O aluguel residencial em outubro registrou uma alta de 0,87%, mas permanece no quadro de desaceleração que vem sendo registrado nos seis meses anteriores: abril (+1,84%), maio (+1,70%), junho (+1,58%), julho (+1,37%), agosto (+1,30%) e setembro (+1,08%). Por outro lado, o índice FipeZap de Locação Residencial, realizado em 25 cidades brasileiras, manteve o seu reajuste acima de indicadores de preços tradicionais: IPCA/IBGE (+0,59%) e IGP-M/FGV (-0,97%).
No acumulado do ano, o índice ficou em 14,63% até outubro, variação que supera a inflação apurada pelo IPCA/IBGE (+4,70%) e pelo IGP-M/FGV (+5,58%) no mesmo período. O mesmo cenário se repete considerando os resultados mensais dos últimos 12 meses encerrados em outubro de 2022, quando o índice acumulou uma alta nominal de 16,30%, superando a inflação acumulada pelo IPCA/IBGE (+6,47%) e pelo IGP-M/FGV (+6,52%).
Um dos motivos para essa alta acima da inflação está na defasagem dos preços durante os períodos de isolamento social da pandemia, onde muitos proprietários mantiveram os valores para permanecer com os imóveis ocupados. No entanto, com o aquecimento da economia, o cenário tem mudado.
Da mesma visão é o vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Gilmar Pereira Custódio. Segundo ele, o período atual é de readequação do mercado.
“A pandemia foi ruim, principalmente para o proprietário, já que teve de fazer concessões ou correr o risco de ter o imóvel fechado. O que estamos observando agora é um período de recuperação ou de reequilíbrio da operação de locação imobiliária”, analisa.
Outro fator que pode ter pesado na redução do índice de locação foram as eleições gerais, que aconteceram em outubro. No entanto, o economista do DataZap afirma que não há como identificar o impacto dessa influência sobre os preços, já que o IPCA vinha em queda e o rumo natural do FipeZap Locação seria desacelerar.
“Claro que anos eleitorais e períodos de campanha tendem a injetar dinheiro na economia, via gastos públicos feitos de maneira estratégica pelos políticos incumbentes e também pelo próprio gasto com campanhas, o que impacta positivamente na renda das famílias. No entanto, esse tipo de efeito está espalhado durante todo o período de campanha e não se concentra nas datas dos pleitos (nem em seu mês)”, analisa.
Já o vice-presidente da Ademi-ES afirma que o mercado do Espírito Santo funciona de forma atípica quando comparado ao país. A começar pela oferta bem menor do que a procura e também pela retração do mercado de lançamentos observada antes e depois do período eleitoral.
“Isso também levou a uma retração da locação, que viu a demanda cair. Mas com relação ao comportamento de reajustes, o cenário no Espírito Santo não é muito diferente do restante do país. Pouca oferta, muita demanda nas áreas nobres e em todos os padrões de imóveis”, acrescenta.
Sobre a expectativa para o final do ano e início de 2023, Custódio avalia que deve haver um crescimento da demanda relacionada a novos estudantes e famílias chegando na Grande Vitória. “Isso, sem contar com a locação típica neste período do ano, que é a de veraneio, mas ela se diferencia da locação para moradia”, diz.
Com relação ao aumento de preços, o economista do DataZap Pedro Tenório afirma que a tendência é de manter a desaceleração, a exemplo do que tem sido registrado nos últimos seis meses.
“Uma vez que se esgotaram os motores da surpreendente melhora do mercado de trabalho. Portanto, a expectativa é de que as variações mensais para os próximos meses diminuam aos poucos, embora ainda se mantenham em terreno positivo”, afirma.
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