Alguns dos principais impactos da pandemia da Covid-19 estão nas mudanças de comportamento das pessoas, seja nos hábitos de higiene, seja na dinâmica de trabalho com a popularização do home office. Entretanto, com a volta para o escritório, o mercado de imóveis comerciais no Brasil e espirito Santo volta a reaquecer.
De acordo com um levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado em março de 2023, apenas em 2021, mais da metade das empresas entrevistadas (57,5%) afirmaram ter adotado o home office. Já em outubro do ano passado, esse número caiu para 32,7%.
Esse cenário também pode ser comprovado pelo Índice FipeZap, que, considerando as cidades monitoradas, registrou uma de 6,37% nos últimos 12 meses no valor de locação de imóveis comerciais no país. A diretora da MZI Incorporadora, Rachel Menezes, explica que, se antes a cultura mercadológica era uma demanda por consultórios e salas menores, hoje a dinâmica tem mudado e a busca por espaços mais amplos têm sido cada vez mais expressiva.
De acordo com a especialista, esse fenômeno ocorre, principalmente, porque as empresas mais engajadas querem visuais mais modernos e atrativos para os colaboradores, que tragam espaços de descompressão para trocas diárias e ambientes mais criativos.
“No Espírito Santo, tivemos uma devolução de espaços comerciais por parte das empresas que passaram para o trabalho remoto, mas o que vemos hoje é uma retomada que, na minha visão, teve início há um ano e meio mais ou menos. Entretanto, é claro que estamos falando também de um mercado que precisa voltar a ter unidades e, por isso, necessitamos de um tempo de ajuste e maturação”, assinala Rachel Menezes.
No primeiro semestre de 2017, havia 1.879 unidades comerciais em produção no Estado, segundo o Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), gerando uma oferta de torres de escritórios entregues nos últimos anos na Grande Vitória, com destaque para Enseada do Suá e Jardim Camburi, na Capital; Praia de Itaparica e Praia da Costa, em Vila Velha; e região de Laranjeiras, na Serra.
Desde então, esse número caiu consideravelmente. Para se ter uma ideia, o levantamento apontou que, no primeiro semestre de 2019, a quantidade de unidades comerciais em produção no Estado era de 728. Já nos primeiros seis meses deste ano, apesar das novas demandas da pandemia e da retomada do trabalho presencial, foram contabilizadas 110 unidades em produção.
Para quem busca investir no setor e tem pressa, há opções. A MZI Incorporadora, por exemplo, conta com o Ventura Office, em Morada de Laranjeiras, na Serra, com salas comerciais em frente ao Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves. Já a Canal Construtora tem salas prontas no Canal Office Tower, em Itaparica, próximo à sede da prefeitura.
Mas os dados do Censo Imobiliário também apontam um cenário promissor para o próximo ano, já que novas unidades devem ser lançadas para atender a essa demanda do mercado, pois o estoque, comparado ao de anos anteriores, está reduzido.
O diretor-executivo da Canal Construtora, Patrick Klein, confirma que há uma escassez de produtos no Estado. Ele pontua que, mesmo para empresas que não tenham retornado completamente ao trabalho presencial, o modelo híbrido também exige um espaço físico, o que tem tornado as expectativas ainda mais positivas para os próximos meses.
“O Espírito Santo está entre os Estados que mais crescem no país. Com todo o desenvolvimento que estamos vivendo, essas empresas que têm investido aqui vão demandar novos e modernos empreendimentos comerciais”, prevê.
É de olho nesse cenário que a Proeng já prepara novos lançamentos para esse mercado. De acordo com o diretor-geral da empresa, Antonio Gonçalves, para o próximo ano é esperado um empreendimento totalmente comercial, com lojas no térreo, na Praia do Canto, em Vitória.
Historicamente, o mercado de lojas e salas comerciais atrai investidores, já que muitas empresas não têm interesse em adquirir um imóvel próprio, optando pela locação. Afinal, existem a possibilidade de crescimento do corpo de colaboradores e das demandas da instituição e a necessidade de se reajustar o tamanho do espaço.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região/ES (Creci-ES), Aurélio Cápua Dallapícula, explica que as salas são opções mais acessíveis em comparação a espaços mais amplos, como galpões, o que permite um retorno financeiro, seja por meio do aluguel, seja por meio da venda.
“As salas comerciais, normalmente, são procuradas por profissionais liberais, pequenas empresas e startups. No entanto, para rentabilidade, têm dividido espaços com os coworkings, o que implica a redução da demanda e a valorização do imóvel. Independentemente do caso, é importante sempre considerar fatores como localização, infraestrutura do prédio e tendências de mercado para tomar a decisão de investir em salas comerciais”, orienta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta