Comprar um imóvel é o objetivo de 33% dos brasileiros que têm investimentos financeiros, segundo dados da edição 2024 doRaio-X do Investidor, levantamento produzido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital (Anbima) em parceria com o DataFolha.
Ainda que esteja no topo da lista de desejos, a casa própria representa muito mais do que segurança financeira, patrimônio sólido, renda ou diversificação da carteira de investimentos. A verdade é que os brasileiros têm uma relação afetiva e de apego com o lar.
“A casa, além de ser reflexo de uma época e de costumes, influencia a qualidade de vida das pessoas. É muito mais do que um lugar para se morar, é o lugar onde memórias, identidades e sonhos são construídos”, diz Flávia Iankowski Claro Pereira, arquiteta, urbanista e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniCuritiba – instituição que integra a Ânima Educação.
O tema é tão pertinente que ganhou até um capítulo especial no Censo de Moradia Quinto Andar. O estudo mostra o que os brasileiros gostam de fazer em casa e por que valorizam esse patrimônio. Cozinhar e receber amigos lideram esse ranking . Cuidar de plantas e enfeitar a casa com flores vêm logo na sequência.
“A casa é um refúgio, um lugar de pertencimento, um espaço onde vidas se desenvolvem”, complementa Cristiane Martins Baltar, arquiteta, urbanista e professora da UC (unidade curricular) de Projeto de Habitação do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniCuritiba.
O conceito de lar para os brasileiros é rico, carregado de significados e varia de pessoa para pessoa, já que é moldado por fatores como cultura, história e experiências individuais. “A maneira de os usuários reconhecerem esse espaço como um lar aconchegante passa também pela arquitetura e o design, áreas que contribuem por meio de formas, cores, quantidade e qualidade de luz, entre outros fatores”, ressalta Flávia Pereira.
De acordo com Cristiane Baltar, uma arquitetura bem-feita atende às demandas de ergonomia, usabilidade e necessidades dos usuários, tornando os espaços mais agradáveis. “Não podemos esquecer que a casa é o reflexo da sociedade e se modifica de acordo com a cultura, a tecnologia e os costumes. À medida que a sociedade evolui, os espaços residenciais também se transformam”, afirma.
Os motivos para que os brasileiros valorizem tanto sua própria casa vai da sensação de segurança, proteção, refúgio, pertencimento e acolhimento à valorização de tradições e à construção de um ambiente de múltiplas memórias, histórias e expressão da personalidade.
Para as professoras do UniCuritiba, existem ainda outras explicações. Como espaço de convivência e afeto, o lar permite que as relações interpessoais sejam aprimoradas, servindo para o compartilhamento de experiências, celebração de momentos importantes e reforço de laços afetivos. “Outro componente está ligado aos sonhos, aspirações e ao status social. A casa representa, para muita gente, a certeza de sucesso e de qualidade de vida”, finaliza Flávia Pereira.
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