A sustentabilidade e eficiência, quando combinadas, podem conquistar um espaço mais responsável ecologicamente para o seu imóvel, além de ser esteticamente agradável. Essa ação, chamada de design de interiores sustentável ou decoração ecológica, é uma abordagem muito procurada nos dias de hoje.
O designer de interiores Fernando Sotele define o conceito de decoração sustentável ressaltando os três princípios: reduzir, reciclar e reutilizar. “Essas três vertentes visam o baixo impacto ambiental, possibilitando projetos cada vez mais conscientes, funcionais, duradouros e de qualidade”, comenta.
“O sensorial é o que é percebido através dos sentidos. O espaço propõe uma conexão com a terra e com a nossa essência. Tons terrosos geram acolhimento, buscando soluções presentes dentro da cultura brasileira”, pontua Sotele sobre a conexão da sustentabilidade com a natureza, que também pode vir a ser uma opção.
Essa procura já é uma realidade entre os decoradores. O arquiteto e mestre em Arquitetura em Cidades Heliomar Venâncio comenta sobre como está a busca pelo design sustentável no mercado imobiliário: “Ambientes mais limpos são uma tendência muito forte. Hoje em dia está em alta trabalhar com peças atemporais em uma decoração que seja mais leve e que você não enjoe do ambiente, além disso, são peças com uma durabilidade maior”, diz.
Antes de pensar em repaginar toda a sua casa com alternativas ecológicas, vale lembrar que a sustentabilidade em um imóvel vai muito além de apenas optar por certos tipos de móveis e materiais. “O ambiente sustentável envolve toda uma questão além de apenas os móveis e artigos de decoração. Envolve uma questão de sol, vento, circulação de ar e até a quantidade de energia que certos aparelhos eletrônicos exigem”, acrescenta o arquiteto.
Criar espaços que sejam bonitos, funcionais e sustentáveis é um desafio. O profissional explica que, de início, a vontade de ter uma casa sustentável deve vir da própria conscientização da pessoa e ainda, deve se abrir à inovação. “Quando você resolve fazer alguma coisa sustentável você foge da caixinha, então você tem que buscar algumas coisas novas”, explica Venâncio.
O primeiro ponto a ser destacado é a redução do impacto ambiental. O mercado da construção civil utiliza muito de recursos naturais como matéria-prima, então, ao pensar em uma alternativa sustentável, você contribui para minimizar alguns efeitos.
Além disso, essa opção também contribui para o seu próprio bem-estar. Isso porque materiais sustentáveis geralmente são menos tóxicos, o que deixa o ambiente mais saudável para quem mora no lugar.
Venâncio exemplifica em como a saúde dos moradores pode ser afetada de acordo com a escolha dos materiais que são utilizados na decoração. Até a escolha da tinta pode afetar o organismo. “Se você conseguir fazer a pintura com base de água você tem mais qualidade no ambiente. Diferentemente da tinta de chumbo, a tinta com base de água agride menos o material, é menos pesada”, destaca.
Viver em um ambiente sabendo que suas escolhas foram inteligentes, gera, além do senso de responsabilidade, uma sensação de leveza. O designer de interiores Fernando Sotele complementa que, ao optar por um espaço voltado para esse conceito, é possível ter um estilo mais minimalista na sua casa, dando a ideia de que “menos é mais”.
“No minimalismo, fica somente o que é necessário. Isso é bom porque mantém um décor clean, sem tantos móveis e objetos no caminho. Aliás, essa é uma boa opção para ambientes pequenos, porque deixa tudo visualmente mais organizado e amplia o espaço de circulação. O “reutilizar” também pode aparecer na decoração minimalista por meio de móveis e objetos com mais de uma função. Esse é o caso de uma cama-baú ou de um sofá-cama, por exemplo”, comenta o arquiteto.
De início, quando se fala em sustentabilidade, o que vem na nossa mente é a reutilização do que já existe. O arquiteto Heliomar Venâncio orienta que é possível sim começar a partir desse conceito, pontuando e observando o que já existe no local, pensando em como remodelar e dar uma cara nova ao espaço. E claro, buscar orientação profissional.
“Quando uma pessoa pensa 'eu quero fazer um imóvel sustentável porque quero respirar um ar melhor dentro de casa', ela deve considerar contratar um profissional da área da arquitetura para dar uma orientação. O próximo ponto é aproveitar o que puder do mobiliário que já tem na casa. Então, a pessoa deve tentar ver o que pode aproveitar dentro do ambiente que já existe. Por exemplo, ela pode trocar o móvel de posição ou até mesmo fazer uma pintura, coisas assim já revigoram o ambiente”, explica.
A procedência dos produtos é importante, pois estes devem ser certificados de que são feitos com materiais que não agridam a natureza durante sua produção ou na aplicação do produto, como o caso de tintas, que devem ser à base d'água, alerta o arquiteto Heliomar Venâncio. Essas escolhas são o pontapé inicial para deixar a sua casa mais sustentável.
Móveis de madeira de reflorestamento ou de demolição são as melhores escolhas para uma decoração sustentável, pois evitam o desmatamento. No primeiro caso, o material é plantado exclusivamente para o corte. Já no segundo, é reaproveitado de outras obras ou mobiliário.
Fibras naturais, como linho e algodão, também contam com um processo produtivo que contribui para uma decoração sustentável. Além disso, são opções que tornam os espaços mais aconchegantes e convidativos, afirma o designer de interiores Fernando Sotele.
“Aposte em móveis e objetos vintage ou de segunda mão. Feiras de antiguidades são ótimas aliadas para quem quer uma decoração sustentável. É quase impossível falar de decoração sustentável sem trazer aquelas opções 'faça você mesmo', do inglês, 'Do It Yourself', o famoso DIY”, complementa Sotele.
Objetos em bambu podem criar detalhes, seja em itens decorativos, seja para o uso no dia a dia na cozinha em um escorredor de pratos, por exemplo.
Opte por itens artesanais e de produtores locais.
Por fim, Sotele traz a ideia do uso da tecnologia no design de interiores. Morar em uma smart home é outra alternativa para quem quer uma decoração sustentável. Afinal, a tecnologia pode ajudar a poupar energia elétrica e água, por exemplo. Além de trazer diversas facilidades para o dia a dia.
LAÍSA MENEZES é aluna do 26º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta e foi supervisionada pela editora adjunta do Estúdio Gazeta Karine Nobre.
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