Fundado em 22 de agosto de 1833, Linhares é um município localizado no Norte do Espírito Santo e conhecido como a cidade das águas, em razão da grande quantidade de lagoas e rios na região, como a Lagoa Juparanã e a Lagoa de Palmas. Destaca-se também na extensão territorial, sendo a maior do Estado. E o seu crescimento econômico tem feito com que o mercado imobiliário busque sua expansão para o município, que tem se tornado uma das apostas mais fortes para novos empreendimentos residenciais e comerciais, principalmente de alto padrão.
Conforme explica o vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado do Espírito Santo (Ademi-ES), Alexandre Schubert, Linhares vem recebendo diversos loteamentos e incorporações, em especial na área central e norte da cidade. “É o que a gente tem visto, principalmente, nos últimos dois anos. A expectativa é que a expansão continue, em especial a partir do ano de 2024, quando se espera uma estabilidade política e econômica plena”, avalia.
Outra área que tem registrado grande crescimento é a de galpões logísticos, segundo o corretor Ramiro Helmer, da Helmer Imóveis. Ele conta que Linhares vivencia uma procura grande de imóveis comerciais, como polos e galpões, em especial para indústrias e logística. “Tanto para aquisição quanto para locação, percebemos uma demanda que cresce em razão dos bons índices desse eixo na economia linharense”, conta.
O vice-presidente da Ademi-ES lembra que após a crise de 2016 não ocorreu grandes lançamentos na cidade, mas, felizmente, o cenário mudou ao longo do tempo: “Nos anos em que a pandemia estava mais grave, os números, em compensação, foram fantásticos. As pessoas que moravam na Região Metropolitana da Grande Vitória procuraram progredir na melhoria de moradia por causa do isolamento social e foram em busca de um segundo imóvel para ficar nos finais de semanas e fazer home office, e muitos foram para Linhares”, analisa.
O engenheiro e diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Romerio Gava, também concorda com essa realidade, trazida durante o período de isolamento social. "Na pandemia, as pessoas procuravam apartamentos e casas para alugar por temporada em Linhares, mas acabaram ficando por aqui", conta.
Ele lembra, ainda, que outro fator que influenciou esse cenário foi a ação do poder público municipal nas gestões dos últimos cinco anos: “Vimos um esforço dos conselhos de desenvolvimento urbano municipal, que desempenharam um importante papel para acelerar o processo de expansão urbana na região para facilitar, em especial, a aprovação de loteamentos.”
Ele explica que os conselheiros municipais precisaram tomar esse tipo de iniciativa porque era comum ver diversos loteamentos clandestinos. "Para ajudar na aprovação de novas áreas urbanas, foi necessário investir em infraestrutura para baratear os custos desses lotes para atrair as classes C e D. O que aconteceu, no entanto, é que os preços continuaram altos, em média, R$ 2 mil por metro quadrado”, conta.
O corretor Robertinho Mauri afirma que o município está na rota dos grandes investimentos empresariais, o que acaba acarretando também investimentos imobiliários. "Tanto no econômico quanto no alto padrão, movimentando o mercado de ambas as formas", complementa.
Por conta da grande procura por imóveis, principalmente loteamentos, Linhares viu-se diante de uma grande demanda, que, segundo o diretor regional do Sinduscon-ES, contribuiu pela maior procura de empreendimentos de alto padrão. “Esse fator, aliado aos juros altos e à falta de procura por financiamento, aumentou a demanda por imóveis sofisticados e confortáveis, e a previsão é de que esse cenário de procura continue”, frisa.
A Mosquini Engenharia, por exemplo, é nativa de Linhares e atua no mercado imobiliário de médio e alto padrão há 15 anos. “No momento apostamos em imóveis com valor médio de R$ 500 mil a 700 mil”, informa Vagner Mosquini, sócio da empresa.
Na avaliação dele, um dos desafios na cidade é encontrar terrenos bem localizados com preço viável financeiramente. Isso, na visão dele, porque a oferta desses produtos não consegue atender o público no momento.
Atualmente, a maioria dos empreendimentos comercializados em Linhares vão do econômico ao médio padrão. “Em diversas ocasiões, encontramos pessoas que já têm uma direção do que querem comprar, mas existe aquele público que tem um sonho definido: ter um imóvel de alto padrão. Mas nem todos têm a condição de adquirir. Com o programa Minha Casa Minha Vida, a tendência é que a procura por imóveis econômicos aumente”, sinaliza o corretor Robertinho Mauri.
Ele enxerga também que, com as novas mudanças do programa Minha Casa Minha Vida, no que se refere à Faixa 1, que retorna agora contemplando famílias com renda até R$ 2.640, a tendência é que esse perfil procure pelo financiamento por meio do programa do governo.
O representante do Sinduscon-ES, Romerio Gava também concorda com esse cenário: "Queremos beneficiar também a classe mais baixa, em especial com a reformulação do programa Minha Casa Minha Vida. O Sinduscon continua trabalhando para a participação ativa da interiorização e regionalização do Espírito Santo”, afirma.
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