energia nos ambientes onde elas são aplicadas”, explica Rômulo.

Ainda de acordo com o profissional, é um mito que as rochas naturais, no geral, não sejam resistentes. “É justamente a impressão de 'imperfeição' que elas transmitem para quem não entende a fundo sobre a rocha, que tornam essas peças exclusivas. Ao longo do tempo, essas linhas tomam diferentes direções e desenhos. Engana-se quem pensa que isso é imperfeição, pois é a natureza agindo”, frisa.

Já em outros estandes, viu-se a utilização dessas rochas em projetos diferenciados de cubas de pias e até mesmo banheiras, totalmente esculpidas em rocha, podendo adquirir um formato em estado bruto ou uma peça mais polida, de acordo com o que exige cada projeto, reforçando a exclusividade que a rocha ornamental garante. 

Convidados internacionais

Flávia Milaneze (no meio) com Raffaello Galiotto, Federico Ferrarini, o vice-presidente da Veronafiere, Matteo Gelmetti e Jesusleny Gomes, da esquerda para a direita
Flávia Milaneze (no meio) com Raffaello Galiotto, Federico Ferrarini, o vice-presidente da Veronafiere, Matteo Gelmetti e Jesusleny Gomes, da esquerda para a direita. (It’s Natural/Divulgação)

A feira também contou com a presença de convidados internacionais que também falaram sobre essas novas formas de se utilizar as rochas ornamentais em projetos.

Um dos grupos presentes foi convidado pelo projeto It’s Natural – Brazilian Natural Stone, realizado pelo Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), cujo objetivo é incentivar exportações de rochas ornamentais do Brasil.

Há visitantes dos Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Itália. Entre eles está Samuele Sordi, chief archtect officer da Pininfarina, um dos maiores e mais famosos estúdios de design do mundo, responsável, inclusive, pelo design da Ferrari e de outras marcas como Peugeot, General Motors, Alfa Romeo e Maseratti. 

Ele conta que ficou admirado com a variedade de cores e texturas das rochas nacionais. "As combinações são infinitas. É muita variedade e isso tem sido um processo de aprendizagem para mim. As cores diferentes das rochas brasileiras podem produzir não só projetos de revestimentos, como também resultados maravilhosos em obras de arte", diz.

O próprio artista  Federico Ferrarini está entre esses convidados, além da empresária ítalo-brasileira Jesusleny Gomes, que atua como relações públicas internacionais. Juntos, eles viajam para conhecer a relação antropológica de diversos povos ao redor do planeta com as rochas naturais, incluindo o Brasil.

Jesusleny comentou sobre a intuição artística de seguir a “estrada da pedra infinita”. Segundo ela, a arte gira o mundo, e quando aliado ao mercado de rochas, pode mudar a vida de comunidades inteiras.  

“Pedras têm voz, que transmite a história dos povos que cercam a pedreira. No Brasil, encontramos cores e texturas na natureza que só reforçaram que imperfeições são fruto da consciência humana, e não da Mãe Natureza”, conta.

Sustentabilidade

As cubas naturais são uma ótima opção para personalizar banheiros
As cubas naturais surgem como peças feitas para personalizar banheiros. (Eduarda Moro)

Outro ponto alto da Stone Fair 2023 foi o tema da sustentabilidade, palavra dita por muitos expositores presentes, que procuraram trazer o que há de mais atraente e sofisticado nos produtos com base nas formas desenhadas pela ação da natureza.

Foi o exemplo das cubas naturais expostas na mostra do Stone Master, de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado, que trouxe peças únicas com design que favoreceu a exoticidade das rochas na sua forma mais rústica.

“Somos a única empresa que produz cubas naturais em grande escala. O nosso diferencial é a preocupação com a sustentabilidade no beneficiamento da matéria-prima e reaproveitamento dos detritos para trazer projetos únicos para o cliente”, afirma o proprietário da Stone Master, Marcos Cipriano.

O quartzito também foi um dos destaques do encontro. Como não poderia ser diferente, a matéria coloca o Brasil no patamar de principal produtor dessa rocha, que é composta majoritariamente por quartzo e outros minerais, agregando alto valor comparado a outros materiais convencionais, que também tiveram espaço na 20ª edição da feira.

Para o CEO da empresa americana Wholesale Granite, Marco Antonio Guada, as pedras brasileiras são as mais lindas do mundo e ressalta a sua variedade, principalmente do quartzito, uma das mais conhecidas. Ele conta que cerca de 70% de seu estoque é composto de rochas do Brasil.

40 novas empresas

O evento tem um showroom de 30 mil metros quadrados e traz expositores de todo o Brasil e países como China, Espanha, Itália e Turquia. Também conta com a chegada de 40 novas empresas que estão participando, pela primeira vez e, de acordo com a organizadora da feira, a Milanez & Milaneze, a movimentação de negócios esperada é de R$ 1 bilhão. 

Vitória Stone Fair
Vitória Stone Fair, feira do setor de mármore e granito, no Pavilhão de Exposições de Carapina. (Carlos Alberto Silva)

Serviço

Vitoria Stone Fair 2023

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