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Governo negocia acordo sobre taxação de fundos imobiliários, diz Haddad

Governo negocia acordo sobre taxação de fundos imobiliários, diz Haddad

O chefe da equipe econômica assegurou a representantes do mercado imobiliário que o governo não tem a intenção de taxar operações de fundos de investimentos com títulos imobiliários

Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 14:41- Atualizado há 2 meses

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A remuneração pela gestão dos fundos formados por títulos de valores mobiliários, como debêntures e títulos públicos, é tributada pela reforma. (Shutterstock)
NATHALIA GARCIA E ADRIANA FERNNANDES

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está negociando um acordo para solucionar o impasse sobre a taxação de fundos imobiliários após veto em trecho de projeto que regulamentou a reforma tributária. Na semana passada, o chefe da equipe econômica assegurou a representantes do mercado imobiliário que o governo não tem a intenção de taxar operações de fundos de investimentos com títulos imobiliários e que vai mexer no texto da reforma.

O Congresso Nacional havia incluído na reforma uma cláusula isentando FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) e Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio) da tributação sobre operações com bens imóveis. No entanto, o governo vetou esse trecho, alegando que ele constituía um benefício fiscal não previsto pela reforma.

"Conversei com o deputado Arnaldo Jardim ontem [segunda], que é uma pessoa muito interessada no tema e se colocou à disposição, porque houve um acordo que nós fizemos já em relação ao fundo imobiliário e vamos falar com o pessoal do agro para harmonizar a lei complementar com o que diz a Constituição", diz.

"O veto se deveu ao fato de que havia uma desarmonia entre o texto da lei complementar e da emenda constitucional, nós encontramos uma solução de harmonizar o que, segundo relatos dos interessados, contempla os dois setores", acrescenta.

Haddad disse que vai tratar do encaminhamento da questão com o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). "Eu vou discutir com o presidente Hugo Motta. Primeiro, vou expor a ele o problema, os detalhes técnicos do problema e, segundo, que nós vamos poder encaminhar da maneira como ele achar mais conveniente", afirma.

O secretário extraordinário de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, disse à Folha de S.Paulo que o governo está totalmente aberto ao diálogo para encontrar junto com o Legislativo uma solução para os vetos. Segundo ele, o ajuste no texto poderá se dar por meio de um outro projeto de lei complementar de um parlamentar ou mesmo numa nova proposta a ser apresentada pelo governo.

Appy fez questão de ressaltar que o veto aos FIIs e Fiagro foi um pedido pela área jurídica, que considerou inconstitucional a definição de que os fundos seriam não contribuintes dos impostos criados pela reforma dos tributos do consumo.

Novos impostos

A reforma criou o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), a ser cobrado pelos estados e municípios, e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de responsabilidade da União. "Não foi [o pedido] pela minha Secretaria nem pela Receita Federal. Foi pela PGFN [Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional] e AGU (Advocacia-Geral da União]", informa.

 "A área jurídica entendeu que definir que um fundo de investimento é não contribuinte é o equivalente a dar um benefício fiscal. Portanto, um benefício não previsto na emenda constitucional da reforma", ressalta.

O secretário de Haddad ressaltou que, na reforma tributária, todos os benefícios têm que estar previstos na emenda constitucional, e ponderou que a regulamentação tem que estar dentro desse escopo. Appy explicou que a remuneração pela gestão dos fundos formados por títulos de valores mobiliários, como debêntures e títulos públicos, é tributada pela reforma. Mas os rendimentos não estão sendo tributados. "Tem gente que avalia que o veto abriu a possibilidade de ser tributado. A gente entende que não", afirma.

A ideia em discussão é deixar claro na lei que não afeta as aplicações de fundos em títulos de valores mobiliários. Esse é outro ponto em discussão com os parlamentares. Entre eles, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), citado por Haddad.

Jardim é uma das lideranças do movimento no Congresso, que cresceu nas duas últimas semanas, para derrubar os vetos do presidente Lula. Ele tem feito a interlocução com ministros do governo e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

A reunião de Haddad com Lula ocorreu um dia depois de o presidente ter recebido Hugo Motta e o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O Palácio do Planalto não quer que o tema se transforme num impasse às vésperas da votação do Orçamento de 2025.

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