Com o valor do Custo Unitário Básico de Construção (CUB) estabilizado nos últimos seis meses (R$ 2.341,15 em janeiro), o custo das obras tem acompanhado essa tendência, dando a sensação de estabilização dos preços, principalmente para quem está pensando em comprar um imóvel nos próximos 12 meses.
Essa perspectiva foi ressaltada na pesquisa Raio-X FipeZap, que mostrou uma queda na quantidade de futuros compradores que projetavam alta nominal no valor dos imóveis: de 41%, no 4º trimestre de 2021, para 33%, no quarto trimestre de 2022.
Para o consultor imobiliário Juarez Gustavo Soares, essa percepção de preços mais estáveis ou com aumentos mais desacelerados tem boa parte de sua origem na estabilização do custo da construção. Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES) mostram que a variação média de agosto a dezembro de 2022 ficou em torno e 0,44%, vindo de uma sequência de variações abaixo de 1%.
“A inflação da construção se arrefeceu no segundo semestre de 2022, estabilizando os preços com relação aos parâmetros do final de 2020 e início do ano passado, no período da pandemia, quando todos os custos aumentaram muito. Portanto, essa percepção de estabilização dos preços pode ser real, em relação ao custo”, observa Soares.
Ao mesmo tempo, a percepção em relação aos preços atuais dos imóveis classificados como “altos ou muito altos”, segundo a pesquisa, ficou em torno de 75% no mesmo período, estabelecendo o maior percentual do trimestre desde 2015, período em que essa percepção foi compartilhada por 76% dos entrevistados.
Segundo o economista do DataZAP+ Pedro Tenório, o relatório mostra um aumento importante daqueles que responderam que “não sabem o que acontecerá com os preços, sinalizando aumento de incerteza. No último trimestre de 2022, não vimos aumento da Expectativa Agregada de Preços, tanto para longo quanto para curto prazos.”
Para ele, as séries históricas de Expectativa de Preço no curto prazo, assim como no longo prazo, revelam que "é sistemático o fato de compradores de imóveis terem perspectivas mais positivas para os preços do que os potenciais compradores."
“Isso acontece por causa do que chamamos de viés de seleção: justamente por crerem que os preços aumentarão mais, os compradores se adiantam na compra, gastando menos e tendo maior valorização do seu patrimônio. Como os demais agentes têm perspectivas menos positivas para os preços de imóveis, eles não precisam se apressar para realizar a transação”, analisa.
Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região (Creci-ES), Aurélio Capua Dallapicula, a sensação de desaceleração existe, mas não a de queda de valores. Segundo ele, pelos números, o mercado indica para os próximos meses que a alta existe.
“A demanda é maior do que a oferta, e sempre existe uma permanência de alta. Por tradição, esse período não é de maior valorização imobiliária, então, deve se manter essa sensação, mas com pequena alta”, complementa.
Um dos fatores responsáveis pelos aumentos sucessivos do CUB registrados entre o último semestre de 2021 e o primeiro de 2022 foi a escassez de insumos, que atingiu toda a indústria, incluindo a da construção civil. Por outro lado, além do CUB, outros fatores também são responsáveis pela alta de preços nos imóveis, tendo, entre os principais, a oferta e a demanda, escassez de terrenos e as inovações incluídas no projeto.
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