Já diria Lavoisier, “na natureza nada se cria, tudo se transforma”, e apesar dessa frase ser aplicada a conceitos químicos, o significado pode representar outros processos de transformação. Na decoração, por exemplo, o descarte não precisa ser a única alternativa para aqueles móveis mais antigos, que além de serem ressignificados, podem ser utilizados por outras pessoas em uma prática já conhecida, mas que tem ganhado cada vez mais espaço na arquitetura: o garimpo.
E assim como a frase de Lavoisier foi ressignificada, o ato de garimpar, que na raiz está atrelado a exploração de metais preciosos, hoje pode representar a procura por peças que, aparentemente, perderam valor para algumas pessoas, mas em outros contextos podem dar um visual único ao ambiente.
Além, é claro, de ser um tipo de consumo consciente que aumenta a vida útil dos móveis e diferentes itens de decoração, como explica a arquiteta Gigi Gorenstein. Adepta da técnica, a especialista, inclusive, é responsável por uma plataforma, a Garimpo na Casa, que seleciona móveis e itens decorativos de qualidade por um valor reduzido.
“Montamos esse canal pensando nos móveis que são dispensados pelos meus clientes. Trabalhamos com peças de qualidade, atuais e, às vezes, assinadas por profissionais de referência”, pontua a arquiteta.
Gigi Gorenstein ainda explica que todo o processo de curadoria é avaliado pela equipe, que disponibiliza para venda apenas móveis e itens que foram verificados previamente.
“É a base de tudo. A sustentabilidade está envolvida no processo e ajudamos na ressignificação de um móvel e até na restauração do objeto”, comenta.
Mas além de peças contemporâneas, móveis que contam histórias e estão relacionados a memória afetiva dos moradores estão em alta. Isso porque as histórias que envolvem essas peças agregam personalidade e tornam o ambiente mais exclusivo.
O designer de interiores Regilano Dornellas conta que isso acontece, em especial, porque muitos desses móveis já não são mais encontrados no mercado.
“Nada supera a magia de objetos que contam histórias, como uma penteadeira que pertenceu à avó, um apoio de cabeceira que foi do avô ou uma cadeira de balanço com memórias entrelaçadas. São essas particularidades que enriquecem a experiência do cliente ao transformar uma casa em um verdadeiro lar”, reforça.
Para a arquiteta Jade Arantes, apesar de serem itens mais antigos, esses objetos conseguem renovar o ambiente.
“A memória afetiva é essencial na decoração. Hoje, nós passamos 90% do tempo em ambientes construídos e vivemos um padrão de consumo de descarte obsoleto das coisas, o que acaba afetando nosso emocional, porque não podemos nos descartar. É preciso renovar, repaginar dentro e fora e fazer isso com os móveis antigos é uma forma de ressignificar mantendo a memória afetiva”, avalia.
Dentre as principais peças na hora de garimpar para Jade Arantes, estão as cristaleiras e mesas e de acordo com Gigi Gorenstein, na plataforma Garimpo na Casa, os móveis mais procurados são: cadeiras, sofás, carrinhos para chá, mesas de centro e cristaleiras.
“Com certeza o garimpo combina com todos os estilos de décor. As peças antigas são muitas, mas existem peças compradas há um ano ou há 10, 20 anos... realmente atuais. O objetivo é usar uma peça que não será jogada fora”, finaliza.
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